A terceira idade nos dá a vantagem de ser sincero, quando o mundo em torno, geralmente, não o é. E a vantagem de ver.
E dói perceber como muitos tapam buracos com mais buracos para esconder a cabeça, quando a vocação não é a de escavar, ou se amoitar na areia, mas tomar voo.
A Obra reveladora de Deus, na palavra viva, é insubstituível. E ninguém nos fará mudar, só Ele. Vive-se de amor, o mais é sombra.
Desde a juventude tenho passado tribulações. Meu pai era rico e empobreceu por traição de sócios. Lutei por ele e ele venceu. Deus estava ali.
Fui promotor no interior do pampa e não foi a política que me promoveu. Se estive no difícil, se paguei o ônus, devo por isso estar também no bônus.
Mas como é difícil a chegada, quantos obstáculos na subida? E não sabemos quanto Deus nos poupa.
Tenho a suficiente lucidez e humildade, sim, a humildade que vem antes da honra, para saber o meu espaço, seja pela perseverança, seja pelo trabalho, seja pela criação, seja pela consciência ou mesmo pela fé, por conhecer o limite da razão. E algumas vezes, a razão do limite.
Deus nos leva pelo caminho mais longo no deserto para a Terra da Promissão, como sucedeu com o povo de Israel, para que tenhamos mais tempo de experiência, maturidade e dependência.
Temos a impressão que, para nós, as coisas se alongam e as esperas são maiores. Quando nos achamos perto, estamos longe. E o oásis está adiante, sempre adiante.
E achamos estar sofrendo demasiadamente, quando há uma depuração, para que o homem saia como ouro da fornalha.
Mas há que lograr a graça no deserto e a experiência no mistério de Deus. E a grande injustiça tende naturalmente ao equilíbrio de uma grande justiça. Ainda bem.