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Artigos

  • O legado de John Lenon

    O legado de John Lennon Manezinho é um menino comportado, que aprendeu os sábios valores da civilização O GAROTO é franzino, meio desconjuntado. O corpo parece ter 12, 13 anos de idade no máximo. A cabeça não: é grande, comprida, o queixo para frente, narinas abertas e defeituosas. A primeira impressão é clara: a cabeça não foi feita para aquele corpo. Ou vice-versa.

  • Prisões especiais

    Entrou em discussão o caso das prisões especiais. Pelas novas normas, elas serão extintas genericamente mas as exceções são tais e tantas que o privilégio continuará sendo adotado na prática. Resumindo: só serão encaminhados aos presídios e celas de delegacia aqueles que não têm costas quentes.

  • Se eu tivesse um barco

    Dia desses, assuntos burocráticos me obrigaram a ir até o centro da cidade. Não tenho hábito nem gosto de andar por lá, e procuro evitar, sempre que posso, encarar aquelas ruas tumultuadas e barulhentas. E estava justamente passando pelo olho do furacão, esquina da Avenida Rio Branco com a Rua do Ouvidor, quando reparo em dois homens, um ainda jovem e o outro já com mais de 60, que discutiam aos gritos e gestos.

  • Clodovil

    Cultivo abominável admiração por personagens polêmicos, desde que inofensivos. Clodovil Hernandez estava entre eles. Não entendo de política e muito menos de moda, mas acompanhei a sua vida profissional com interesse, achando que ele sabia fazer um gênero que lhe causou críticas e insultos, mas lhe deu a popularidade responsável pela exuberante votação que obteve para a Câmara de Deputados.

  • O Estado laico

    Ainda a propósito da excomunhão dos médicos que praticaram aborto legal numa menina de 9 anos, estuprada pelo padrasto, uma das besteiras mais divulgadas por comentaristas de diversos feitios e tamanhos é a de que o Estado é leigo. Sim, é leigo desde a Proclamação da República, mas se comprometeu, em todas as Constituições republicanas, a respeitar a liberdade de crença e de culto.

  • O novo Adão

    Periodicamente aparece um personagem público que se destaca pela capacidade de dar palpites sobre qualquer assunto. A mídia tem um faro especial para desencavar esses caras, que são procurados para dar nome às coisas, sejam quais forem, como novo Adão, que, segundo a lenda, a pedido do Criador, deu nome às árvores, às galinhas e às nuvens.

  • Assaltante e Assaltado

    Um domingo de chuva e fiquei preso em casa, lendo, ou melhor, relendo Flaubert. Depois de "A Educação Sentimental", passei para "Madame Bovary", seguramente, os dois primeiros livros importantes que li, na altura dos 15 anos, na fazenda de Itaipava onde passava as férias nos tempos de seminário.

  • Amada mia

    Não estou atualizado nem me preocupo com isso. Mas volta e meia leio e ouço depoimentos nostálgicos de eras anteriores ao dilúvio e aos dinossauros. Outro dia, tomei conhecimento de repertório brega que serviu de trilha musical para gerações que, como naquela canção infantil, deram adeus e foram embora.

  • Um caso pessoal

    Passou discretamente pela mídia o 45º aniversário do golpe de 64. Houve reunião em alguns centros militares, muita troca de mensagens eletrônicas. Aos poucos, os herdeiros ou sucessores daquele movimento começam a expor “o outro lado” da questão, que, em geral, continua contada apenas pelo lado dos vencidos, mais tarde vencedores no plano da história, bem verdade que à custa de milhares de vítimas.

  • Juízos e juízes

    Cavacos do oficio me obrigavam, volta e meia, a comparecer sob vara nas Varas Criminais do foro local. Processos os mais variados, nos quais às vezes funcionava como réu, às vezes como testemunha de defesa ou de acusação, funções que procurava desempenhar civicamente, intimado ou convidado pelos meritíssimos.

  • Marcito

    “Pendurada a espada, os velhos marechais deveriam recolher-se a particulares limbos de glória, cercados da ternura de suas famílias e do silêncio de seus concidadãos. Pendurada a espada, os velhos marechais deveriam cristalizar-se como estátuas dignas, merecedoras do respeito dos que por elas passam, mas sem perturbar o fluxo de vida que lhes corre nos pés. Ao fim de uma vida árida e dura, o silêncio é o que lhes convém. E à nossa paciência também”.

  • A terra treme

    A definição é de Federico Fellini: "A Itália é uma capela histórica, cheia de obras de arte e de papas ali enterrados". O terremoto desta semana, nas proximidades de Áquila, espantou o mundo não tanto pelo número de vítimas e pelos estragos materiais. Em outras regiões, no México, no Japão, em São Francisco (1906), em Lisboa (1755), o desastre foi bem maior. Não se trata de relativizar a tragédia. Mesmo assim, a comoção é grande.

  • Abaixo o obelisco

    Uma boa idéia a do atual prefeito do Rio em promover plebiscito sobre a retirada (ou não) de um pavoroso obelisco que entope o tráfego e enfeia a paisagem na confluência de pequenas ruas em Ipanema, quase Leblon. O monstrengo ali foi colocado sem se ouvir a opinião da plebe e causa mais irritação que admiração.

  • Os soluços longos do outono

    A crise está feia e forte, acredito que para todos, ricos e pobres, os pobres sofrendo tudo, os ricos começando a pensar, embora em termos decentes: chorar é ruim, mas dentro do próprio Mercedes é mais confortável do que chorar num Fusca ou no meo-fio da rua.

  • Feriados Santos e Profanos

    Deus é testemunha de que nada tenho contra feriados e festejos vários que, de alguma forma, ajudam a humanidade a suportar a barra, os “mil acidentes da carne” lembrados por Shakespeare. Acontece que no Brasil a dose é cavalar. Basta lembrar que neste mês de abril, com apenas 30 dias segundo o calendário gregoriano, tivemos três feriados: Sexta-Feira Santa, Tiradentes e, aqui no Rio, São Jorge. Dois religiosos e um cívico. Repito: é dose.