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Artigos

  • As duas gotas de óleo

    O Globo (Rio de Janeiro), em 02/01/2005

    ÀS VEZES O GUERREIRO DA LUZ TEM A impressão de viver duas vidas ao mesmo tempo. Em uma delas, é obrigado a fazer tudo que não quer, lutar por idéias nas quais não acredita. Mas existe uma outra vida e ele a descobre em seus sonhos, leituras, encontros com gente que pensa como ele.

  • O pinheiro de St. Martin

    O Globo (Rio de Janeiro), em 26/12/2004

    NA VÉSPERA DE NATAL, O PADRE DA igreja no pequeno vilarejo de St. Martin, nos Pirineus franceses, preparava-se para celebrar a missa, quando começou a sentir um perfume delicioso. Era inverno, há muito as flores tinham desaparecido - mas ali estava aquele aroma agradável, como se a primavera tivesse surgido fora de tempo. Intrigado, ele saiu da igreja para buscar a origem de tal maravilha, e foi dar com um rapaz sentado na frente da porta da escola. Ao seu lado, estava uma espécie de árvore de Natal dourada.

  • Da comunidade com os homens

    O Globo (Rio de Janeiro), em 19/12/2004

    O TÍTULO DESTA COLUNA É TAMBÉM o título de um hexagrama do I Ching, o livro chinês das mutações humanas: a comunidade com os homens sempre traz boa fortuna. A seguir, algumas histórias a respeito.

  • O silêncio dos culpados

    O Globo (Rio de Janeiro), em 12/12/2004

    O VÍDEO FOI GRAVADO NA MANHÃ DO dia 26 de abril de 1986 e mostra uma vida normal em uma cidade normal. Um homem sentado tomando café. A mãe passeando com o bebê pela rua. As pessoas atarefadas, indo para o trabalho, uma ou duas pessoas esperando no ponto de ônibus. Um senhor lendo um jornal no banco de uma praça. Mas o vídeo está com problema: aparecem várias riscas horizontais, como se o botão de “tracking” precisasse ser mexido, de modo que eu e mais cinco pessoas que estão comigo, pudéssemos ver uma melhor imagem. Penso em pedir que façam isso, mas penso também que alguém deve ter notado, e em breve irão tomar alguma providência.

  • Da importância dos aliados

    O Globo (Rio de Janeiro), em 05/12/2004

    O GUERREIRO DA LUZ QUE NÃO compartilha com outros a alegria de suas escolhas jamais irá conhecer as próprias qualidades e defeitos. Portanto, antes de começar qualquer coisa, busque aliados - gente que se interesse pelo você está fazendo. Não digo: “busque outros guerreiros da luz.” Digo: “encontre pessoas com diferentes habilidades, porque a luta de um guerreiro por seu sonho não é diferente de qualquer caminho seguido com entusiasmo.” Seus aliados não serão necessariamente aquelas pessoas que todos olham, se deslumbram e afirmam: “não existe ninguém melhor”. Muito pelo contrário: são pessoas que não têm medo de errar e, portanto, erram muito. Por causa disso, nem sempre o que fazem é elogiado ou reconhecido. Mas é este tipo de pessoa que transforma o mundo, e depois de muitos erros consegue acertar algo que fará a diferença completa em sua comunidade. Os aliados são pessoas que não podem ficar esperando que as coisas aconteçam, para depois poderem decidir qual a melhor atitude a tomar: elas decidem à medida que agem, mesmo sabendo que este tipo de comportamento é muito arriscado.

  • As palavras e o ser humano

    O Globo (Rio de Janeiro), em 21/11/2004

    NO INÍCIO, ERA O VERBO”: TODOS nós conhecemos esta frase da Bíblia. O mais interessante é que Deus não é comparado com uma figura, um efeito da natureza, e sim com uma expressão gramatical. No meu ofício de escritor, sou obrigado a concentrar-me na importância das palavras, mas creio que todo ser humano deva sempre prestar atenção ao que diz e ao que ouve.

