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Artigos

  • Guerra de narrativas

    O Globo, em 14/12/2021

    A verdade, como definiu o austríaco Karl Popper, é inalcançável, o mais perto que se chegue dela é insuficiente. Mas é possível saber quando se apresenta o falso. Outro dia, Ruy Castro escreveu sobre a mudança no sentido das palavras nos dias de hoje, e a mais política delas é “narrativa”, que ganhou a conotação de uma versão falsa sobre determinado assunto. Pois estamos em meio a uma guerra de narrativas na disputa presidencial, que se tornará cada vez mais acirrada à medida que a campanha eleitoral acelere.

  • Moro com estrutura e dinheiro

    O Globo, em 12/12/2021

    Os últimos dias deste ano podem reservar uma definição importante na corrida presidencial a partir do anúncio do União Brasil de apoio à candidatura do ex-juiz Sérgio Moro. Fruto da junção do Democratas (DEM) com o PSL, o novo partido, assim que tiver a autorização para funcionamento do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), estará apto a oferecer a Moro, do Podemos, uma estrutura financeira e capilaridade nacional, 

  • Triângulo nada amoroso

    O Globo, em 09/12/2021

    Um roteirista de criatividade mediana poderia imaginar uma disputa entre o ex-presidente preso e o seu juiz algoz, e estaria de bom tamanho, compatível com as voltas que o mundo dá. Mas acrescentar a essa trama um terceiro personagem, o atual presidente da República, eleito por ter se tornado o símbolo do combate à corrupção petista, transformado ele mesmo em alvo de investigações as mais variadas de corrupção, aí já é preciso ser muito criativo.

  • Líder de fancaria

    O Globo, em 07/12/2021

    O presidente Jair Bolsonaro empenha-se diariamente em desmontar a frágil institucionalidade brasileira, por palavras e atos. Muitas dessas atitudes são pura falta de educação, mas a maioria delas reflete uma necessidade de controle autoritário dos órgãos públicos com fins pessoais, sejam eleitorais ou simplesmente em defesa de interesses próprios.

  • Contrastes brasileiros

    O Globo, em 05/12/2021

    O desmonte do Teto de Gastos, que vai passando no Congresso com a aprovação da PEC dos Precatórios para financiar um programa social que nasce em ano eleitoral sem sustentabilidade financeira nem projeto definido, implode a última âncora fiscal vigente, contrapondo a esta desastrada gestão das contas públicas na esfera federal uma realidade subnacional caracterizada pela boa gestão das contas de diversos governos e que não expressa subserviência a ideologias - passa pela tradição de bons governos tucanos em São Paulo e pela mudança pela qual está passando Alagoas sob a gestão emedebista; vai desde Goiás, comandada pelo DEM, até governos do PT na Bahia, no Ceará e no Piauí.

  • A habilidade de Moro

    O Globo, em 02/12/2021

    Não há mais a menor dúvida de que o surgimento de Sergio Moro como pré-candidato à Presidência da República pelo Podemos provocou, no mínimo, um toque de alerta nos até agora favoritos, o ex- presidente Lula e o presidente Bolsonaro. Os dois se preparam para lutar entre si, cada um achando que o outro é o adversário mais fácil de ser derrotado.

    Basta ver que tanto petistas quanto bolsonaristas escolheram Moro como alvo principal da campanha que finge não ter começado ainda, mas está a pleno vapor, comendo etapas num processo acelerado. O PT começou um movimento para garantir a eleição de Lula no primeiro turno, igualando Moro a Bolsonaro, e aí mora o perigo.

  • Fato novo

    O Globo, em 30/11/2021

    O que parecia apenas um balão de ensaio está se transformando em fato político relevante. Ao abrir caminho para aceitar ser vice-presidente na chapa de Lula, o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin não apenas se vinga de seu arqui-inimigo João Doria, como permite que Lula dê a guinada para o centro que era esperada e parecia ter sido superada pela ala radical do PT que defende ditaduras como as de Maduro na Venezuela e Ortega na Nicarágua.

