Portuguese English French German Italian Russian Spanish
Início > Artigos > Donald Trump está na contramão da história

Donald Trump está na contramão da história

 

Não sei se foi Hitchcock ou John Ford que aconselhou os jovens cineastas, ao fazerem seus filmes, que só teriam sucesso se colocassem na trama um vilão tamanho família para fazer contraponto aos mocinhos. Na recente eleição presidencial nos EUA, foi fácil criar esse vilão, desses que matam e esfolam a mãe para comê-la com batatas fritas.

O eleitorado norte-americano e a mídia internacional criaram esse vilão na polêmica pessoa de Donald Trump. Bem verdade que o bandido de plantão parece reunir os males feitos que irritaram grande parcela da sociedade universal. Desde a franja dourada em sua testa, até a extravagante ideia de construir um muro isolando os Estados Unidos do seu vizinho mais problemático, que é o México.

Quanto à franja cobrindo sua testa, copiou de um dos três patetas, por sinal o mais idiota de todos.

Quanto ao muro, ele segue a tática indecente que foram os muros isolando Berlim Oriental da Berlim Ocidental, uma vergonha que, por sinal, foi destruída pelo povo. Outro muro tentou separar palestinos e judeus. O presidente Kennedy não construiu um muro separando Cuba da Flórida, mas decretou um truculento bloqueio contra a ilha caribenha.

Na antiga União Soviética, a Ucrânia continua criando problema com Moscou. O Muro que Trump pretende é um recurso anacrônico protegendo os Estados Unidos dos refugiados mexicanos. Como se vê, o atual presidente eleito pelos norte-americanos está na contramão da história. Nem mesmo o exemplo de Barack Obama, suspendendo o bloqueio de Cuba, contradiz a possibilidade de eliminar um dos seus pontos dolorosos que envergonham o mundo moderno.

Descontando o terrorismo, Trump se candidata a se tornar o vilão de um filme que teve em Bin Laden um nefasto precedente. 

Folha de São Paulo (RJ), 15/01/2017