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Big Brother Brasil

 

Não se concebe como Pedro Bial, que escreveu a biografia do Acadêmico e jornalista Roberto Marinho e tinha um programa valioso sobre livros e fez filme sobre contos  de Guimarães Rosa, se meteu a dirigir, por força do dinheiro, este zoológico humano, que é o Big Brother Brasil, levando para a intimidade dos lares, as mazelas, as taras, as safadezas, idiotias, carências e mesquinharias, penúrias morais e amorais, com clichês e figuras que ativam apenas o pior lado da banalização do sexo e da depravação social. E tal empresa de vergonha televisiva atinge a 11ª edição, abusando de nossa privacidade e inteligência.

Não sei o que é divertido nesse grotesco espetáculo, o que é depressivo ou pura agressão aos telespectadores. E essa verba toda, que podia ser aplicada na cultura, em programas de inclusão social, ou ensino e saúde dos brasileiros, utiliza a aberração como meio de arrecadar, a custo de ligações, R$ 8,7 milhões a cada paredão.

E que tipo de "paredão" merecem esses que, com soberba, desprezam nossa paciência, os que integram e organizam tamanha calamidade, enchente de lugares comuns, com falsos heróis,piranhas, vilões de cenas atropleladas, ou furiosos ou benevolentes "humanos animais na jaula"? O "paredão", sim, de nossa indignação, de nosso repúdio, de nosso nojo, e mais, de nosso cívico. Não somos isso, não representamos nada disso, rejeitamos que uma televisão fundada pelo saudoso Roberto Marinho, acolha tal programa. E esses que matam, destroem os nossos melhores valores culturais, devem ser julgados pelo povo. Na menor hipótese, mudando de programa, ou desligando a televisão. Podemos não saber exatamente o que desejamos, mas sabemos com certeza o que não queremos. O dinheiro, o negócioe a exposição das torpezas não substitui jamais o poder da consciência. E a consciência diz não.

Diário da Manhã (GO), 1/2/2011