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Artigos

  • Demanda explosiva

    Para o ministro Aloízio Mercadante, que participou do Fórum Permanente de Desenvolvimento Estratégico do Estado, na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, “a demanda nacional por educação é explosiva”.  Ele falou a propósito das comemorações, promovidas pela Associação Brasileira de Educação (ABE), sobre os 80 anos do Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova.  Lembrou os 26 educadores que foram pioneiros na defesa de novos tempos para a educação brasileira e aproveitou para reclamar da pouca importância que se tem dado à contribuição de um deles, o acadêmico Fernando de Azevedo, que foi o principal redator do documento: “Sem ele, não  teríamos chegado a esse histórico posicionamento”.                                       Antecedido em sua fala por outros oradores, como os deputados Paulo Melo, Aspásia Camargo e Comte Bitencourt, além do educador João Pessoa, presidente da ABE, todos defendendo a ideia de uma educação de qualidade, o ministro Mercadante enfatizou a necessidade de começar uma grande reforma pela educação infantil: “Temos só 23% das nossas crianças de 0 a 3 anos frequentando creches.  Quero subir esse percentual rapidamente para 50%.”  Depois de registrar que temos 80% de crianças de 4 e 5 anos na escola, fez uma ardorosa defesa a respeito da necessidade de ampliar o número de bibliotecas escolares: “Assim, será mais fácil tornar realidade o sonho de dar a todas as nossas crianças o direito de ler e aprender na idade certa.”  Foi aplaudido demoradamente.                                     O ministro da Educação não se ilude com as dificuldades maiores que enfrenta no país: “É o ensino médio, que exige uma reforma profunda. Conto com parceiros preciosos, como o Senai, que promete 4 milhões de matrículas em seus cursos.  De nossa parte, fazemos o que é possível, mesmo reconhecendo que a grande responsabilidade pelo ensino médio é das Secretarias Estaduais de Educação.                                 Mercadante falou da sua intenção de dar educação de qualidade a todos, mostrou que o ideal seria adotar o tempo integral (mínimo de 7 horas diárias), como preconizado no Manifesto dos Pioneiros, há quase 100 anos, e que ainda não colocamos em prática, e lançou um desafio às nossas autoridades: “Fui defensor do emprego dos royalties do petróleo totalmente em educação.  É um bem finito e se não aproveitarmos essa oportunidade, em nossa geração não haverá outra.   Mas isso é preciso ser bem compreendido e executado pelos governadores, para que não haja desvios, a qualquer pretexto.”                              Houve ainda o ensejo, na Assembleia do Rio, que estava lotada, de uma referência ao projeto “Ciência sem fronteiras”, desenvolvido por Aloízio Mercadante quando se encontrava à frente da pasta de Ciência e Tecnologia:  “Já enviamos 21 mil estudantes ao exterior, utilizando simplesmente o sistema do mérito.  Todos os que fizeram mais de 600 pontos no Enem têm direito a esse programa, amplamente apoiado pela presidente Dilma Rousseff.  Pretendemos chegar em breve ao número de 100 mil estudantes.”  É claro que, no retorno, esses jovens trarão sangue novo ao sistema educacional brasileiro.  Devemos persistir nessas providências.

