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Artigos

  • Segurança nacional e generais apaixonados

    Jornal do Commercio (RJ), em 30/11/2012

    Não se percebe, ainda, em todo o seu impacto, a renúncia do general Petraeus, como chefe da CIA. O que se manifestou foi a exigência do que devam constituir as Forças Armadas como primeira representação da hegemonia do país, no seu emergente inconsciente coletivo.

  • Do moralismo ao pós-mensalão

    Jornal do Commercio (RJ), em 23/11/2012

    A grande maioria das cartas dos leitores dos diferentes jornais brasileiros e os posts nas redes sociais sobre o julgamento do mensalão exaltam Joaquim Barbosa e a condenação de José Dirceu. Ao mesmo tempo, nos Arcos da Lapa, uma enorme faixa acusa o STF de falta de provas, pela voz da CUT. Para onde vai a nossa democracia profunda, que supõe a independência dos ministros, diante desta intolerabilidade do dissenso, em que ecoa o tribunal como a voz assente da opinião pública e os jogos feitos da mídia? Inquietam as fotografias do ministro Lewandowski, no dia das eleições, impossibilitado de ir à rua pela agressão dos populares, nesse escorraço do voto diferente da expectativa geral. Tal vem de par com esta instantânea elevação de Joaquim Barbosa a um novo mito nacional, juntando-se à sentença da dita recuperação da moralidade pública o tê-lo feito o membro negro da Corte, na afirmação definitiva da nossa democracia racial.

  • A irredutível América de Romney

    Jornal do Commercio (RJ), em 16/11/2012

    A reeleição de Barack Obama vinga, na mais dividida e polarizada das eleições americanas. Levou, de imediato, ao alívio mundial, da expectativa da verdadeira globalização compartilhada, e não como resultado da hegemonia de Washington.

  • Obama e o Brasil dos Brics

    Jornal do Commercio (RJ), em 09/11/2012

    Chamou a atenção o quase esquecimento da América Latina nos debates televisivos dos candidatos à Presidência dos Estados Unidos. O continente só foi uma vez mencionado por Romney e, de corrida, numa nomenclatura geográfica de Obama. A ausência mais evidente definiu-se nas estratégias de silêncio de democratas e republicanos quanto ao México, evitando entrar na regulação fronteiriça do direito de "ir e vir", repudiado pela massa do eleitorado republicano, responsável pelas vitórias de Romney na região.

  • O "povo de Lula" nas urnas

    Jornal do Commercio (RJ), em 05/11/2012

    O primeiro dado das eleições municipais é o recorde de abstenção, só comparável aos de vintena atrás. Nenhum nervo de mobilização que prefigure o futuro, num novo jogo de forças partidárias nacionais. O que irrompe, sim, é a força do "povo de Lula", cada vez mais desligado da legenda, e marcando esta virada de página da consciência nacional, desde as primeiras vitórias do PT. De toda forma, derrubou-se, de vez, a miragem do pseudonovo, começada pelo abate de Russomano e, agora, pela liquidação eleitoral de Ratinho Jr., em Curitiba.

  • Eleições e fatalidade da palavra

    Jornal do Commercio (RJ), em 26/10/2012

    O segundo debate da campanha presidencial nos EUA tornou mais nítido ainda o racha entre as duas visões do país que vão ao pleito. No primeiro confronto, Romney já tinha insistido na presença militar internacional do país, e pretende criar brand new o maior aparelho bélico do nosso tempo. E, em apoio à velha globalidade hegemônica, foi a fundo na agressão à China, no empenho de um descrédito, na desconfiança de suas tratativas externas, a começar pela perene manipulação cambial.

  • O pensador de primeira página

    Jornal do Commercio (RJ), em 12/10/2012

    Não temos precedentes de um intelectual e pensador ter ocupado a manchete da primeira página dos principais jornais brasileiros, à ocasião de sua morte. Eric Hobsbawn vai a este impacto, trazendo ao nosso País a mesma repercussão universal nas nações ocidentais. Marca-se, por aí, ao mesmo tempo, um avanço de uma consciência generalizada do mundo contemporâneo quanto à reflexão e ao compreender do nosso tempo. Não é, aliás, outra a qualificação que Horkheimer empresta para o avanço da contemporaneidade no seu entendimento radical, e no que seja este “ser-no-mundo”, em todo o peso da nossa história. Não se conhece arco mais amplo dessa aventura de espírito do que a de Hobsbawn, na consciência do universo após o Renascimento e o “Século das Luzes”, e de seu tempo interior de apreensão. Dos tempos longos aos concentrados, na capacidade única de entender o mais crítico dos conceitos, qual o de revolução, e mantê-la na dialética do reenvio de seus extremos. Hobsbawn manteve a enciclopédia do marxismo, no reenvio exemplar entre a razão e a militância, no empenho de transformação permanente de seu contexto. Jamais abandonou o compromisso partidário, nem a minudência no acompanhar a realidade, e trouxe, inclusive, à sua vivência, a experiência brasileira e, a partir do jazz, todo o cursivo de sua expressão popular.

