O lixo do lixo
Na infância catou lixo nas ruas de New Brunswick, no Canadá. Aos 22 anos, comprou um antigo teatro de variedades em Haverhill, Massachusetts. Aos 30 anos, era o maior salário dos EUA".
Na infância catou lixo nas ruas de New Brunswick, no Canadá. Aos 22 anos, comprou um antigo teatro de variedades em Haverhill, Massachusetts. Aos 30 anos, era o maior salário dos EUA".
Não sei por que, mas o Dia da Pátria sempre me provocou um tédio pelas datas festivas: Natal, Ano Novo, meu aniversário, o aniversário dos outros são efemérides que enfrento com vergonhoso constrangimento.
Foi aos poucos. Ela veio me entrevistar, para falar a verdade, eu havia esquecido o compromisso. Ia pedir desculpa por demorar tanto no caminho do meu gabinete para a sala onde raramente tenho visitas. Ela me recebeu de costas, desprezando olhar a Lagoa onde moro há vinte e tantos anos.
A troca de dossiês, jornais contando os podres de uns e outros, a suspeita generalizada e, em parte, confirmada de que o clima geral é de corrupção, obrigam-me a uma paráfrase de Stendhal –autor de minha devoção.
Assisti, constrangido, à sessão da CPI que está discutindo, mas não ainda decidindo, o escândalo que não sei por que é chamado de Lava Jato, como se o Brasil fosse um carro enlameado que podia ser limpo com um jato da água. Evidente que a nação está cheia de lama, mas com lama ou sem lama poderia andar e chegar ao destino de um país que pretende tornar-se grande e respeitado pela comunidade internacional.
Os três chegaram mais ou menos ao mesmo tempo, mas de lados diferentes. Um pela direita, onde funcionava o templo "Evocação a Deus de Todos os Homens". Outro pela esquerda, na direção do cemitério clandestino, onde estavam enterrados alguns adversários da última ditadura. Finalmente, chegou o terceiro e último, que não veio de direção alguma, brotou inesperadamente do chão, num caminho de terra que não dava para nenhuma parte.
Algumas vezes, é preciso mudar para que tudo continue o mesmo. Esta frase não é minha.
Já tivemos a saúva como inimiga preferencial. Ela não acabou com o Brasil, mas fez o que pôde. Policarpo Quaresma e Macunaíma deixaram duas advertências históricas: derrotou o personagem de Lima Barreto que acreditava no Brasil e serviu de mantra para Mário de Andrade lançar seu famoso anátema, "pouca saúde e muita saúva os males do Brasil são".
Numa das esquinas da Cinelândia havia uma banca que expunha os jornais do dia. Num deles, li a confissão do poeta Drummond declarando estar cansado de ser moderno, preferindo ser eterno.
A medonha e obscena nudez do atual governo revela que o PT está acuado, praticamente sem saber o que fazer.
Anterior ao naufrágio do Titanic, havia um ditado repetido por toda gente: "Por fora bela viola, por dentro pão bolorento". E mais antigo ainda, o anexim pode ser uma simples metáfora, dita pelo próprio Cristo, chamando os hipócritas de "sepulcros caiados". Penso nisso sempre que vejo uma embalagem nova e geralmente inexpressiva.
De todos os chefes de Estado do mundo, e talvez da história, desconfio que Dona Dilma seja a que mais aparece e se expõe na mídia. Mesmo os ditadores que podem e gostam de aparecer, ela ganha de longe.
Estão fazendo uma onda contra dois dos maiores artistas brasileiros: Caetano e Gil, ídolos incontestáveis da música popular brasileira. Motivo mais que injusto: os dois fazem nesta terça (28) apresentação em Israel, o que foi tomado como uma adesão ao Estado judeu contra a causa palestina.
Os leitores Aquiles Fernando Gromick, Luciano Amaral e Marco Antonio Naletto, por intermédio de Alba Bruna Campanerut, encaminharam-me protestos que escreveram para a ombudsman deste jornal, Vera Cristina Guimarães Martins, contra crônica minha sobre a morte de Ghiggia.
O Brasil está em crise. Há inflação novamente e a corrupção de sempre, propinas; há delações, algumas premiadas e outras sugeridas por quase todos os cidadãos. O povo está desesperado, chateado e temeroso de crises maiores.