  • Democracia e Comunicação

    A sociedade moderna está enfrentando uma nova realidade comportamental provocada pela evolução da tecnologia e dos meios digitais. Essa realidade é fruto das variáveis decorrentes de novas técnicas que incluem a velocidade de propagação e a quantidade de dados divulgados nos meios digitais, a conduta dos indivíduos em redes sociais, blogs e afins, bem como a facilidade de acesso às notícias e informações de qualidades diversas por meio da internet.                            Para discutir os novos rumos da Comunicação, o Centro de Integração Empresa-Escola Nacional, reuniu, em Brasília, renomados profissionais da área. Ruy Altenfelder, Thomas Traumann, João Borges, Dad Squarisi, Carlos Chagas, Demétrio Weber, Silvestre Gorgulho e Arnaldo Niskier participaram do evento.                 Uma série de avanços tecnológicos da era digital transformou a realidade do mundo contemporâneo. Vivemos num universo em rápida mutação, de contornos impressionantes. Em 2009, havia 27 milhões de internautas no Brasil. Hoje, são cerca de 70 milhões. Há três anos, as redes sociais estavam dando os seus primeiros passos em nosso país, e o saudoso Orkut concentrava a maior parte das atenções. Atualmente, os clubes sociais são um instrumento de relevâncias trocadas todos os dias no Twitter, no Facebook e nas outras redes, cada vez mais voltadas para segmentos e necessidades específicas.                              O varejo pela internet cresce quatro vezes mais depressa do que o varejo tradicional e já se vislumbra o dia em que as lojas virtuais concorrerão com os shopping centers em volume de negócios.                              Comunicar significa compartilhar e “transmitir”. A diferença entre ambos está no fato de que podemos transmitir sem compartilhar. Trata-se do mesmo sistema da sociedade democrática, ou seja, a tentativa da convivência pacífica, exigindo atenção para alguns fundamentos, por vezes, esquecidos: liberdade, igualdade, solidariedade e alteridade. Sem comunicação de massa, não há democracia de massa.                          Na sociedade contemporânea, as modernas tecnologias de comunicação e as redes sociais proporcionaram um poderoso ambiente democrático de socialização, de onde podemos retirar informações e recursos, assim como conhecer e explorar novos modos de pensar e de se expressar com liberdade.                          A comunicação digital cresce espantosamente. A internet transformou-se na terceira mídia nacional depois da televisão e dos jornais, deixando para trás o rádio e as revistas. Surgem, todos os dias, novas formas de utilização da rede. Outras certamente virão, pois no mundo digital o céu, com suas mais variadas “nuvens”, parece ser o limite.                        A nova realidade, decorrente da revolução digital, provoca a necessidade de regular o comportamento humano em toda essa dinâmica social. Porém, para sermos coerentes com os novos tempos, a evolução das regras de conduta deve ocorrer dentro dos princípios que garantam nossos direitos fundamentais.

  • Educação e Cidadania na era digital

    Na sociedade contemporânea, as modernas tecnologias de comunicação e as redes sociais proporcionaram um poderoso ambiente democrático de socialização, de onde podemos retirar informações e recursos, assim como conhecer e explorar novos modos de pensar e de se expressar.

