Sexto ocupante da Cadeira nº 6, eleito em 25 de setembro de 2003, na sucessão de Raimundo Faoro com 36 votos (a unanimidade dos votantes), foi recebido em 24 de novembro de 2003 pelo Acadêmico Candido Mendes de Almeida. No mesmo ano, eleito tesoureiro da Presidência de Ivan Junqueira, dois anos depois, Secretário-Geral do Ministro Marcos Vinicios Vilaça. Tomou posse como Presidente da ABL em 13 de dezembro de 2007, eleito pela unanimidade dos seus pares. Presidente da ABL nos anos de 2008 e 2009.
Cícero Augusto Ribeiro Sandroni nasceu na cidade de São Paulo, a 26 de fevereiro de 1935, filho de Ranieri Sandroni e Alzira Ribeiro Sandroni (ambos nascidos em Guaxupé, Minas Gerais).
Fez os estudos primários e parte do ginasial na capital paulista. Com a transferência de sua família para o Rio de Janeiro, em 1946, aqui concluiu os estudos secundários. Cursou a faculdade de Jornalismo (hoje de Comunicação) da Pontifícia Universidade Católica e a EBAP - Escola Brasileira de Administração Pública, da Fundação Getúlio Vargas, onde foi bolsista.
Em 1954 fez os primeiros estágios em redações de jornais, inicialmente na Tribuna da Imprensa, de Carlos Lacerda e em seguida no Correio da Manhã, sob a direção de Antônio Callado e Luiz Alberto Bahia, onde chegou a chefe da reportagem. Convidado por Odylo Costa, filho, ingressou na redação do Jornal do Brasil, na época da reforma editorial do diário, e ao mesmo tempo atuou na Rádio Jornal do Brasil.
Em julho de 1958 transferiu-se para O Globo onde, destacado para a cobertura da área da política exterior, fez várias viagens internacionais entre as quais ao Chile para a cobertura da V Conferência Extraordinária dos Chanceleres Americanos, e aos Estados Unidos, convidado pelo Departamento de Estado americano e enviado por O Globo para escrever sobre a primeira visita de Nikita Kruschev à ONU. Na mesma ocasião entrevistou Alexander Kerensky, então diretor da Torre Herbert Hoover, na Universidade de Stanford, na Califórnia e participou de uma semana de estudos brasileiros, naquela universidade, em que a homenageada foi a poetisa Cecília Meireles. Em abril de 1960 integrou a equipe de O Globo que, chefiada por Mauro Salles, fez a cobertura da inauguração de Brasília. Naquele mesmo ano assumiu a chefia da reportagem política do Diário de Notícias, então sob a direção de Prudente de Morais, neto, onde escreveu a coluna “Notas Políticas”, em substituição de Heráclio Salles.
Convidado por José Aparecido de Oliveira e pelo prefeito de Brasília, Paulo de Tarso Santos, em 1961 transferiu-se para a nova capital, onde foi Secretário de Imprensa da Prefeitura do Distrito Federal, diretor de Relações Públicas da Novacap e ao mesmo tempo atuou, ao lado de José Aparecido, na coordenação da equipe, chefiada por Candido Mendes de Almeida, que preparou a primeira (e única) mensagem do Presidente Jânio Quadros ao Congresso Nacional. Integrou o Conselho Fiscal da Fundação Cultural de Brasília, presidida por Ferreira Gullar, ao lado do então deputado José Sarney.
No governo parlamentarista de João Goulart/Tancredo Neves, foi subchefe do gabinete do Ministro Franco Montoro, na pasta do Trabalho e Previdência Social e em 1962 foi nomeado representante do governo no Conselho Fiscal do Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Marítimos (IAPM), sendo naquele mesmo ano eleito presidente do órgão, do qual foi demitido em abril de 1964.
Com a instalação do regime militar, voltou a trabalhar na Tribuna da Imprensa de Hélio Fernandes, e em O Cruzeiro, sob a direção de Odylo Costa, filho. Com Odylo, Álvaro Pacheco e o diplomata Pedro Penner da Cunha adquiriu uma empresa gráfica, de cujas máquinas saíram as duas primeiras edições da revista de contos Ficção, editada com a colaboração de Antônio Olinto e Roberto Seljan Braga. Em seguida, com Pedro Penner da Cunha, fundou a Edinova, editora pioneira no Brasil no lançamento de literatura latino-americana e do nouveau roman francês.
Em 1965 participou de conferência de jornalistas em Bonn, na Alemanha, que resultou na criação da agência internacional de notícias Interpress Service, da qual foi diretor no Brasil. Naquele mesmo ano retornou ao Correio da Manhã, onde escreveu a coluna diária “Quatro Cantos!, de oposição ao governo militar, e conviveu com Otto Maria Carpeaux, Franklin de Oliveira, Paulo Francis, José Lino Grünewald, Osvaldo Peralva e Newton Rodrigues. Sobre esta fase do seu trabalho, Alceu Amoroso Lima escreveu, em artigo publicado no Jornal do Brasil, “Cícero Sandroni renovou o colunismo, na imprensa do Rio de Janeiro”.
