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Artigos

  • Uma forma original de escrever

    Numa das sessões da Academia Brasileira de Letras (ABL), na hora do chá, tive uma boa conversa com o escritor Jorge Amado, que conhecia desde os meus tempos de Manchete. Ele costumava ceder à revista parte dos originais dos seus próximos livros, o que sempre se constituía em furos de reportagem. Na ABL, o tema era a televisão - e se adaptações feitas de obras literárias desfiguravam ou não o seu sentido. Ele simplificou o seu pensamento: “Cedo os direitos, mediante remuneração, e depois não quero nem ver o que fazem dele”. É curioso que Rachel de Queiroz, presente no papo, tinha esse mesmo pensamento. Hoje, quando a Gabriela volta a fazer sucesso, na TV Globo, com uma inspirada adaptação de Walcyr Carrasco, ele mesmo um grande escritor, o assunto volta à baila, na recordação do convívio acadêmico.

  • O estilo peculiar de Jorge Amado

    Numa das sessões da Academia Brasileira de Letras, na hora do chá, tive uma boa conversa com o escritor Jorge Amado, que conhecia desde os meus tempos de Manchete.  Ele costumava ceder à revista parte dos originais dos seus próximos livros, o que sempre se constituía em furos de reportagem.  Na ABL, o tema  era a televisão – e  se adaptações feitas de obras literárias desfiguravam ou não o seu sentido.  Ele simplificou o seu pensamento: “Cedo os direitos, mediante remuneração, e depois não quero nem ver o que fazem dele.”  É curioso que Rachel  de Queiroz, presente no papo, tinha esse mesmo pensamento.  Hoje, quando a Gabriela volta a fazer sucesso, na TV Globo, com uma inspirada adaptação de Walcyr Carrasco, ele mesmo um grande escritor, o assunto volta à baila, na recordação do convívio  acadêmico.

  • Linguagem popular, sim ou não

    No debate em torno de uma conferência, na “Semana de Arte” promovida pela Secretaria de Estado de Educação do Rio de Janeiro, no píer Mauá, um aluno do interior perguntou se deveríamos condenar a linguagem popular, “pois esse pessoal fala de forma inadequada”.                                Primeiro, tivemos que esclarecer a diferença entre linguagem popular e regionalismos.  Os termos utilizados por escritores como Guimarães Rosa, Rachel de Queiroz, José Cândido de Carvalho, João Ubaldo Ribeiro, Jorge Amado e Dias Gomes, para só ficar nesses exemplos, são típicos da cultura local, que deve sempre ser respeitada.  As expressões, apesar de inovadoras, podem vir a figurar em dicionários e vocabulários de transmissão da norma culta ou padrão, sem nenhuma dificuldade.  Os regionalismos são sempre aceitos.                                 Em segundo lugar, temos a questão controvertida da chamada linguagem popular.  O filólogo Antonio Houaiss chegou a popularizar o verbete “mengo”, diminutivo do clube mais popular do Brasil.  Mas ele jamais aceitaria adotar a palavra “pobrema” ou “areoporto” e dar-lhes o status de uma expressão legítima do português contemporâneo.