  • JK e o sabor de Minas

    Se houvesse dúvida sobre a popularidade de JK seria logo dissipada pelo lançamento do livro “Memórias de um Sobrevivente”, em Belo Horizonte, na tradicional e conceituada Academia Mineira de Letras.  As perguntas dos repórteres e acadêmicos versaram sempre sobre as relações de amizade do ex-presidente com Adolpho Bloch.  Eles se consideravam “irmãos”, com um convívio verdadeiramente fraternal, sobretudo depois da cassação.                                                Não havia interesse material.  Apenas gratidão do proprietário da Manchete pelo homem de grandes realizações, como a construção  de Brasília e a instalação das indústrias naval e automobilística.  Cinquenta anos em cinco não foi apenas uma legenda criada pelo poeta Augusto Frederico Schmith.  Traduziu-se numa revolução social, muitos empregos, a colocação do Brasil em posição honrosa  no concerto internacional.                                                Adolpho acreditou na audácia de JK e, ele mesmo também corajoso, jogou  todas as fichas da sua empresa na campanha favorável à nova Capital.  O seu maior concorrente, a revista O Cruzeiro, atirou-se em sentido contrário.  Perdeu a parada e muitos dos seus leitores.  A Manchete passou a vender mais, chegou a incríveis 350 mil exemplares semanais, porque traduziu de forma competente um anseio de progresso do povo brasileiro.                                              Quando JK foi cassado, a Manchete deu-lhe cobertura permanente.  Fez sucesso especialmente em Minas Gerais, cuja população tem na sua formação o doce gosto da gratidão, da liberdade e do patriotismo.  É o que chamamos de sabor mineiro, todo ele reconhecido ao gigantesco trabalho do filho ilustre de Diamantina.                                               A cerimônia na sede da AML, em Belo Horizonte, não foi só isso.  Repórteres como sempre ansiosos e todos  jovens queriam conhecer mais sobre as Empresas Bloch e os 48  anos de Manchete.  Uma delas fez uma boa pergunta: “Com a inclusão digital, a Manchete estaria preparada para os novos tempos?”  Respondi que sim, pois ela foi das primeiras a abandonar a calorenta linotipo, trocando pela fotocomposição.  E, na TV, montou todo o seu equipamento de forma digital, não chegando a utilizar as pesadas e ultrapassadas máquinas analógicas.                                                 No caso da televisão, pretendeu-se uma TV classe A. Sem levar na devida conta o predomínio da classe C.  Não podia dar certo, embora tivessem ficado na memória dos telespectadores notáveis performances, como a qualidade do jornalismo (coberturas memoráveis do Carnaval), além de exemplares  telenovelas, com ritmo original, como “O Pantanal” e “Dona Beija”, esta  interpretada de forma admirável por Maitê Proença.                                  Então, por que a derrocada? Falta de administração profissionalizada e dívidas bancárias insanáveis.  Ficou um desemprego para 5.000 pessoas e a saudade da marca que fez história, na comunicação brasileira.

  • Visita a Blaise Pascal

    Sob frio constante e uma chuvinha que teimava em cair, estivemos em Clermont-Ferrand, a uma hora de avião de Paris. O que ela tem de notável, além da sua origem fortemente vulcânica, é a presença da matriz da empresa Michelin (os bondes elétricos que por ali trafegam têm pneus de borracha). Clermont-Ferrand tem 140 mil habitantes.

  • Universidade aberta: Inglaterra dá show

    A 90 minutos de Londres, por uma boa estrada, localiza-se em  Milton Keynes um dos orgulhos da cultura inglesa: a Open University (OU). Nasceu em 1968 e hoje é considerada uma das três universidades mais importantes do Reino Unido, do ponto de vista da satisfação dos alunos.

  • Rachel na Sorbonne

    Ana Maria Machado, ela também uma grande escritora, resolveu prestar homenagem à memória de Rachel de Queiroz, a primeira mulher a entrar para a Academia Brasileira de Leiras (1976). Valendo-se de um convênio com a Universidade Sorbonne Nouvelle, determinou que fôssemos a Paris para falar a 120 alunos de Língua Portuguesa da importante instituição, o que fizemos com muito prazer. Lia foi uma figura fundamental do romance nordestino, além de ter povoado durante muitos anos a última página da revista O Cruzeiro, sempre com sucesso.

