Só não pode fracassar
Sob o pretexto de que há lugares piores, uma espécie de anestesia, uma incapacidade de reagir, parece ter tomado conta dos cariocas, que estão preferindo a inação.
Sob o pretexto de que há lugares piores, uma espécie de anestesia, uma incapacidade de reagir, parece ter tomado conta dos cariocas, que estão preferindo a inação.
Os turistas voltavam de lá, me lembro, contando histórias assustadoras de assaltos até em elevador, bolsas arrancadas das senhoras em lojas.
Os palcos do Rio estão oferecendo muita coisa boa para se ver em matéria de peças e shows. O problema é que chegar a eles é uma perigosa aventura diante dessa crescente onda de assaltos. A pé, não se recomenda ir nem até a esquina. E, mesmo de táxi, temos que esperá-lo do lado de dentro, atrás da grade do prédio. Por isso eu, como muita gente, tenho evitado sair à noite e, assim, não sou uma boa referência crítica.
Bem ou mal, de uma maneira ou de outra, os presidentes de Brasil e Estados Unidos estão pagando pelos pecados que cometeram.
A julgar pelas pesquisas de opinião, Trump se saiu melhor do que Temer nestes cerca de seis meses de governo. Ou menos pior, digamos. No recente levantamento feito pelo “Washington Post-ABC News”, sua taxa de rejeição passou de 36% para 58%, e o índice de aprovação caiu de 42% em abril para 36%, agora. Não é, como se vê, um bom resultado, mas bem melhor do que o revelado pelo último Datafolha, em que apenas 7% do nosso eleitorado consideraram a gestão Temer boa ou ótima, um recorde negativo dos últimos 28 anos.
Já os que a classificaram como ruim ou péssima atingiram o índice de 69%.
Temer corre o risco de ser recordado não pelo que gostaria, mas por ter sido o primeiro presidente brasileiro denunciado ao STF por corrupção passiva no exercício de mandato.
Para quem, como eu, acompanhou a trajetória de Lula desde o começo, votando nele quase sempre, é difícil escrever este artigo. Mais pela emoção do que pela razão, não consigo comemorar sua condenação. Meu sentimento é de pena e decepção, não de júbilo, como deve ser o de milhões que o rejeitam. Mas também me recuso a embarcar nessa onda paranoica de que o juiz Sérgio Moro veio ao mundo para perseguir o líder petista. Ao contrário, ele disse que tinha elementos para decretar a prisão, mas não o fez por se sentir “intimidado” pelos possíveis “traumas” que ela envolveria.
É um país com 14 milhões de desempregados, enfrentando a recessão e crise fiscal que tem obrigado a cortes em programas de proteção como o Bolsa Família.
Trans é a pessoa que veio ao mundo com características físicas masculinas, mas se sente mulher. Ou vice-versa. Condição normal, que reivindica respeito e inclusão.
Eu mesmo não consigo explicar como e por que dois ministros do STF beneficiaram num mesmo dia dois políticos já denunciados na Lava-Jato.
Também na Zona Sul se morre por bala perdida, por facada e, agora, por granada e até por ataque cardíaco, como aconteceu quarta-feira no Pavão-Pavaõzinho.
Mas por que tanto apego e tanta insistência em ficar, se moralmente o seu governo acabou? Será porque, como se diz, o poder é afrodisíaco?
Temporal não foi atípico. Atípica foi a decisão do prefeito de não se constranger em propor à Câmara o extorsivo aumento de até 100% no IPTU.
A corrupção aqui é democrática, pois contempla outros partidos: um de oposição e o outro que ainda não sabe se será, está pensando.
Até entendo que, por razões de fé, o pastor Marcelo Crivella não goste de carnaval. Basta lembrar que viajou para não assistir como prefeito ao seu primeiro desfile das escolas de samba. Alegou que “seria demagogia” comparecer. Na verdade, não seria, porque faria parte de suas obrigações protocolares como anfitrião oficial de nossa maior festa popular, indispensável fonte de alegria para o povo e de receita para o município.