  • Rumo à eternidade

    A presença de Lêdo Ivo entre nós sempre foi alvoroçada. Quando chegava invariavelmente às sessões, não precisava ser anunciado. Sua voz tonitroava desde os elevadores.  Ativo e bem  disposto, até os 88  anos de idade, não parou de produzir um  só instante.  Para Carlos Heitor Cony, foi o melhor dos nossos sonetistas.                                             Ultimamente, fazia  viagens sucessivas. Eram preciosos contatos internacionais, de que muito se valeu a Academia Brasileira de Letras.  Como buscava a luz do alto da colina, como afirmou num dos seus textos, não foi surpresa achar suas obras em diversas e importantes bibliotecas do mundo, como pessoalmente encontramos o clássico “Ninho de cobras” na conceituada Academia Sueca.                                              Desde a infância, nas Alagoas, desejou ser poeta e escritor.  Acrescentou já no Rio a condição de combativo jornalista da “Tribuna da Imprensa” e da “Manchete”, onde vivemos muitos anos de proveitoso convívio.  Uma particularidade:  tinha especial vocação para dar títulos inteligentes e originais às matérias que lhes caíam nas mãos.  Sempre  foi muito  requisitado.                                            Orgulhava-se de ter nascido em Maceió: “Diante de mim estava sempre o mar, com as suas vagas sucessivas, os navios que convidavam à partida e à evasão... Desde cedo aprendi que a única verdade do homem é a verdade da sua imaginação, esteja ela guiando a mão de um escritor ou a ambição de um menino.”                                            Foi na capital alagoana que vibrou ao  sentar num bar ao lado de Rachel de Queiroz, com outros escritores clássicos, como José Lins do Rego, Graciliano Ramos e Jorge de Lima, este último o príncipe local dos poetas parnasianos, graças ao famoso soneto “O acendedor de lampiões” – para depois se render ao Modernismo e escrever o inolvidável “Essa nega fulô.”                                          Depois Lêdo estudou no Recife, onde encantou-se  com o Romantismo.  Chegou a Rimbaud, Baudelaire, Mallarmé, Verlaine, seguidos por Rilke e T.S.Eliot.  Foi a origem do seu interesse pela famosa geração de 45, que surgiu contrapondo-se ao Modernismo então vigente e que se caracterizava pelo seu formalismo e cerebralismo.  Assim se fortaleceu o escritor e poeta, dando vazão ao seu “tesouro pessoal”.  Não se tornou um poeta derramado, pois para ele escrever não é cortar palavras, é acreditar.                                          Pode-se afirmar que Lêdo Ivo foi um poeta para o qual  a criação não era um suplício, mas um prazer e uma felicidade.  Sua voz, empenhada na celebração do mundo e na reflexão sobre a condição humana, era primeiro ouvida em casa, na companhia da sua adorável Maria Lêda, minha colega de magistério na Cândido Mendes, e seus filhos não menos queridos.                                         Realizou uma ininterrupta viagem em torno de si mesmo e converteu a sua noite num amanhecer.  Foi assim que chegou a Sevilha, na Espanha, longe de imaginar que ali, em companhia da família, daria o seu adeus silencioso, rumo  à eternidade.

  • A despedida de um grande amigo

    Pede-me o confrade Marcos Vinícius Vilaça que, na sessão de saudade da Academia Brasileira de Letras, em homenagem ao já saudoso escritor João de Scantimburgo, faça suas as minhas palavras.  É o que farei, com a dor de uma ausência muito sentida. Desde que me foi apresentado pelo amigo comum, Austregésilo de Athayde, companheiro das lides jornalísticas, estabeleceu-se entre nós uma clara empatia, reforçada em 1993 pela viagem a Portugal, para o julgamento do Prêmio Camões de Literatura.  Foi conosco outra figura estelar da Casa de Machado de Assis, o jurista e escritor Oscar Dias Correa e assim pudemos compor um trio harmonioso, que fez justiça à nossa querida Rachel de Queiroz.  Foi ela a vencedora do prêmio, com amplos méritos.  Scantimburgo era um homem simples, que vivia para o seu labor, a que acrescentava com muito gosto a elaboração de bem cuidados livros sobre a realidade brasileira.   Nosso último encontro foi numa visita à Academia Paulista de Letras, a que ele emprestava o brilho do seu talento.  Diretor do “Diário do Comércio”, sempre acolheu em suas páginas a colaboração de acadêmicos e amigos queridos, como foi o nosso caso, o que o fez credor de uma gratidão infinita.

  • Rachel na Sorbonne

    Ana Maria Machado, ela também uma grande escritora, resolveu prestar homenagem à memória de Rachel de Queiroz, a primeira mulher a entrar para a Academia Brasileira de Leiras (1976). Valendo-se de um convênio com a Universidade Sorbonne Nouvelle, determinou que fôssemos a Paris para falar a 120 alunos de Língua Portuguesa da importante instituição, o que fizemos com muito prazer. Lia foi uma figura fundamental do romance nordestino, além de ter povoado durante muitos anos a última página da revista O Cruzeiro, sempre com sucesso.

  • Inovação na sala de aula

    Conteúdos de Matemática, Física e Português são transformados em peças teatrais, no segundo segmento do ensino fundamental ou até no ensino médio, transmitindo conhecimentos de forma clara e criativa. É comum utilizar contos de Machado de Assis, nessa operação, como também obras de Bertold Brecht, como “A vida de Galileu”. Ou estímulos como os que se encontram em bem urdidas Maratonas Escolares de Redação, como as que são feitas no sistema público do Rio de Janeiro, abordando obras de escritores como Érico Veríssimo, Graciliano Ramos, Moacyr Scliar e Rachel de Queiroz.