  • JK e o sabor de Minas

    Se houvesse dúvida sobre a popularidade de JK seria logo dissipada pelo lançamento do livro “Memórias de um Sobrevivente”, em Belo Horizonte, na tradicional e conceituada Academia Mineira de Letras.  As perguntas dos repórteres e acadêmicos versaram sempre sobre as relações de amizade do ex-presidente com Adolpho Bloch.  Eles se consideravam “irmãos”, com um convívio verdadeiramente fraternal, sobretudo depois da cassação.                                                Não havia interesse material.  Apenas gratidão do proprietário da Manchete pelo homem de grandes realizações, como a construção  de Brasília e a instalação das indústrias naval e automobilística.  Cinquenta anos em cinco não foi apenas uma legenda criada pelo poeta Augusto Frederico Schmith.  Traduziu-se numa revolução social, muitos empregos, a colocação do Brasil em posição honrosa  no concerto internacional.                                                Adolpho acreditou na audácia de JK e, ele mesmo também corajoso, jogou  todas as fichas da sua empresa na campanha favorável à nova Capital.  O seu maior concorrente, a revista O Cruzeiro, atirou-se em sentido contrário.  Perdeu a parada e muitos dos seus leitores.  A Manchete passou a vender mais, chegou a incríveis 350 mil exemplares semanais, porque traduziu de forma competente um anseio de progresso do povo brasileiro.                                              Quando JK foi cassado, a Manchete deu-lhe cobertura permanente.  Fez sucesso especialmente em Minas Gerais, cuja população tem na sua formação o doce gosto da gratidão, da liberdade e do patriotismo.  É o que chamamos de sabor mineiro, todo ele reconhecido ao gigantesco trabalho do filho ilustre de Diamantina.                                               A cerimônia na sede da AML, em Belo Horizonte, não foi só isso.  Repórteres como sempre ansiosos e todos  jovens queriam conhecer mais sobre as Empresas Bloch e os 48  anos de Manchete.  Uma delas fez uma boa pergunta: “Com a inclusão digital, a Manchete estaria preparada para os novos tempos?”  Respondi que sim, pois ela foi das primeiras a abandonar a calorenta linotipo, trocando pela fotocomposição.  E, na TV, montou todo o seu equipamento de forma digital, não chegando a utilizar as pesadas e ultrapassadas máquinas analógicas.                                                 No caso da televisão, pretendeu-se uma TV classe A. Sem levar na devida conta o predomínio da classe C.  Não podia dar certo, embora tivessem ficado na memória dos telespectadores notáveis performances, como a qualidade do jornalismo (coberturas memoráveis do Carnaval), além de exemplares  telenovelas, com ritmo original, como “O Pantanal” e “Dona Beija”, esta  interpretada de forma admirável por Maitê Proença.                                  Então, por que a derrocada? Falta de administração profissionalizada e dívidas bancárias insanáveis.  Ficou um desemprego para 5.000 pessoas e a saudade da marca que fez história, na comunicação brasileira.

  • A hora dos microcontos

    Não se tem uma conceituação precisa do que seja um conto, na nossa literatura.  Na dúvida, em certa ocasião, perguntamos ao romancista Josué Montello o que seria um conto.  A sua resposta foi instantânea: “Conto é tudo aquilo que chamamos de conto.”  E nada mais disse.                                         Dentro desta concepção, o escritor Marcos Vilaça, quando exerceu pela segunda vez a presidência da Academia Brasileira de Letras, instituiu um original concurso.  Pediu aos usuários do site da ABL (muito concorrido) que enviassem para a Casa de Machado de Assis o que se entendia por microcontos, textos com no máximo 140 caracteres, como se faz no twiter.  Foi um sucesso.                                        Para que se sinta o alcance da iniciativa, publicamos a seguir os três primeiros  colocados:                                         1º) “Toda terça ia ao dentista  e voltava ensolarada.  Contaram ao marido sem a menor anestesia.  Foi achada numa quarta, sumariamente anoitecida.” – Bibiana Silveira  Da Pieve (Rio de Janeiro).                                       2º) “Joguei.  Perdi outra vez! Joguei e perdi por meses, mas posso apostar: os dados é que estavam viciados.  Somente eles, não eu.” – Carla Ceres Oliveira Capeleti (Piracicaba, SP).                                       3º) “Não sabia ao certo onde tecer sua teia.  Escolheu um cantinho de parede da cozinha.  Acertou na mosca.” – Eryck  Gustavo Silva de Magalhães (Guaratinguetá, SP).                                        Deve-se assinalar, nos trabalhos premiados, a inteligência na concisão das frases, a sua elaboração literária e a precisão vernacular, o que para nós é fundamental.                                         Esses predicados, aliás, foram encontrados igualmente em outros microcontos selecionados pelo júri de imortais.  Podemos  exemplificar, com o que foi enviado por João Carlos Pedroso (Rio de Janeiro): “Ele passou a  vida esperando por ela.  Esperou que a vida passasse por ela.  E achou que com ela passaria a vida.  Ela viveu a vida.  Ele passou.”                                          Em seguida, vem o criativo trabalho de Luiz Felipe Marques, de Curitiba: “Na peça de estreia, o velho ator de nunca sucesso bebe com gosto o copo errado.  Grita, cai morto e pela primeira vez é aplaudido.”                                        Vejam  a inspiração de Luís David Venturino, de Bauru (São Paulo): “Apagão.  Alguém bate à porta.  Será um ladrão? O que ele diz: Quero vê-la! Vai embora, maníaco.  “Sou eu, vizinha, quero uma vela! Risos.”                                         É a vez de Cynara Navarro Amorim, de Campo Belo (São Paulo): “Após horas ali parado, contemplando o quadro, já não distinguia o que era  arte e o  que era vida.  Nem sabia mais se ele era mesmo o original.”                                         Outra contribuição de Curitiba (Paraná): “Tadeu tremia todo tempo.  Teresa tornou Tadeu triste: terminou, traiu Tadeu.  Teresa tem Tiago.  Tadeu tinha tudo, também tudo temeu.”  A autora é Karla Tavares Dudas, naturalmente com “t” no sobrenome.  Trabalho e talento.

