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Artigos

  • Onde está a verdade?

    Contrariando o parecer da Comissão Nacional da Verdade (Brasília), uma Comissão também da Verdade (São Paulo), que tomou o nome de Vladimir Herzog, concluiu que o ex-presidente Juscelino Kubitschek foi vítima de um atentado na rodovia que liga o Rio a São Paulo, em 22 de agosto de 1976.

  • A grande solução

    Foi melancólico o 1º de Maio deste ano. Não tivemos a tragédia do Riocentro, que até hoje não foi bem explicada e, para todos os efeitos, marcou o início do fim da ditadura militar.

  • Lugar proibido

    É um aglomerado comum diante da morte. Não preciso firmar a vista e ver o cadáver do menino, que me parece enrijecido e denso, pousado sobre o asfalto cheio de sol e de cheiros do mundo. Não sou chegado a piedades nem aprecio defuntos. Mas, talvez misto de curiosidade e ira, alguma coisa me chama, motivo para amaldiçoar o dia que nasce para todos e se estraga.

  • Assanhamento

    Nas últimas semanas, diariamente, as primeiras páginas dos nossos jornais e as primeiras chamadas dos noticiários da televisão, com certa monotonia e uma incerta crítica às nossas autoridades, revelam dúvidas e lamentações contra a Copa do Mundo.

  • O guarda da Porta Marina

    Em 24 de agosto de 79 (d.C.), o soldado montava guarda na Porta Marina. As cidades eram muradas e a Porta Marina era a principal porque ficava voltada para o mar. Quando o Vesúvio entrou em erupção, o soldado que estava de plantão viu aquela massa de cinza e fogo avançando sobre a cidade, sobre a porta da qual tomava conta.

  • Horror ao voto

    Aprecio tudo o que não sou capaz de ser ou fazer. No circo, fico pasmo diante da equilibrista, do engolidor de espadas, do trapezista e do mágico. Já os palhaços não me emocionam: sou capaz de fazer palhaçadas, algumas melhores do que as do picadeiro. Outras funções da humana faina também me deslumbram na medida em que sou incapaz de fazê-las.

  • A sopa

    Como qualquer brasileiro, deplorei os acontecimentos tidos e havidos pelo Brasil afora. Mas, honestamente, não me alarmei o suficiente. Acredito que devemos meditar sobre a decantada "índole pacífica do povo brasileiro" e bota pacífico nisso.

  • Mar de inverno

    Sim, o verão acabou. É bem verdade que ainda faz calor --havia sol lá fora, derramando uma luz crua sobre as águas escuras da lagoa Rodrigo de Freitas. Pela manhã, os barcos de regata que passam em frente à minha varanda são silhuetas esguias, da cor dos violinos, cortando a carne da lagoa. O rastro do barco é de espuma branca, quase cor de prata.

  • Discos voadores

    Todo agente segundo Aristóteles age com vistas a um fim. Vamos fazer uma simples comparação: quando descobriram a América, os europeus procuraram lucrar com a descoberta de um mundo até então desconhecido.

  • Recados

    O primeiro é primeiro mesmo. É um recado amistoso para dona Dilma, que está falando demais. Lembra dom Hélder Câmara, que dava palpite sobre qualquer assunto que rendesse espaço na mídia: concurso de misses, operação do menisco no joelho de Ademir, enchente no Catumbi, crime na rua Sacopã, a morte de Aída Curi, os ossos de Dana de Teffé, o tricampeonato do Flamengo, a crise dos mísseis em Cuba.

  • Foi pênalti

    Em menos de uma semana, pela segunda vez, em meu combalido currículo de cronista, usarei a palavra "pífio" para designar o jogo do Brasil contra a Croácia. Dele, só lembrarei a extraordinária atuação de Oscar e o pênalti sofrido por Fred. A maioria dos torcedores brasileiros decretou que não houve falta, menos o juiz. E eu.

  • O futebol é assim

    Antes de cada Copa, os entendidos em futebol citam as seleções que deverão ganhar o título de campeão: Brasil, Alemanha, Itália, Inglaterra, Espanha, Argentina não necessariamente nessa ordem. Nesta Copa das Copas, segundo dona Dilma, parece que as coisas estão mudando.