  • Mal começa o fundamentalismo americano

    Jornal do Commercio (RJ), em 23/12/2011

    No decorrer deste ano só se reforçaram os perigos da expansão do fundamentalismo americano, em contrapartida às ameaças da radicalidade islâmica, ou do terrorismo, brotado há uma década, com a derrubada das torres de Manhattan. Não o aplacou a execução de Bin Laden, nem a de um dos seus principais lugares-tenentes, entregue, também, ao fuzilamento americano pelo governo do Iêmen, e em troca da conservação do status quo do país.

  • De Tiananmen a Wall Street

    Jornal do Commercio (RJ), em 25/11/2011

    O movimento "Ocupemos Wall Street OWS" não é um espasmo cívico, de dias ou semanas, mas um protesto continuado, como reação de fundo ao abuso de riqueza e dominação dos senhores da economia privada americana. Aflorou na dita Praça da Liberdade -antigo parque Zuccotti -, ao lado das sedes do império financeiro, para uma longa resistência. Não há que confiar, apenas, numa onda de rejeição a Wall Street que volte à normalidade nas calçadas de Manhattan. É o que marca a logística da criação de cozinhas, de zonas de conforto e acampamentos sólidos. O OWS não é o resultado de um grupo conhecido de radicais, mas da confluência de vários inconformados de muitas áreas do país. Manteve, todos os dias, uma assembleia geral no debate das diferenças na visão da crise. Avulta o balanço do crescente desemprego, no depoimento das suas vítimas. E, sobretudo, o seu contraste com o que deveria ser o desenvolvimento social, frente ao volume do auxílio bancário pela presidência Obama. 

  • A passeata em busca do grito

    Jornal do Commercio (RJ), em 21/11/2011

    A passeata do Rio de Janeiro contra a lei de mudança dos royalties levanta interrogações sobre o peso múltiplo, hoje, que tem a presença do "povo na praça", como manifestação de protesto. A que vem de ocorrer, aliás, nada tem a ver com o fenômeno inédito da Praça do Sol, em Madrid, na Catalunha, ou em Wall Street, em que o repúdio brota de um inconformismo latente e profundo, nascido da impossibilidade de canalizá-lo pela opinião pública, diante do efetivo controle midiático, e da pasteurização das reivindicações populares.

  • Para além da ideologia ecológica

    Jornal do Commercio (RJ), em 14/11/2011

    Vem de se realizar, em Postdam, conferência sobre a dimensão ecológica das novas exigências da modernidade, diante da consciência emergente da preservação da natureza. O campo de provas concentrou-se, necessariamente, nas múltiplas pesquisas na Amazônia, sob nítida liderança alemã. Qual o sentido, por exemplo, da intocabilidade das reservas indígenas numa mitologia da conservação ambiental, diante do bem-estar dos próprios silvícolas? Qual o nível real de informação sobre os limites de ocupação da terra perante o denuncismo ecológico? Há que avaliar o avanço histórico entre o preservacionismo e os imperativos da mudança para a qualidade de vida das populações locais, atingidas por uma estrutura disfuncional de produção, como a do regime colonial, até os meados do século passado.

  • Quando vai parar a faxina?

    Jornal do Commercio (RJ), em 21/10/2011

    Quando vai parar a faxina? É a pergunta mais funda em que a consciência política do país se interpela sobre a sucessão de escândalos de corrupção, que vem de par com a consolidação do governo Dilma. Importante, de saída, é o quanto, de parte do Planalto, não existem travas para o pleno exercício da denúncia e da chamada às contas do aparelho público brasileiro. Nem em qualquer momento encontrou guarida a cobertura de primeiros escalões, frente a suspeitas e aos probatórios que prosperaram nos pavimentos ministeriais.

  • A religião, hoje, na China

    Jornal do Commercio (RJ), em 14/10/2011

    Dentro de toda esta realidade que traz os BRICs para o cenário da nova globalização, avançam, também, os primeiros contrapontos entre esses parceiros emergentes. No empenho de um novo vis-à-vis internacional, a China, em missões sucessivas ao Brasil, tem aprofundado o diálogo sobre assuntos, até há pouco, deliberadamente marginalizados, como, sobretudo, o problema da religião no subcontinente. Sustenta a cultura chinesa que o conceito de religião fugia a uma efetiva vigência na formação da sua identidade, esquiva à ideia de qualquer transcendência, diante das estritas éticas comportamentais, expressas pela sabedoria do Confucionismo ou de Lao-Tsé.

  • O que faltou a Vargas Llosa

    Jornal do Commercio (RJ ), em 31/12/2010

    Vargas Llosa, ao receber o Nobel de Literatura deste ano, confronta-nos aos grandes riscos, no seu discurso egrégio sobre os desafios da contemporaneidade. E na sua própria abordagem inicial que vai, exatamente, a esse grande recito, trazido ao ethos, em que o literato defronta as tensões morais e políticas do nosso futuro. Chama, por isso mesmo, a companhia das grandes penas latino-americanas, e exatamente dentro de uma reflexão análoga a que convoca a lembrança de Fuentes, Garcia Marques ou Ernesto Sabato.