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Biografia

Sexta ocupante da Cadeira nº 23, eleita em 7 de dezembro de 2001, na sucessão de Jorge Amado e recebida em 21 de maio de 2002 pelo Acadêmico Eduardo Portela.

Zélia Gattai nasceu em São Paulo (SP), em 2 de julho 1916, e faleceu no dia 17 de maio de 2008, em Salvador (BA).

Era filha de Angelina Da Col e Ernesto Gattai, ambos italianos. Seu pai, que a registrou como nascida no dia 4 de agosto, fazia parte do grupo de imigrantes políticos que chegou ao Brasil no fim do século XIX, para fundar a célebre Colônia Cecília, tentativa de criar uma comunidade anarquista na selva brasileira. A família de sua mãe, católica, veio para o Brasil após a abolição da escravatura para trabalhar nas plantações de café, em São Paulo.

Na década de 1930, Zélia tornou-se amiga de diversos artistas e intelectuais da época, como Oswald de Andrade, Lasar Segall, Tarsila do Amaral, Mário de Andrade, Rubem Braga, Zora Seljan, Aparecida e Paulo Mendes de Almeida, Letícia e Carlos Lacerda, Aldo Bonadei, Vinicius de Moraes e outros. Aos 17 anos, emprestado por um italiano, amigo de seu avô, o velho Ristori, recebeu um livro de “um tal Jorge Amado, giovanotto inteligente, jornalista, escritor”, que fora a São Paulo vindo do Rio de Janeiro.

Em 1942, no dia 12 de agosto, nasce seu primeiro filho, Luís Carlos Veiga, de seu casamento com o intelectual e militante comunista Aldo Veiga.

No início de 1945, Jorge Amado, membro do Partido Comunista, se encontrava em São Paulo para participar de movimentos reivindicativos e comandar a organização de um comício para Luís Carlos Prestes, recém-saído da prisão. Zélia, que já lera os primeiros romances de Jorge Amado e o admirava, conhece-o pessoalmente na abertura do Congresso Brasileiro de Escritores, que se realizava no Teatro Municipal de São Paulo. Registrou Zélia em seu discurso de posse na ABL: “De mim ele não sabia nada, nem podia saber, porque eu era apenas uma simples desconhecida, sem nenhuma credencial. Ele também não sabia que eu possuía uma estrela que o pusera em meu caminho.” Em meados de 1945, casaram-se. Dessa união nasceu, em 25 de novembro de 1947, o filho João Jorge Amado, no Rio de Janeiro.

Em fins de 1947 o registro do Partido Comunista foi cancelado e os parlamentares eleitos por essa legenda, entre os quais Jorge Amado, eleito deputado federal por São Paulo, foram expulsos do Parlamento. Sem condições de segurança para permanecer no Brasil, Jorge viajou para a Europa. Em 1948, Zélia viajou ao seu encontro. Permaneceram na Europa durante cinco anos, entre Paris e Praga, participando intensamente da vida cultural europeia. Zélia conheceu personalidades como Pablo Neruda, Nicolás Guillén, Jean-Paul Sartre, Simone de Beauvoir, Aragon, Paul Éluard, Fréderic Juliot Curie, Picasso e Ilya Eremburg. Nesse período, adquire uma máquina fotográfica alemã, no mercado de Paris, iniciando-se na arte da fotografia.

Em 1949, conclui o curso de Língua e Civilização Francesa, na Sorbonne. Zélia e Jorge passam a residir no Castelo da União dos Escritores, em Dobris, na Tchecoslováquia, no ano de 1950. No dia 19 de agosto de 1951, nasce sua filha Paloma Jorge Amado, em Praga.

Retornando ao Brasil, em 1952, instala-se no apartamento do sogro, no Rio de Janeiro, morando na cidade durante dez anos. O casal fixa residência em Salvador, Bahia, no ano de 1963.

Começa sua produção literária escrevendo seu primeiro livro de memórias, Anarquistas, graças a Deus, lançado em 1979, no Rio de Janeiro. Nesta obra narra a vida de seus pais, a realidade dos imigrantes italianos no Brasil e sua infância em São Paulo. Um chapéu para viagem é seu segundo livro, editado em 1982. A obra narra o começo de sua vida com Jorge Amado e as histórias dos Amados, contadas por Lalu, mãe do escritor. No ano seguinte é lançado, em Salvador, o livro Pássaros noturnos do Abaeté, com gravuras de Calasans Neto e texto de Zélia Gattai. Em 1987, publica Reportagem incompleta (fotobiografia), com fotografias de sua autoria. Torna-se membro do Conselho Curador da Fundação Banco do Brasil. Edita Jardim de inverno, em 1988. O livro é lançado na Fundação Casa de Jorge Amado. A obra narra os momentos políticos difíceis, vividos entre 1949 e 1952. É homenageada com uma exposição sobre o tema “Jardim de inverno”, pela Fundação Casa de Jorge Amado.

No mundo da ficção estreia com o livro infantil Pipistrelo das mil cores, em 1989, com ilustrações de Pink Wainer. Dois anos depois publica O segredo da Rua 18, também dirigido às crianças, ilustrado por Ricardo Leite.

Volta às memórias com Chão de meninos, lançado em 1992. A obra, que retrata o retorno do exílio, no período de 1952 a 1963, é dedicada ao marido, em comemoração aos seus oitenta anos. O próximo livro é um romance, Crônica de uma namorada, de 1995. Relata a época do surgimento da televisão e a descoberta do amor por uma adolescente. No mesmo ano sua filha, Paloma Jorge Amado, publica, em homenagem aos pais, o ABC dos 50 anos de amor de Zélia e Jorge.

Edita, em 1999, A Casa do Rio Vermelho. No ano de 2000, lança na Bienal do Livro, em São Paulo, Città di Roma, ilustrado com fotografias de época. A obra narra a saga de seus familiares e seus primeiros anos em São Paulo. Publica, também, no mesmo ano, o livro infantil Jonas e a sereia, com ilustrações de Roger Mello.

Em 2001 fica viúva de Jorge Amado. Publica Códigos de família, livro de memórias, ao qual se segue Jorge Amado: um baiano sensual e romântico, lançado em 2002.

Sua obra literária gerou a adaptação de Anarquistas, graças a Deus para minissérie da Rede Globo; a peça de teatro adaptada de seu segundo livro Um chapéu para viagem; a edição comemorativa com fotografias da autora e seus familiares pelos 20 anos de Anarquistas, graças a Deus.