  • Uma nova educação

    É sabido que durante os primeiros séculos de vida, o nosso país tinha características coloniais, impostas pelo domínio de Portugal. A partir de 1 606, com a vinda de D. João VI e sua corte, vivemos o princípio da evolução cultural, com abras como a Biblioteca Nacional, o Observatório N"acionai, a Academia de Guardas-Marinhas e tantas outras instituições que foram fundamentais para o deslanche do nosso desenvolvimento.

  • Cérebro e computador

    O cérebro normal de uma criança cresce até os cinco anos de idade e alcança um total de cerca de 90 bilhões de neurônios. Essa verdade não nasceu hoje, quando há um extraordinário avanço em tudo o que se refere à neurociência.

  • Acervos museológicos

    Hás alguns anos, isso parecia impossível.  Os responsáveis pela aplicação da Lei Rouanet de Incentivo à Cultura não queriam nem ouvir falar de projetos que passavam pela Educação.  A argumentação era tola: “Educação não tem nada a ver com Cultura.”  Sabe-se exatamente que elas são siamesas, uma não pode viver sem a outra.                                            Ao tomar conhecimento, pela professora Maria Eugênia Stein, da existência do projeto “Acervos museológicos”, de responsabilidade da Secretaria Municipal de  Educação de Belo Horizonte, com apoio na Lei Rouanet, fizemos questão desse registro.  O Instituto Minaspelapaz, em boa hora, levou a termo a ideia  de  democratização do acesso e formação de agentes culturais”, com pleno sucesso.  Quando se quer, se faz.                                            Tomando como escopo a capacidade de inovar, para  alunos e professores, o projeto foi estruturado em quatro pilares.  O primeiro deles foi uma pesquisa de campo realizada em 2010 pelo Instituto Vox Populi, visando ao conhecimento do perfil dos professores da rede municipal de ensino de Belo Horizonte.  A pesquisa também se estendeu ao conhecimento do grau de interesse e disponibilidade dos professores, alunos e familiares, na frequência de visitas aos espaços culturais existentes na capital mineira.  Assim, seria possível ampliar os potenciais e as respectivas  programações.                                             A segunda etapa foi a realização de um curso de pós-graduação em Gestão de Projetos Culturais, na PUC/Minas, trabalhando com 240 educadores.  Num processo de círculos concêntricos, os primeiros beneficiados treinariam os demais integrantes do sistema, repassando conhecimentos.                                             O terceiro  pilar é o  Programa de Imersão Cultural, estimulando os estudantes, com a ajuda dos professores, a intensificar as visitas aos espaços culturais existentes e o quarto pilar é a Olimpíada Cultural, que não faria sentido se fosse uma iniciativa isolada, dissociada dos demais itens.  Na avaliação final, verifica-se como os alunos saem fortalecidos, na sua capacidade de traduzir, em diferentes formas de expressão, os estímulos recebidos.                                            O que é saudável, nisso tudo, é a presença da  Federação das Indústrias do  Estado de Minas Gerais e o patrocínio de empresas do porte da Fiat, Contax, Usiminas, Gerdau e Oi Futuro.  Assim se gerou a possibilidade de uma adequada sinergia, tornando possível a realização vitoriosa desse importante evento, que conta também, para ilustrar os seus módulos, com a elaboração de uma série de vídeos, muito em narrados pelo ator carioca Isio Ghelman.                                             Se a iniciativa merece, pois, os  nossos elogios, não se pode deixar de lamentar que ela seja um feito raro, circunscrito à capital mineira.  O ideal seria que, ainda com o estímulo da  Lei Rouanet, outras cidades fossem beneficiadas, sabendo-se como são raros ou espaçados os incentivos ao aproveitamento do que temos como acervos culturais.  O potencial  para isso é extraordinário.

