Escrevo, aos círculos, como os pombos.
Para ascender há que ter a leveza da água , com o suficiente jorro para o impulso.
O mistério é de como as palavras engolem tanto ar, que as enchee empurra para o alto seu espaço.
Escrevo como os pombos, aos círculos .
Sei que eles vão comigo para a casa, onde o sonho é que vê.
Às vezes querem chegar antes, mas não sem que eu também chegue. Por haver uma harmonia inabalável entre nós.
Escrevo igual aos pombos, em círculos.
E como o cientista que captura o átomo, a única linguagem a ser utilizada é a da poesia, segundo o grande Nills Bohr.
E o pombo que o poeta guardaem si, ao descortinar suas palavras , só alcança pousar na poesia. É a prática de planar que ensina o sentido do verso.
Não adianta forçar. Quem não é poeta não voa , ainda que o desejo de voo seja um mistério.
Os pombos veem o campo magnético da Terra para acharem continentes como se tivessem um mapa sob as asas.
Eles nunca deixam de chegar emcasa.Como a casa nunca de neles alojar o ninho.
O poeta, como os pombos , é levado a voejar até a casa do poema, entre imagens, signos, metáforas .
E dessa morada, um dia com o mapa do paraíso sob as asas, vai para a casa de Deus. Onde está o pombal.
Diário da manhã (GO), 31/8/2010