No Império Romano, mostram-no as lápides funerárias da época, as pessoas (os ricos, bem entendido; para os pobres não havia túmulos) podiam esperar viver em média 30 anos. Dois milênios depois, a situação não tinha melhorado muito. Em 1900, a expectativa de vida na Europa era de 45 anos, e, no Brasil, menor ainda: 33,4 anos. Hoje, segundo os dados do IBGE, os brasileiros de ambos os sexos podem esperar viver 73,1 anos. Em termos de expectativa de vida, o Brasil ultrapassa China, Colômbia, Paraguai e Rússia, mas ainda está atrás de Argentina, México e Uruguai. Paralelamente, com a diminuição da natalidade (coisa que, segundo os catastrofistas, jamais ocorreria), há um aumento das camadas mais idosas da população. O Brasil está envelhecendo, como de resto o mundo todo, e isto acontece principalmente na Região Sul. Com uma expectativa de vida de 75,5 anos, o RS está em terceiro lugar no Brasil, atrás apenas do Distrito Federal e de Santa Catarina. As consequências práticas disso já se fazem sentir, por exemplo, na questão da aposentadoria, cujo cálculo certamente vai mudar. Mas temos de pensar também em como será a nossa vida neste novo cenário. Que aliás era previsível. Lembro aqui os trabalhos do pesquisador norte-americano Edward Fries; segundo ele, graças à medicina preventiva, as pessoas envelheceriam com mais saúde, sem doenças, e acabariam morrendo sadias, por assim dizer. A morbidade seria assim “empurrada” para fases cada vez mais tardias da existência. E isto de fato ocorre. Várias pesquisas mostram que a percentagem de idosos com limitações físicas vem diminuindo e pode diminuir mais, com um estilo de vida adequado. Uma palavra-chave para isto é exercício. De um lado, o exercício físico, cujos benefícios ficam a cada dia mais evidentes. De outro lado, o exercício mental, que serve para manter o nosso cérebro funcionando, através da leitura, de “desafios” como palavras cruzadas – e da computação: através do computador as pessoas aumentam seus contatos sociais, suas fontes de informação. Além disso, o trabalho hoje está grandemente informatizado, e os idosos devem pensar em continuar trabalhando, primeiro porque isso faz bem à pessoa, e depois porque é uma tendência já bem definida; nos Estados Unidos, o número de empregados com mais de 55 anos aumentará em 50% na próxima década, passando de 27 para 39 milhões de pessoas. E no Brasil estão surgindo muitas iniciativas neste sentido: em Curitiba, a prefeitura está treinando idosos para atuarem como agentes de trânsito, orientando pedestres e motoristas sobre sinalização e faixas de segurança. Em várias cidades, policiais aposentados que retornam à ativa são cada vez mais comuns. Um bom estímulo neste sentido seria a revisão da aposentadoria de quem permanece trabalhando. Não, não dá para parar. E se vocês querem um exemplo, peguem o do arquiteto Oscar Niemeyer, que no próximo dia 15 faz 103 anos. Ele continua ativo e se reinventa: em homenagem à data compôs um samba que diz: “Minha vida vai ser diferente: camisa listrada, sandália no pé/ andar na praia, vou fazer toda manhã./ Até moça bonita vai ter/ se Deus quiser”.