  • A caça

    O título do filme dinamarquês A caça, do diretor Thomas Vinterberg, pode suscitar duas linhas de raciocínio: a caça aos cervos, comum nas áreas rurais daquela região, ou a verdadeira caçada humana levada a cabo contra o professor Lucas, de uma escola infantil, injustamente acusado da prática de pedofilia. A interpretação fica com os espectadores do filme premiado.

  • 35 anos de Telecurso

    Sempre acompanhamos de perto a evolução do Telecurso, um belo empreendimento pedagógico da Fundação Roberto Marinho.  Está comemorando 35 anos de existência, com magníficos resultados em nada menos de seis  estados do país.  Como prova do seu alcance, pode-se afirmar que membros  de aldeias ticunas, no Amazonas, interagem com o material disponível, inclusive já agora com o emprego indispensável da internet.  Para chegar à comunidade, é preciso viajar mais de duas horas a bordo de uma lancha voadeira.  E então ter acesso ao material da Educação de Jovens e Adultos (EJA), que chega religiosamente.  São alunos de 35 a 71 anos.  O processo não tem limites.                                             Os números do Telecurso são impressionantes, sobretudo se considerarmos que não são frutos de ações governamentais.  É uma  valiosa contribuição da iniciativa privada, representada pela FRM.  Já foram atendidos mais de 6 milhões de estudantes.  A Telessala tornou-se uma respeitável metodologia, com base em materiais escritos por professores universitários de reconhecida competência.  Hoje, é uma política que ajuda a resolver os problemas de atendimentos nos estados do Acre, Amazonas, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Rio de Janeiro e Rondônia.  Pela diversificação geográfica se pode ter a dimensão exata da importância do projeto.                                             Muitos dos alunos aqui referidos estão indo à escola pela primeira vez.  Não teriam outra chance de aprendizado.  Fazem referências elogiosas à educação recebida: “Meus pais eram muito pobres e não tinham condições de pagar os meus estudos.  Foi graças ao Telecurso que consegui aprender a ler e escrever.”  Esse é um comentário comum, na história do projeto.                                             Uma professora que dá aula para duas turmas é muito clara: “Temos que superar obstáculos.  Eles querem estudar, é a melhor maneira de transformar a sociedade”, afirma uma das dedicadas mestras que leciona numa palafita de um dos rios da Amazônia.  Revela-se feliz da vida com os resultados.                                              Hoje, o Telecurso conta com 40 mil professores e já distribuiu nada menos de 24 milhões de livros, além de quase dois milhões de fitas.  São números bastante expressivos, referendados oficialmente pelo Ministério da Educação, que editou o “Guia de Tecnologias Educacionais” com base nesse gigantesco trabalho da Fundação Roberto Marinho.                                              De nossa parte, temos a experiência do emprego desse material nos trabalhos oferecidos pelo Centro de Integração Empresa-Escola, no Brasil inteiro.  Só no Rio de Janeiro, são cerca de  30 mil estagiários e mais de cinco mil aprendizes (jovens de 14 a 24 anos incompletos).  Podemos afiançar que os livros são muito apreciados pelos alunos, com um argumento básico que ouvimos sempre: “A vantagem deles é que se referem sempre a situações do cotidiano, da vida.”  Isso foi apreendido, desde os primeiros tempos, com as ideias do educador  Paulo Freire.

