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Artigos

  • Uma lição de vida

    Extra (RJ), em 27/10/2007

    O rabino Yannai costumava dizer: “Não há nenhuma maneira de explicar a prosperidade dos malvados ou o sofrimento dos justos. Tudo que nos é pedido é que procuremos a justiça. A realidade é mais complexa do que gostaríamos que fosse. Se ficarmos insistindo para que tudo tenha sentido, terminaremos desesperados. A realidade não pode ser arada com a fita dourada do moralismo. A realidade é maior do que nossa visão de certo ou errado. Onde pudermos lutar pela justiça, lutemos. Onde somos confundidos por uma verdade além de nossa compreensão, procuremos fazer o melhor”.

  • A ação e o hábito

    Extra (RJ), em 26/10/2007

    “Qual é a melhor maneira de agir na vida?”, perguntou o discípulo ao mestre durante uma conversa. Sem lhe dar a resposta, o mestre pediu a ele que construísse uma mesa. Quando o móvel estava quase ficando pronto, faltando apenas os pregos de cima para serem afixados, o mestre aproximou-se. O discípulo cravava todos os pregos com três golpes precisos. Um prego, porém, estava mais difícil de entrar na madeira, numa parte onde havia um nó, e o discípulo precisou dar mais um golpe. O quarto golpe acabou enterrando o prego fundo demais e a madeira foi atingida. “Sua mão estava acostumada com três marteladas”, começou a explicar o mestre: “Quando qualquer ação de nossas vidas passa a ser apenas um hábito, ela perde seu sentido e pode terminar causando danos. Cada ação é somente uma ação e só existe um segredo: jamais deixe que o hábito comande seus movimentos”.

  • Sacrifício para o céu

    Extra (RJ), em 25/10/2007

    Quando perguntaram ao abade Antônio se o caminho do sacrifício levava ao céu, ele respondeu: “Existem dois caminhos de sacrifício. O primeiro é o do homem que faz penitência porque acha que estamos condenados. Este homem se julga indigno de viver feliz. Neste caso, ele não chega a lugar nenhum, porque Deus não habita as nossas culpas. O segundo é o do homem que, embora sabendo que o mundo não é perfeito, faz penitência e oferece seu trabalho para melhorar o ambiente. Neste caso, a presença Divina o ajuda e ele consegue resultados no Céu”.

  • De prender o vento

    Extra (RJ), em 23/10/2007

    Um estranho procurou o abade no mosteiro de Sceta. “Quero melhorar minha vida”, disse ele. “Mas não consigo deixar de pensar em coisas pecaminosas”. O abade Pastor reparou que ventava lá fora, e pediu ao estranho: “Aqui está muito quente. Será que o senhor podia pegar um pouco de vento de lá fora, e trazê-lo para refrescar esta sala?”. Isto é impossível”, disse o estranho. “Da mesma maneira, é impossível deixar de pensar em coisas que ofendam a Deus”, respondeu o abade: “Mas, se você souber dizer não às tentações, elas não vão lhe causar nenhum mal”.

  • O caminho da oração

    Extra (RJ), em 22/10/2007

    Para pensar com o coração. “Há algo mais importante que a oração?”, perguntou o discípulo ao seu mestre. Este pediu que o discípulo fosse até um arbusto mais próximo e cortasse um ramo. O discípulo, então obedeceu. “A árvore continua viva?”, perguntou o mestre. “Tão viva como antes”, respondeu o discípulo, sem entender a pergunta. “Então vá até lá e corte a raiz”, pediu o mestre. “Se eu fizer isto, a árvore morrerá”, disse o discípulo. “As orações são os ramos da árvore, cuja raiz se chama fé”, disse o mestre. Pode existir fé sem oração, mas não oração sem fé”.

  • Perdão

    Extra (RJ), em 20/10/2007

    Chu Lai era agredido por um guarda que não acreditava em nada do que ele dizia. Entretanto, a mulher do guarda era seguidora de Chu Lai e exigiu que seu marido fosse pedir perdão ao sábio. Contrariado, o guarda foi até o mestre e murmurou suas desculpas. “Eu não o perdôo. Volte ao trabalho”, disse Chu Lai. A mulher ficou horrorizada: “Meu marido se humilhou, e o senhor, que se diz sábio, não foi generoso”. “Se ele não está arrependido, é melhor reconhecer que tem raiva de mim. Aceitar seu perdão criaria uma falsa situação de harmonia e isso aumentaria ainda mais a raiva dele”, explicou o mestre.

  • Árvores e humildades

    Extra (RJ), em 19/10/2007

    Um mestre budista viajava a pé acompanhado pelos seus discípulos, quando reparou que eles discutiam entre si quem era o maior deles. “Pratico meditação há 15 anos”, disse um deles. “Faço caridade desde que saí da casa de meus pais”, falou outro. “Sempre segui os bons ensinamentos de Buda”, contou um terceiro discípulo. Ao meio-dia, todos juntos pararam debaixo de uma macieira para descansar por um tempo. Os galhos estavam carregados e vergavam até o chão com o peso das frutas que já pareciam maduras. Então o mestre falou: “Quando uma árvore está carregada de frutos, seus ramos se abaixam e tocam o chão. Desta maneira, o verdadeiro sábio é aquele que é humilde e age como se fosse uma árvore. Quando uma árvore não tem os seus frutos, seus ramos são arrogantes e altivos, mas ela está vazia nesse momento. Desta maneira, o tolo sempre se crê maior que seu próximo”.

