A consciência funciona num organismo, funciona dentro do corpo, como o espírito num corpo, que é respiração do Altíssimo.
Sim, continuamos o sopro de onde viemos, a vida na vida, a liberdade no vento. E não se prende a liberdade, como não se prende o vento ou a luz.
Paul Valéry, o grande Poeta francês, fala no “deslizar da chama” e a chama é o sopro que aumenta o fogo na candeia do corpo.
O mecanismo da história se repete, a ponto de Eça de Queiroz afirmar que “a história é uma velha que conta sempre o mesmo relato”.
Porque a natureza do homem se repete, as paixões e amores, grandeza e pequenez se repetem, para que ele saiba que a razão é o limite, a ciência é o limite, mas a ciência de Deus é a mais alta e não conhece limite.
E como Shakespeare assevera, existindo “provamos o leite da bondade”, mas também reconhecemos a substância de que são feitos os nossos sonhos.
Ou de como eles se revelam na memória das palavras, ou na copiosa imaginação dos que criam, ou na biblioteca do futuro.
Somos os nossos sonhos, mesmo quando, virgilianamente, eles se derramam debaixo das árvores ou nos montes ou mesmo no vertiginoso movimento do oceano.
Mas não fugimos da consciência, nem a alma foge da matéria, enquanto viva. Este peso terrestre.
E os pensamentos descobrem sua terra, como a terra descobre a nuvem dos pensamentos. Com o tempo que nos ilumina.