  • Nuvem de livros

    Trata-se de projeto original, que focaliza um verdadeiro buraco negro na cultura brasileira: a ausência de um número sequer razoável de bibliotecas escolares em todo o país.  O Brasil tem hoje cerca de 200 mil escolas de educação básica.  Desse total, 130 mil escolas não têm bibliotecas dignas desse nome, ou seja, 65%.  Pode-se inferir que aproximadamente 15 milhões de alunos não utilizam biblioteca, embora a Lei nº 12.244, de 24.5.10, preveja que até 2020 todas as escolas, públicas e particulares, deverão ter pelo menos uma biblioteca.  E cada uma delas deverá ter, no mínimo, um livro por aluno matriculado.                                                   O projeto “Nuvem de livros”, elaborado pela Gol Mobile, parte do princípio de que há quase 250 milhões de linhas de celular em operação no Brasil e que estamos em 3º lugar no ranking mundial do mercado de computadores, com 58 milhões de conexões banda larga.  É a grande chance de criar uma biblioteca on-line, para ser acessada de dispositivos conectados à internet.                                                   Os conteúdos das obras selecionadas por peritos de primeira ordem podem ser alcançados por milhares de usuários simultaneamente, despertando um interesse inusitado pela riqueza do que se contém nos livros existentes.  Segundo o publicitário Roberto Bahiense de Castro, diretor de relações institucionais do Grupo Gol, estamos próximos de alcançar a desejada democracia do conhecimento, igualando, nesse potencial, escolas públicas e particulares.                                                   A variedade de ofertas é quase infinita, abrangendo dicionários, vocabulários, livros didáticos de todas as matérias da matriz  curricular, romances, ensaios, livros de poesia etc.  A “nuvem” estima ainda a existência de reforço escolar, visitas guiadas, salas temáticas, salas do professor e livrarias propriamente ditas, onde o usuário encontrará obras inimagináveis.  Se o aluno estiver interessado em trigonometria, por exemplo, encontrará todas as lições de reforço, para sanar as suas dúvidas.  O mesmo, é claro, com as outras matérias da educação básica.                                                   Dará ao professor a oportunidade de oferecer visitas guiadas aos nossos grandes museus ou chegar até a Biblioteca Nacional, sem sair de casa ou da sua sala de aula.  Pela “nuvem” o professor consulta os relatórios de acompanhamento das suas turmas e toma conhecimento, para transmitir aos alunos, das recomendações de leitura, numa incrível variedade.                                                   A riqueza desse instrumental vai além e chega aos cursos de idiomas e oferece ainda a sonhada formação continuada de professores, com bibliografia específica e o incentivo ao emprego de novas tecnologias na escola.  Nada mais moderno.  É claro que o público-alvo não se esgota no ensino médio, alcançando também as Universidades, com as suas bibliotecas temáticas (Arquitetura, Administração, Direito, Medicina, Educação etc).  Muitas editoras (cerca de 80) já se associaram ao empreendimento, garantindo a qualidade de tudo o que se está oferecendo.  Estamos certos de que muito se ouvirá falar da “nuvem de livros”, que ora surge como inovação.