O PT o mesmo e o autêntico
Jornal do Commercio (Rio de Janeiro), em 09/09/2005
Poucas datas parecem mais críticas para o nosso futuro imediato que o da eleição da nova Presidência do PT. O cenário mais provável, há poucos dias, seria o de uma tripartição entre a persistência do Campo Majoritário, a purga dentro do partido pela iniciativa de Tarso Genro e o possível esfacelamento pelas dissidências, à busca de legendas sucessoras. Mediante a acomodação do Presidente interino a tendência dominante já vai à refundação, sem maior mossa, mantendo na chapa as figuras do situacionismo, a partir de José Dirceu. E como fica, diante do mesmo, a reivindicação pelo autêntico PT - à pique de dispersar-se em multifrações?Neste desenrolar, a atitude padrão parece ser a de Aloísio Mercadante, assumindo francamente o conflito, de par, entretanto, com a caução de permanência, e a expectativa de reassegurar a torna identitária primordial, até a Convenção. Desapareceu a síndrome efetiva, de ruptura imediata, criando-se sim, a partir inclusive das bancadas federais e a afirmação de um estado de rebeldia à disciplina partidária, sem entretanto chegar à desfiliação. Cristovam Buarque epitomizou esta atitude de descarte, como ainda limitada pelo afeto ao partido, fiel à ressonância de sua convocação original.