No país de Bolsoshenko
Eles se juntam por afinidade de opinião. O presidente do Brasil e o ditador da Bielorrússia são contrários às medidas de isolamento social para combater o novo coronavírus.
Eles se juntam por afinidade de opinião. O presidente do Brasil e o ditador da Bielorrússia são contrários às medidas de isolamento social para combater o novo coronavírus.
Não é preciso ter um papel assinado com a confissão para saber-se que tanto interesse assim na direção-geral da Polícia Federal tem objetivos além da simples nomeação.
O presidente Bolsonaro quer constranger as forças democráticas que impõem limite ao presidente da República, porque quer fazer um governo mais liberado dessas limitações. Mas é um perigo, porque é exatamente o que Hugo Chavez fez na Venezuela.
No Rio, a Universidade Cândido Mendes pediu recuperação judicial. Dívidas de 400 milhões de reais. Problemas de gestão, mudanças no FIES e crise do coronavírus agravaram a situação.
Mário Henrique Simonsen ensinou que o sistema social menos imperfeito é o que sabe corrigir mais rápido seus erros. Chamava a atenção para um aspecto novo no mundo, lá nos anos 1970: não mais o grande a engolir o pequeno, mas o veloz a devorar o lerdo.
O presidente Jair Bolsonaro não é mais apenas um trambolho em nossas vidas. Nesses meses de coronavírus, ele se tornou um pesadelo do qual está difícil acordar, ele não deixa.
A decretação pelo Congresso e Supremo Tribunal Federal de luto oficial por três dias por termos atingido a fatídica marca de mais de 10 mil mortos devido à Covid-19 é o segundo tapa com luva de pelica que o presidente Bolsonaro recebe esta semana. Enquanto isso, ele andava de jet ski no Lago Paranoá.
À medida que os fatos políticos vão ocorrendo sem que as barreiras institucionais sejam eficazes para conter o ímpeto corrosivo do presidente Bolsonaro, preocupa que militares antes considerados capazes de incutir bom-senso ao governo estejam avalizando uma visão paranóica da situação política.
Em casa, na solidão em que me encontro do Covid-19, chega uma notícia que me traz nostalgia.
A marcha do presidente Bolsonaro, seu ministro da Economia Paulo Guedes, deputados e um grupo de industriais sobre o Supremo Tribunal Federal (STF) é uma típica ação política de pressão, e ao negar esse intuito o chefe do Gabinete Civil General Braga Neto demonstra que não entende nada do assunto, ou, ao contrário, já deixou de ser um técnico apolítico para se transformar em um político seguidor do presidente.
Lembrando de Nirlando Beirão, a pessoa mais gentil que conheci na vida e cujo texto fará falta na imprensa e na literatura. Agora a morte está vindo de batelada. Juntos, o músico Aldir Blanc e o ator Flávio Migliaccio
O ex-ministro da Justiça e Segurança Pública Sérgio Moro deu uma pista importante em seu depoimento à Policia Federal no inquérito que investiga a possível tentativa de interferência do presidente Bolsonaro na Polícia Federal.
Estou há semanas tentando arrumar minha biblioteca que virou Babel, sem ser a de Borges. Ficava constrangido quando visitas olhavam para tudo e, educados, nada diziam. Fiquei aliviado quando vi nos jornais a biblioteca do Aldir Blanc, bagunça memorável, montes de livros empilhados, papeis, caixas, objetos.
O presidente Jair Bolsonaro não pode aumentar a pressão para o fim do isolamento justamente no momento em que o país entra na hora mais crítica da epidemia. Ir pessoalmente, a pé, ao STF, ao lado de empresários e do ministro da Economia é fazer uma pressão indevida em cima do ministro Dias Toffoli.
O depoimento do ex-ministro Sérgio Moro à Polícia Federal é como aqueles aftershocks, pequenos tremores de terra que acontecem depois de um grande terremoto, que foi o seu pedido de demissão do ministério da Justiça e Segurança Pública.