O próximo dia 20 assinala o centenário de falecimento de um grande escritor, o russo Leon Tolstói, autor de obras primas como Guerra e Paz e Anna Karenina, romances monumentais. Mas Tolstói também escreveu textos mais curtos, e entre eles está A Morte de Ivan Ilitch, por muitos críticos considerada a novela mais perfeita da literatura, uma história que deveria ser lida por todas as pessoas e, em especial, por médicos e estudantes de medicina (há uma excelente edição de bolso da nossa L&PM).
Conta a história de Ivan Ilitch, membro do judiciário de São Petersburgo, uma história que, sabemos pelo título, terminará com a morte do protagonista. Mas isto não é importante. Importante é a vivência da enfermidade que, para o arrogante Ivan Ilitch, se constituirá num suplício pior que o da própria agonia.
Gravemente doente, Ivan Ilitch consulta médicos que o atendem de forma distante e autoritária, a tal ponto que, numa das consultas, ele se sente como um réu diante do tribunal. Colegas e a própria família também o tratam de maneira indiferente, quase hostil. A única pessoa que o ampara é um empregado, um camponês semi-ignorante que, no entanto, se compadece do sofrimento do patrão e procura ajudá-lo. Ivan Ilitch descobre que sua vida foi despida de sentido, que suas relações com outros seres humanos eram superficiais.
Somente um profundo conhecedor da alma humana como foi Tolstói seria capaz de, em poucas páginas, resumir de maneira tão fantástica o drama da existência diante do fim próximo. Particularmente importante é a questão da relação médico-paciente. Naquela época, a medicina ainda não tinha chegado à sofisticação tecnológica que hoje é a regra e que aos poucos vai deslocando os aspectos humanos da prática médica. Neste sentido, podemos dizer que Tolstói foi profético. E esta é mais uma razão para lê-lo.
O dr. Carlos Alberto Feldens, do Programa de Pós-Graduação em Odontologia da Ulbra, viu sua tese de doutorado sobre alimentação infantil e cáries ser agraciada com o Prêmio Capes para a melhor tese de doutorado em Saúde Coletiva/Saúde Pública/Epidemiologia do Brasil. E o dr. Mario Leyser, comentando o texto sobre a carência de pediatras no Brasil, diz: “O pediatra, na cabeça dos responsáveis, fica em plano secundário porque falar sobre as vantagens do leite materno, mamadeiras, vacinas, cuidados mínimos, alimentação adequada ou prevenção das doenças, isso não dá prestígio.”
Zero Hora (RS), 20/11/2010