  • Espaço para a 3ª Via

    O Globo, em 28/11/2021

    Com a disputa pela presidência da República em processo acelerado, que começou na verdade há mais tempo, provocado pelo próprio Bolsonaro, que ganhou a eleição prometendo acabar com a reeleição e saiu das urnas já candidato a ela, é importante ter um olho no futuro para avaliar os diversos cenários em que nos moveremos  daqui a um ano.

  • Brecha na polarização

    O Globo, em 25/11/2021

    Nos tempos pré-internet, eram três os pilares das “estruturas de poder” que viabilizavam uma disputa eleitoral exitosa para presidente da República: as oligarquias nos grotões, os pastores pentecostais e políticos populistas na periferia e a classe média urbana escolarizada. Esses grupos influenciavam as eleições desde a redemocratização, e foi por isso que Fernando Henrique procurou o PFL, não apenas para governar, mas para vencer a eleição, pois o partido era formado pelas oligarquias nos grotões.

  • Refém do Congresso

    O Globo, em 23/11/2021

    O presidente Bolsonaro chegou a uma encruzilhada na sua relação com a base parlamentar, em especial com os partidos do Centrão, mas também com o PSD de Gilberto Kassab, que trabalha para montar um partido tão forte que seja impossível igno-rá-lo na composição de um futuro governo, que, ele garante, não será de Bolsonaro.

  • A diversidade da ABL

    O Globo, em 21/11/2021

    As últimas três semanas culturais foram dominadas pelas eleições para a Academia Brasileira de Letras, exemplares da diversidade cultural da sociedade brasileira, que a ABL sempre procurou espelhar. Desde sua fundação, que no próximo ano fará 125 anos, a ABL definiu-se como uma agremiação dos “notáveis”, não apenas de literatos, assim como a Academia Francesa.

  • Luz no caminho

    O Globo, em 18/11/2021

    O economista Alan Blinder, que foi do Banco Central dos Estados Unidos e debate muito a relação entre economistas e políticos, diz num de seus livros mais conhecidos que as pessoas acham que os economistas têm uma grande influência sobre os políticos. Nada mais afastado da realidade, afirma ele. A relação de políticos com economistas é mais semelhante à do bêbado com o poste de luz. Os bêbados usam os postes de iluminação não para iluminar o caminho, mas para se apoiar.

  • A mesma linguagem

    O Globo, em 16/11/2021

    A demonstração exemplar de que o presidente Bolsonaro já não é mais o mesmo está contida na discussão virtual de baixo calão que teve com seu grande líder político Valdemar da Costa Neto, dono de fato e direito do Partido Liberal (PL). Estou falando do ponto de vista de poder, e não de ideologia, pois Bolsonaro, como admitiu recentemente, sempre foi do Centrão, embora figura do baixo clero que nunca teve expressão política nos nove partidos dos quais já fez parte.

  • Geleia tucana

    O Globo, em 14/11/2021

    PSDB e PT, que disputaram a liderança política do país durante 20 anos, até 2014, podem voltar a ser decisivos na eleição de 2022, em situações paradoxais muito próprias da geléia geral partidária brasileira.

    Uma chapa com Lula para presidente e Geraldo Alckmin para vice deixou de ser “impensável” para ser “possível”, o que pode influir decisivamente no resultado final. O ex-presidente Lula, aproximando-se de Alckmin, dá passos largos em direção ao centro, mesmo que seja apenas um gesto político, que dificilmente se transformará em mudança de seu programa de governo.

  • Boa largada

    O Globo, em 11/11/2021

    Desmentindo grande parte dos políticos, e mesmo eleitores, que não viam nele condições de se sair bem numa disputa à Presidência da República, o ex-ministro e ex-juiz Sergio Moro teve uma boa largada no primeiro discurso público como pré-candidato, na assinatura de sua filiação ao Podemos. A manhã já fora de boas notícias para ele, com a pesquisa Quaest/Genial o colocando como terceira opção dos eleitores no momento, à frente numericamente de Ciro Gomes, mas empatado tecnicamente.