  • Castañeda e a linhagem sagrada

    O Globo (Rio de Janeiro), em 14/11/2004

    CARLOS CASTAÑEDA FOI UM FILÓSOFO que teve grande importância para minha geração - e uma vez por ano faço questão de relembrá-lo nesta coluna. Por razões que não me compete julgar, terminou os seus dias fazendo algumas coisas que sempre condenou; mas todos nós temos nossas contradições, e o que fica na história de qualquer homem é o que ele procurou fazer de melhor. No caso de Castañeda, seus textos, alguns dos quais transcrevo (editados) abaixo, deixaram um legado que não pode ser esquecido:

  • Marcado para morrer

    O Globo (Rio de Janeiro), em 07/11/2004

    EU POSSIVELMENTE DEVERIA TER morrido às 22h30m do dia 22 de agosto de 2004, menos de 48 horas antes da data do meu aniversário. Para que o cenário da quase-morte pudesse ser montado, uma série de fatores entraram em ação:

  • Apenas 45 minutos

    O Globo (Rio de Janeiro), em 24/10/2004

    EM TODOS OS SERVIÇOS E OS PRODUTOS que encontramos hoje no mercado há sempre a possibilidade de reclamar, escolher outra marca, ter sua queixa ouvida por algum órgão do governo. Mas existe uma coisa que está acima do bem e do mal: viagem de avião. No momento em que escrevo estas linhas, estou em um céu lindo, sendo bem atendido pelos comissários, fazendo uma viagem de 45 minutos entre Paris e Viena. Hoje, porém, resolvi cronometrar tudo. Saí de casa duas horas antes, porque é um vôo internacional. Precisei ficar, junto com outra centena de passageiros, 32 minutos na fila de checagem de segurança: a mulher encarregada estava conversando, e ai de alguém que ousasse dizer alguma coisa. Em seguida - isso jamais tinha acontecido, preciso reconhecer - os mais de cem passageiros ficaram como sardinha em lata em um ônibus, por 52 minutos, já que o avião tinha chegado tarde e não conseguira uma passarela livre.

  • Em andanças pelo mundo

    O Globo (Rio de Janeiro), em 17/10/2004

    CERTA VEZ, NO INVERNO DE 1981, EU caminhava com minha mulher pelas ruas de Praga, quando vimos um rapaz desenhando os prédios à sua volta. Embora eu tenha verdadeiro horror de carregar coisas enquanto viajo (e havia ainda muita viagem pela frente), gostei de um dos desenhos e resolvi comprá-lo. Quando estendi o dinheiro, reparei que o rapaz estava sem luvas, apesar do frio de cinco graus negativos.

  • De livros e bibliotecas

    O Globo (Rio de Janeiro), em 10/10/2004

    NA SEMANA PASSADA, COMENTEI sobre meus livros sublinhados. Na verdade, não tenho muitos livros: há alguns anos, fiz certas escolhas na vida, guiado pela idéia de procurar ter um máximo de qualidade, com o mínimo de coisas. Não quer dizer que tenha optado por uma vida monástica; muito pelo contrário, quando não somos obrigados a possuir uma infinidade de objetos, temos uma liberdade imensa. Alguns de meus amigos (e amigas) reclamam que, por causa do excesso de roupas, perdem horas de suas vidas tentando escolher o que vestir. Como resumi meu guarda-roupa a um “preto básico”, não preciso enfrentar este problema.

  • Os livros sublinhados

    O Globo (Rio de Janeiro), em 03/10/2004

    NEM SEMPRE ESCOLHO OS LIVROS que devo ler. São eles que me escolhem, me chamam da prateleira de uma livraria, e muitas vezes os compro sem saber qual a razão; mas cada um deixa sempre algo importante. Recentemente, abri ao acaso alguns volumes de minha pequena biblioteca e copiei trechos sublinhados.

  • Dos bastões e das regras

    O Globo (Rio de Janeiro), em 26/09/2004

    NO OUTONO DE 2003, ESTAVA passeando no meio da noite pelo centro de Estocolmo, quando vi uma senhora que caminhava usando bastões de esqui. Minha primeira reação foi atribuir aquilo a alguma lesão que tivesse sofrido, mas notei que ela andava rápido, com movimentos ritmados, como se estivesse em plena neve - só que tudo que havia à nossa volta era o asfalto das ruas. A conclusão óbvia foi: “esta senhora é louca, como finge esquiar em uma cidade?”