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A incompetência ambulante

 

Com  júbilo, como brasileiro, já vislumbramos a personalidade independente da presidenta Dilma Rousseff, o que pressentimos, ao conhecê-la pessoalmente, antes de sua candidatura. A autoridade para governar, a segurança nos objetivos que separa - e ainda bem - a  gestora comprometida na responsabilidade da administração pública e o astucioso e mirabolante ser político, esse que cede aqui e ali, para dominar adiante, sem prever o prejuízo presente ou futuro.

E com razão, a atual governate não admite que o seu poder seja questionado, por interesses subalternos. Sai fora, portanto, da bajulação oficial, para o serviço límpido da Nação. Antes de tudo era contemporizado, agora tem a coragem de centralizar e gerir a coisa pública, longe das badalações e dos holofotes. Com vários gestos que delineiam uma nova posição, desde a atuação do Itamaraty, sem vista grossa aos direitos humanos, ao corte de mais de 40 bilhões no orçamento, ou ao suspender a compra de aviões da França, capaz, corajosamente, de demitir os que não acaeitam suas diretivas.

Georg Lichtenberg ensinava: "Há ineptos entusiastas. Gente muito perigosa." Igual à desonestidade, ou às vezes mais nociva é a inépcia de políticos que não estão preparados profissionalmente para o cargo que ocupam. E eles, em regra, abarrotam os espaços da república, que devem ser ocupados pelos mais experientes e habilitados. E ao invés de cooperarem com o governo, cooperam com o desgoverno e a negligência. Montaigne, num dos seus magníficos ensaios, adverte que certos oficiais  são excelentes como oficiais, mas não servirão jamais para serem generais, cujo exercício não vem de simples mudança e sim, de qualidades muito peculiares para comandar. São esses ineptos entusiastas o grande perigo, os sorridentes e delirantes construtores do caos nacional.

Diário da Manhã (GO), 28/4/2011