Euclides da Cunha (Euclides Rodrigues Pimenta da Cunha), engenheiro militar, jornalista, ensaísta e historiador, nasceu em Cantagalo, RJ, em 20 de janeiro de 1866, e faleceu no Rio de Janeiro em 15 de agosto de 1909.
Nasceu na Fazenda da Saudade, em Cantagalo no Estado do Rio de Janeiro, filho de Manoel Rodrigues Pimenta da Cunha, natural da Bahia, e Eudóxia Moreira da Cunha. Seu pai era guarda-livros nas fazendas de café da Província do Rio de Janeiro. Em 1869, com três anos de idade, perde a mãe. No ano seguinte, transfere-se com a irmã mais nova, Adélia, para Teresópolis, aos cuidados dos tios Rosinda e Urbano Gouveia. Esta última, o acolhe mas morre pouco depois, em 1871 e os dois órfãos vão morar em São Fidélis, com a tia Laura Moreira Garcez, casada com o coronel Magalhães Garcez.
Euclides inicia a vida escolar em 1874, naquela cidade, no Colégio Caldeira, do português republicano Francisco José Caldeira. Em 1877 muda-se para a casa dos avós paternos, em Salvador, passando a estudar no Colégio Carneiro Ribeiro, do grande filólogo baiano. Em 1879 retorna ao Rio, residindo com o tio Antônio Pimenta da Cunha. Estuda nos colégios Anglo-americano, Vitório da Costa e Meneses Vieira, até transferir-se, em 1883, para o conhecido Externato Aquino. No ano seguinte, a 4 de dezembro, publica o seu primeiro artigo no jornal O Democrata, que fundara com outros colegas. No mesmo período escreve um livro de poemas, Ondas, que ficará inédito.
Matricula-se na Escola Politécnica, e, por falta de recursos, transfere-se depois em janeiro de 1866, para a Escola Militar da Praia Vermelha, gratuita, e centro principal da propaganda republicana na Corte capitaneada por Benjamin Constant.
A 4 de novembro de 1888, o aluno Euclides da Cunha durante visita do Ministro da Guerra, o Conselheiro Tomás Coelho, sai de forma, e, em protesto contra a Monarquia, tenta quebrar seu sabre baioneta. Sem o conseguir, atira-o aos pés do Ministro. Perdoado pelo Imperador, é excluído do Exército a 14 de dezembro, seguindo para São Paulo, onde, logo em fins desse ano, passa a colaborar no A Província de São Paulo, futuro O Estado de S.Paulo.
Com a proclamação da República é reconduzido ao Exército, promovido a alferes-estudante. Passa a colaborar na Gazeta de Notícias da Capital Federal. Em 8 de janeiro de 1890 matricula-se na Escola Superior de Guerra, é promovido a Segundo Tenente e a 10 de setembro, se casa com Ana Ribeiro, filha do General Solon Ribeiro.
Em 1891 matricula-se na Escola Superior de Guerra. No ano seguinte é promovido a Primeiro Tenente e recebe o título de Bacharel em Matemática, Ciências Físicas e Naturais. Volta a colaborar com O Estado de S. Paulo.
Em 1893, Euclides reivindica, como previsto por lei para os engenheiros recém-formados, um ano de prática na Estrada de Ferro Central do Brasil, para a qual é nomeado em 16 de agosto. Com a Revolta da Armada, trabalha na construção de fortificações legalistas no Morro da Conceição.
É transferido para a cidade mineira de Campanha, para a reforma de um quartel de 1895.
Em 13 de junho de 1896, deixa o Exército, reformado como Primeiro Tenente indo residir na cidade de São Paulo. A 18 de setembro é nomeado engenheiro-ajudante da Superintendência de Obras Públicas do Estado de São Paulo, viajando largamente pelo Estado.
