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Artigos

  • Mea-culpa

    Muitos ficaram chocados com a declaração do papa Francisco, que confessou a sua condição de pecador. Informadores de opinião, cronistas e co- lunistas de vários tamanhos e feitios lembraram os problemas e crises que a igreja está atravessando, e se o próprio papa admite ter cometido pecados, citam os escândalos das finanças do Vaticano e os numerosos casos de pedofilia de bispos e padres.

  • O grande bródio

    Não sei se a culpa é de dona Dilma ou de Lula. O fato é que um dos dois, ou os dois juntos, anteciparam de maneira absurda a campanha eleitoral para a próxima Presidência da República. Aliás, o PT adora e se aproveita de qualquer coisa que mobilize suas bases. Uma vez no poder, a administração prosaica e banal não entusiasma a máquina que movimenta sua decantada militância.

  • Uma lição do passado

    O grande assunto da semana que passou foram os protestos, que se tornaram atos de vandalismo, em São Paulo e no Rio de Janeiro principalmente, e até tiveram repercussões internacionais. Não irei comentá-los, seria uma redundância, mas vou lembrar um momento do passado.

  • "Penne arrabbiata"

    Um conhecido de vista e chapéu, como aquele cara que Dom Casmurro encontrou num trem da Central, mesmo sem chapéu, me cumprimentou e perguntou se podia bater um papo. Como as donzelas dos romances antigos, não gosto de conversar com estranhos, mas topei a liberdade e ele sentou-se na mesa onde, sozinho, eu almoçava um "penne arrabbiata".

  • O poder e a cultura

    Dos 190 milhões de brasileiros, parece que sou o único a não ser ouvido ou cheirado pelos altos e baixos escalões República. Não me dou ao respeito de usar cartão de visita, nunca precisei deles pois nunca visito ninguém e não gosto de ser visitado-mas, se tivesse de mandar imprimir esse tipo de apresentação formal, teria pelo menos um título igualmente único para ostentar: "o brasileiro que nunca foi convidado nem indicado para o Ministério da Cultura".

  • O bolo e a sopa

    Concordo com o cronista Antonio Prata quando disse, em coluna nesta Folha, que precisamos admitir uma verdade: ninguém está entendendo nada. Exemplo: muita gente, sobretudo no governo, acreditou que os protestos nas ruas de todo o Brasil foram motivados pelo aumento de 20 centavos nos transportes públicos.

  • O funeral de César

    Nunca tantos estiveram dizendo a mesma coisa por motivos diferentes. A começar pelos editoriais da mídia e a terminar com a fala presidencial de dona Dilma, que leu sem quase emoção um texto que escreveram para ela. E, pensando bem, usou e abusou das mesmas palavras e conceitos que os ditadores do outro lado do mundo usaram por ocasião da Primavera Árabe.

  • Luz no fim do túnel

    Outro dia, almoçando com uma autoridade, alguém perguntou se finalmente o jogo seria liberado, os cassinos abertos, essas coisas. A autoridade respondeu o que podia e sabia: "isso é problema que só a Constituinte decidirá". Evidente que a Constituinte citada é a atual, pois houve e haverá outras. O bom é justamente isso: por melhor ou pior que seja a atual Constituinte, dela sairão outras cartas magnas, as quais serão juradas pelos governantes e governados.

  • Ganhando tempo

    Não acreditei no que ouvi. Mudei de canal para confirmar. Dona Dilma, muito bem produzida, continuava falando e repetiu o que eu julgara impossível: acuada pelas manifestações das ruas, ela propunha uma "constituinte específica".

  • A mídia perde o bonde

    À margem dos comentários provocados pelos últimos acontecimentos em todo o país, que, apesar de redundantes, atingiram a mídia internacional, pode-se chegar a uma constatação periférica. As manifestações e reivindicações que o povo, principalmente os jovens, levou para as ruas e praças foram criadas e operadas pelas redes sociais, que podem ser comparadas aos icebergs: a parte maior fica submersa, o que se torna visível é a pequena porção de um obstáculo que pode destruir não apenas um titânico navio, mas todo um sistema político.

  • Espiões que saíram do frio

    Os jornais de ontem trouxeram em manchete a revelação de que os Estados Unidos mantinham bases de investigação, via satélite, em vários países, inclusive no Brasil, cujo governo, na época exercido por militares, dera licença para que tais bases fossem instaladas.

  • Os sacrifícios do poder

    Estarrecido, contemplo a foto de duas autoridades de Brasília. Severamente trajados, como autoridades que se prezam, a cara severa de quem cumpre um dever sagrado, eles estão concentrados na função de beber um copo d'água.

  • Pelas barbas da história

    Para complicar ainda mais o cenário nacional, a CUT e a nave-mãe que é o PT decidiram aproveitar a onda de protestos que nasceu meio misteriosamente, mas desvinculada de qualquer caráter partidário, apresentando suas reivindicações de forma inédita no país. As ruas reclamaram, principalmente contra a corrupção instalada na máquina do poder. E melhorias nos serviços essenciais do Estado: saúde, educação, segurança etc.