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A vitória acadêmica

 

Quando abriu a vaga, por falecimento do amigo e conterrâneo, Vianna Moog, estava em Guarapari, na praça central, e li uma crônica de Josué Montello,com o título, se não me engano,"Um gigante sorridente", saída no Jornal do Brasil, e jamais pensava eu que a mão frutuosa de Deus estava me levando para ocupar exatamente aquela vaga.

O candidato  que já se achava vencedor era o poeta Álvaro Pacheco, ex-ministro do então presidente José Sarney. Generosamente fui convidado por ele para a festa de eleição, no palecete, onde residia no Rio. Usei um Volks emprestado e velho, posto estrategicamente sob uma grande árvore. Ali estavam acadêmicos, generais, ministros, coquetel fartíssimo e a figura, entre outras, do gustativo e generoso Antônio Carlos Vilaça. Que boa saudade.

De repente, o choque: faltou um voto para a eleição do então candidato que morreu na praia. E escutei a minha voz interior falando: "É o momento!"

O presidente Austregésilo de Athayde me disse energicamente: "Nejar, se não te candidatares, eu te candidato à força!" Achei graça do tom. E foi o mesmo do ministro Marcos Vilaça, de Rachel de Queiroz e do querido companheiro José Guilherme Merquior. No dia seguinte inscrevi-me , conseguindo logo o apoio de Eduardo Portella, João Cabral, Arnaldo Niskier, Lêdo Ivo...

Quando alcancara o apoio de mais da metade dos acadêmicos, surgiram meus dois concorrentes. Boa distância me afastava deles.

Tive experiência enriquecedora. A decepção de um, que estudara a minha obra e julgava amigo de longada acolheu-me mal, a ponto de não querer mais seu voto. E o afeto de de outros, a maioria. Minha vitória eu devo ao Deus vivo, que lutou por mim, e à poesia que jamais me abandonou.

Estou há 20 anos na Casa de Machado, sendo o oitavo mais antigo. De pé por causa da palavra.

Diário da Manhã (GO), 30/3/2011