Em 14 de março de 1897 publica no O Estado de S. Paulo, os artigos “A nossa Vendeia”, sobre a guerra que se desenrolava em Canudos, no interior da Bahia. A convite de Júlio de Mesquita, proprietário do jornal, segue como, correspondente de guerra, a 4 de agosto, na comitiva do Ministro da Guerra, o Marechal Bittencourt. Depois de alguns dia em Salvador, chega a Queimadas em 4 de setembro, e, três dias depois, a Monte Santo, quartel general das tropas legalistas. A 16 de setembro chega finalmente aos arredores de Canudos, testemunhando os últimos momentos do conflito, escrevendo artigos e recolhendo observações. De volta ao Rio de Janeiro em 17 de outubro, seguindo para a fazenda de seu pai, em Belém do Descalvado.
Em 19 de janeiro de 1898 publica em O Estado de S. Paulo o artigo “Excertos de um livro inédito”, primeira aproximação do que seria Os sertões. Com a queda de uma ponte sobre o Rio Pardo, transfere-se para a cidade de São José do Rio Pardo encarregado da construção da ponte. Enquanto coordena a inteira reconstrução da ponte. Ao mesmo tempo trabalha no livro, na pequena barraca de sarrafos. Francisco Escobar, prefeito da cidade e homem de grande cultura se torna seu amigo e lhe presta grande colaboração.
Em 18 de maio de 1901 a ponte sobre o Rio Pardo é inaugurada com grandes festividades. Euclides se muda para São Carlos do Pinhal, atual São Carlos, nas atividades da Superintendência das Obras para trabalhar na construção do fórum da cidade. No ano seguinte, por intermédio de Garcia Redondo e Lúcio de Mendonça, assina com a editora Laemmert o contrato para a edição, as suas expensas, de Os sertões. Euclides se muda para a Lorena. Lançado no fim do ano, o livro tem magnífica recepção de crítica e de público. De uma hora para a outra, se transforma numa celebridade nacional, autor de um monumento sem paralelo na literatura brasileira,
Em junho de 1903 é lançada a segunda edição e Euclides da Cunha é eleito, a 21 de setembro, para a Academia Brasileira de Letras, e a 20 de novembro toma posse no Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro.
Após demitir-se da Superintendência de Obras Públicas de São Paulo, é nomeado, em 15 de janeiro de 1904, engenheiro-fiscal da Comissão de Saneamento de Santos. Muda-se para o Guarujá, e prepara um relatório sobre a restauração do histórico forte de Bertioga. Demite-se da Comissão de Saneamento, após desentendimento com o chefe. Desempregado, é indicado, por intermédio de José Veríssimo e Oliveira Lima, ao Barão do Rio Branco, para membro da Comissão de Reconhecimento do Alto Purus. Após entrevista com o Barão, este o nomeia chefe da Comissão. A 13 de dezembro de 1904 parte para o Amazonas.
A expedição em seis meses percorreu centenas de quilômetros em regiões inóspitas, com recursos materiais precários.
De volta ao Rio de Janeiro no início de 1906, apresenta o relatório da Comissão e permanece adido ao gabinete do Barão do Rio Branco. Toma posse na Academia Brasileira de Letras em 18 de dezembro, sendo recebido por Sílvio Romero. Publica Contraste e confrontos, reunião de artigos, impresso no Porto, Portugal.
Em setembro de 1907 publica Peru versus Bolívia. Pronuncia, no Centro XI de Agosto da Faculdade de Direito de São Paulo, a conferência “Castro Alves e seu tempo”.
Prefacia, neste ano, Poemas e canções, de Vicente de Carvalho, e Inferno verde, de Alberto Rangel. Termina a redação de À margem da história, que sairia no final do ano seguinte, como livro póstumo.
Em 1909 escreve uma carta-prefácio para O Norte, de Osório Duque-Estrada. Inscreve-se no concurso para a cadeira de Lógica no Colégio Nacional, nome de então do Colégio Pedro II. É classificado em segundo lugar, cabendo o primeiro ao filósofo cearense Farias Brito. Como ao Presidente da República era facultado por lei escolher entre os dois primeiros colocados, Euclides é nomeado, e professa a primeira aula no dia 21 de julho.
Euclides da Cunha faleceu no Rio de Janeiro no dia 15 de agosto de 1909.
Segundo ocupante da cadeira 7, eleito em 21 de setembro de 1903, na sucessão de Valentim Magalhães, foi recebido a 18 de dezembro de 1906 pelo acadêmico Sílvio Romero.