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Da cisterna para o pátio

 

Jeremias, o profeta, durante o reinado de Zedequias, foi puxado, com cordas, da cisterna, onde se achava, para o pátio.

Isso nos é dito em Jeremias, 38:13. Nós, hoje, com o avanço da vacina, ficamos todos à espera, pois as doses são minúsculas para suprir a população.

E é visível que não se pode com conchas cobrir um oceano. Fora os privilegiados que rompem a fila e a ausência de ordenada previsão ou de estratégia num dia de saúde militar.

Jeremias, o profeta, sim, ficou esperando no pátio, nós aguardamos no pátio, até que a ciência nos apareça no horizonte. Usando até então de cautelas, como máscaras e fuga de agrupamentos.

Nabucodonosor cuidou de Jeremias, ainda que neste tempo, não sejam cuidados, nem ouvidos os verdadeiros profetas.

Os de tiracolo, que cercam a corte ou se aleitam das vantagens, embevecendo o rei, dizendo apenas o que ele quer escutar, trazem enorme prejuízo, a curto prazo, para o reino. Pois a política jamais substituirá a profecia.

E Jeremias ficou no átrio da guarda, até a tomada de Jerusalém. Como nós, brasileiros, esperamos no pátio, esperamos no átrio da guarda, esperamos, sabendo que adoece a esperança de tanto aguardar.

Até vencermos esta grande noite sobre o mundo e seja a peste exterminada.

Mas vivemos no período do breve, porque a tempestade termina, todos os males um dia terminarão. Somos argila que volta para a boca de Deus, que nos soprou e soprará.

Assim, virá a esperança: desse sopro, dessa luz que não se apaga e que é palavra.

Havendo um povo que marcha no meio de um Mar Vermelho, que se abre, até o chão, em terra viva, para o povo passar.

Atravessando para o outro lado da margem, atravessando além dos percalços e medos, além de nossos tênues limites, ou da razão criadora.

Certo de que a fé, leitores, é o começo do acontecer.

Tribuna Online, 31/01/2021