  • Deus está em tudo

    Extra (RJ), em 18/10/2007

    No Bragavad-Gita, o guerreiro Arjuna pergunta ao Senhor Iluminado: “Quem és?”. Em vez de responder “Sou isso”, Krishna fala das coisas do mundo. Arjuna passa a ver a face de Deus em tudo que o cerca. E nós? Embora criados à imagem e semelhança do Altíssimo, tentamos nos fechar num bloco de coerências, certezas, opiniões. Não entendemos que estamos nas flores, nas montanhas, nas coisas que vemos em nosso caminho. Esquecemos que o sangue dos antepassados corre em nossas veias. Raramente pensamos que viemos de um mistério, o nascimento, e caminhamos para outro, a morte.

  • Situações difíceis

    Extra (RJ), em 17/10/2007

    Certas vezes, temos que arregaças as mangas e resolver uma situação difícil. Nesses casos, nada pior do que adiar. É melhor resolver logo. Quando eu tinha 10 anos, minha mãe me obrigou a fazer um curso de educação física. Um dos exercícios era pular de um píer para a água. Eu morria de medo. Ficava no último lugar da fila e sofria com cada menino que pulava na minha frente, porque logo chegaria a minha hora. Até que, um dia, para impressionar uma menina, resolvi ser o primeiro a pular. Tive o mesmo medo, mas acabou tão rápido que eu passei a ter coragem.

  • Para contemplar

    Extra (RJ), em 15/10/2007

    Perto da cidade de Soria, na Espanha, existe uma antiga ermida escavada na rocha, onde vive, há alguns anos, um homem que abandonou tudo para se dedicar à contemplação. Fui procurá-lo numa tarde e o homem me recebeu. Depois de dividir um pedaço de pão, pediu que o acompanhasse até um riacho, para colher alguns cogumelos. No caminho, um jovem se aproximou. “Tenho escutado dizer que, para atingir a iluminação, não devemos comer carne. É verdade?”, disse o jovem. “Aceite com alegria tudo o que a vida oferece”, respondeu o homem.

  • O monumento mutante

    Revista O Globo (RJ), em 14/10/2007

    Já visitei muitos monumentos neste mundo, que procuraram imortalizar as cidades que os coloca em lugar de destaque. Homens imponentes, cujos nomes já foram esquecidos, mas que ainda permanecem montados em seus lindos cavalos. Mulheres que estendem coroas ou espadas para o céu, simbolizando vitórias que já não constam mais nem em livros escolares. Crianças solitárias e sem nome, gravadas em pedra, a inocência para sempre perdida durante as horas e dias em que foram obrigadas a posar para algum escultor que a história também esqueceu.

  • Dois deuses

    Extra (RJ), em 14/10/2007

    Existem dois deuses. O Deus que nossos professores nos ensinaram e o Deus que nos ensina. O Deus sobre o qual as pessoas costumam conversar e o Deus que conversa conosco. O Deus que aprendemos a temer e o Deus que nos fala de misericórdia.

  • A pressa e as almas

    Extra (RJ), em 13/10/2007

    Um explorador branco, ansioso para chegar logo ao seu destino, foi capaz de pagar um salário extra para seus carregadores andarem mais rápido. Durante dias e dias, semanas e semanas, o grupo teve que apertar o passo.

  • Uma lição no metrô

    Extra (RJ), em 11/10/2007

    Terry Dobson viajava num metrô em Tóquio quando um bêbado entrou e começou a ofender os passageiros. Dobson encarou o homem, e o bêbado perguntou: “O que você quer?”. Dobson se preparou para atacá-lo. Neste momento, um velhinho que estava sentado gritou: “Ei! Eu também costumo beber. Sento com minha mulher e tomamos saquê. Você tem mulher?”. O bêbado respondeu, desnorteado: “Não tenho ninguém. Só tenho vergonha de mim”. O velho pediu que o bêbado sentasse ao seu lado. Quando Dobson desceu, ele estava chorando.

  • Filosofias diferentes

    Extra (RJ), em 10/10/2007

    Uma escritora budista enumera as seis principais dificuldades de uma casa: é difícil construir, mais ainda pagar, precisa ser consertada, pode ser confiscada, recebe hóspedes ruins e esconde atos condenáveis. E há seis vantagens de morar sob uma ponte: é fácil de ser encontrada, o rio mostra como é passageira a vida, não estimula a cobiça, não precisa de cerca, sempre passa alguém novo, não tem que pagar aluguel. De fato, esta é uma bela filosofia de vida. Mas, ao vermos as pessoas morando debaixo das pontes, logo percebemos que essa filosofia está errada.