Com a censura imposta à imprensa após o Ato Institucional nº 5 e o arrendamento do jornal, deixou o jornalismo diário e ingressou em Bloch Editores, onde foi redator-chefe das revistas Fatos e Fotos, Manchete e Tendência. Sob sua direção esta última recebeu, em 1974, o Prêmio Esso de Jornalismo, na categoria de Melhor Contribuição à Imprensa. Em 1976 dirigiu, para Fernando Gasparian, a última fase do Jornal de Debates, semanário de política e economia fundado por Mattos Pimenta, que se notabilizara, na década de 50, na luta pela criação da Petrobras.
Ainda em 1976 lançou novamente a revista Ficção, com Fausto Cunha, Salim Miguel, Eglê Malheiros e Laura Sandroni. Na segunda fase, em 44 edições, Ficção publicou mais de quinhentos autores brasileiros. Naquele mesmo ano coordenou, com os escritores Rubem Fonseca, Lygia Fagundes Telles, Nélida Piñon, Hélio Silva, José Louzeiro, Ary Quintella e Jefferson Ribeiro de Andrade um manifesto contra a censura aos livros, assinado por mais de mil intelectuais brasileiros, conhecido como o Manifesto dos Mil. Publicado na imprensa, o documento impediu a continuação da censura aos livros, que proibira a circulação de mais de quatrocentos títulos de autores brasileiros e estrangeiros. O mesmo grupo renovou o Sindicato dos Escritores do Rio de Janeiro e levou à sua presidência o Acadêmico Antonio Houaiss.
Em 1977, a convite de Walter Fontoura, retornou ao Jornal do Brasil inicialmente como redator do Caderno B, onde escreveu sobre arte e cultura e foi crítico de cinema. Em seguida editou o suplemento literário “Livro” e de 1979 a 1983 escreveu a coluna “Informe JB”. Em 1984 assinou a coluna “Ponto de Vista”, no jornal Última Hora, com a colaboração do poeta José Lino Grünewald. Nesse tempo, foi um dos primeiros jornalistas a defender a realização de eleições diretas para a presidência da República.
Em 1984 editou o Jornal do País, semanário de Neiva Moreira e, em 1985, escreveu artigos sobre política para a Tribuna da Imprensa. Colaborou com a revista Elle, onde publicou perfis de artistas e escritores e colaborou com resenhas de livros para a página literária de O Globo. Naquele mesmo ano passou a colaborar com a Companhia Vale do Rio Doce na área de assuntos culturais. Foi editor do “house-organ” Jornal da Vale e coordenou duas edições do Prêmio Nacional de Ecologia, instituído pela CVRD e apoiado pelo CNPq., Petrobras e a SEMA. Em 1990 foi editor-geral da Tribuna da Imprensa e a seguir passou a escrever uma página semanal sobre cultura e política.
Em 1991 fundou, para a prefeitura do Rio de Janeiro, o mensário literário RioArtes, o qual dirigiu até ser convidado, em fins de 1992, pelo então ministro da Cultura, Antonio Houaiss, e o presidente da Funarte, Ferreira Gullar, para dirigir o Departamento de Ação Cultural da entidade. No DAC, entre outras atividades na área das artes plásticas e da música, organizou o Salão Nacional de Artes Plásticas de 1993 e 1994 e a Bienal de Música de 1994. Na mesma ocasião dirigiu, com Ferreira Gullar e Ivan Junqueira, a revista Piracema.
Editor de Cultura e Opinião do Jornal do Commercio em 1995, afastou-se no ano seguinte para escrever, com Laura Sandroni, a biografia de Austregésilo de Athayde. Voltou ao Jornal do Commercio em 2000, como diretor-adjunto da Redação e participou, com Antônio Calegari, da reforma gráfica que modernizou o Jornal. Criou o suplemento cultural Artes e Espetáculos e deixou a redação em agosto de 2003 para escrever a história do Jornal do Commercio.
Cícero Sandroni tem participado de vários júris de prêmios jornalísticos notadamente o Esso de Jornalismo, o Prêmio Embratel de Jornalismo e o Prêmio de Jornalismo Científico do CNPq. Na área de literatura integrou o júri do concurso de contos da revista Ficção, e do Prêmio Goethe de literatura do ICBA. Colaborador de jornais e revistas, tem participado de seminários de jornalismo e literatura e pronunciado palestras sobre aqueles temas em centros universitários. Escreveu prefácios para vários livros, entre os quais Memórias Improvisadas de Alceu Amoroso Lima e Medeiros Lima, segunda edição.
Foi presidente da Academia Brasileira de Letras em 2008 e 2009.
Casado desde janeiro de 1958 com a escritora Laura Constância Austregésilo de Athayde Sandroni, tem cinco filhos, Carlos (1958) sociólogo e Doutor em Etnomusicologia pela Universidade de Tours, França; Clara (1960), cantora e bacharel em música pela UniRio; Eduardo (1961), ator e diretor de teatro formado pela CAL; Luciana (1962) autora de literatura infantil e mestre em literatura pela PUC de SP e Paula (1970), atriz, diretora de teatro e pós-graduada em teatro pela UniRio. O casal tem um neto, Pedro, nascido em agosto de 2003.