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Artigos

  • Sobre os conselhos

    Evite dar conselhos. Quase sempre é uma tentativa de provar a nós mesmos como estamos certos a respeito do mundo. Mas, em determinado momento, sentimos que precisamos dizer alguma coisa para alguém, procurar estabelecer um contato físico, além do contato verbal. Ao dar um conselho, estenda o braço e coloque sua mão no ombro direito da pessoa com quem está falando. Isso fará com que você seja mais direto. Fará com que você sinta a responsabilidade de suas palavras. Deus uniu matéria e espírito e temos que usar os dois quando queremos transformar algo.

  • O pecado e a oração

    O monge morava na rua de uma prostituta. Vendo que ela recebia homens, chamou-a de pecadora. Abalada, ela orou e pediu um novo trabalho. Não encontrou e voltou a prostituir-se. A moça queria sair daquela vida. No mesmo dia, o anjo da morte a levou. Por vontade de Deus, também carregou o monge, que foi levado ao inferno. Ao cruzarem no caminho, o monge questionou Deus. Um anjo disse: “Enquanto você se enchia com o pecado alheio, esta mulher orava. A alma dela ficou tão leve depois de chorar, que a levaremos ao paraíso. A sua, de tão pesada, não subirá”.

  • Tempo e iluminação

    Um mestre costumava dizer para seus discípulos: “Aqueles que se esforçam podem alcançar a iluminação em sete dias. Se não conseguirem, com certeza a alcançarão em sete meses ou sete anos.”. Entusiasmado, um dos jovens discípulos perguntou como conseguiria, por sua vez, chegar à sabedoria. “Concentração”, disse-lhe o mestre. O jovem começou a praticar e aos poucos descobriu o quanto o tempo era importante no caminho espiritual. E foi neste momento que, praticamente sem dar conta do que estava acontecendo, tornou-se um iluminado.

  • Cego para a verdade

    Um príncipe morava num palácio imenso e isolado. Ele não sabia o que se passava além dos muros de onde morava. Tinha tudo fácil e não convivia com o mundo. Quando atingiu a idade adulta, ele começou a sair. Logo cruzou com um enterro, nas ruas encontrou pessoas pobres e viu leprosos. Desesperado, o príncipe voltou ao castelo. “Me responda com sinceridade: existe alguma maneira de não ter que enxergar as misérias da vida?” “Lute para melhorar o mundo”, disse o sábio. “Não existe nenhuma solução mais fácil?”, perguntou o príncipe. “Sim, furar os olhos”.

  • Desígnios de Cristo

    Um padre da Renovação Carismática conta que certa vez estava dentro de um ônibus, e, de repente, escutou uma voz dizendo que ele devia pregar a palavra de Cristo ali mesmo. “Vão me achar ridículo, porque isto não é lugar para sermão”, pensou.

  • Árvores e cidades

    No deserto de Mojave, são comuns cidades-fantasmas: construídas perto de minas de ouro, elas foram abandonadas quando todo o produto da terra tinha sido extraído. As cidades cumpriram seu papel e não tinha mais sentido continuar habitadas. Nas florestas, as árvores, depois de cumprirem seus papéis, morrem. Elas abrem espaço para que a luz penetre, fertilizam o solo e têm seus troncos cobertos por vegetação nova. A nossa velhice vai depender da maneira como vivemos na juventude. Podemos nos tornar uma cidade-fantasma. Ou uma árvore.

  • Perdoar

    Dois ex-presos políticos argentinos se encontraram, já de volta ao país, depois de muitos anos sem qualquer contato. Sentaram-se num bar na Av. de Maio e começaram a se lembrar dos anos negros da repressão, quando as pessoas sumiam sem deixar vestígio. A certa altura, um perguntou ao outro: “Quanto tempo você ficou preso?”. “Dois anos”, respondeu o homem acomodado do outro lado da mesa: “Sofri torturas pelas quais nunca imaginei que pudesse passar na minha vida. Minha mulher foi violentada na minha frente. Mas os responsáveis já foram presos e condenados. Isso é o que importa”. “Ótimo. E sua alma já os perdoou também?”, insistiu o primeiro. “Claro que não!”, replicou o outro, veemente. “Então, você ainda continua prisioneiro deles”.

  • A ação e a adoração

    Estamos sempre preocupados em agir, fazer, resolver, preocupados com nossas ações. Não há nada de errado com isso, afinal, é assim que podemos construir e modificar o mundo em que vivemos. Mas também faz parte da experiência mística o ato da adoração. É importante e fundamental parar um pouquinho, de vez em quando. E procurar permanecer em silêncio diante do Universo. Sem pedir, sem pensar, sem agradecer. E algumas lágrimas podem escorrer. Mas não se assuste e muito menos se preocupe se isso acontecer. Isso é um dom. Estas lágrimas estão lavando sua alma.

  • E a caça às bruxas continua...

    Faz um ano e meio, que transcrevi aqui nesta coluna uma notícia da CNN: no dia 31 de Outubro de 2004, aproveitando-se de uma lei feudal que foi abolida no mês seguinte, a cidade de Prestopans, na Escócia, concedeu o perdão oficial a 81 pessoas – e seus gatos – executadas por prática de bruxaria entre os séculos XVI e XVII.

  • O rei e o talismã

    Certa vez, o rei se mostrou mais calado do que de costume. “O que se passa?”, perguntou um sábio. “Estou confuso”, respondeu o rei. “Ás vezes me deixo dominar pela tristeza. Outras vezes, fico embriagado com o poder que tenho. Gostaria de um talismã que me ajudasse a estar em paz comigo”. Os sábios ficaram meses confabulando. No fim, foram ao rei com um presente. “Gravamos palavras mágicas no talismã. Leia-as sempre que estiver confiante ou triste demais”, disseram. O rei olhou o objeto. Era um anel de ouro e prata com uma inscrição: “Isto também passará”.

  • Buda e os caminhos

    Certa vez, Buda estava ao lado de seus discípulos, quando chegou um homem para falar com ele: “Existe Deus?”, perguntou. “Existe”, respondeu Buda. Depois, outro chegou perguntando: “Existe Deus?” “Não, não existe Deus”. No fim da tarde, outro homem veio: “Existe Deus?”. “Essa é uma questão que você terá que decidir”. Disse Buda. “Mestre, temos um grande problema, o senhor dá respostas diferentes à mesma pergunta”, comentou um discípulo. ‘As pessoas são diferentes. E cada uma delas vai chegar a Deus do seu jeito”, explicou Buda.

  • Vidas e mudanças

    Tempos atrás, uma nova máquina de lavar exigiu que fizéssemos um novo sistema de canalização em toda a área de serviço. Com a chegada do novo equipamento, foi preciso mudar o piso. E a parede teve que ser pintada com outra cor. No final de tudo, a área estava bem mais bonita que a cozinha. Para evitar o contraste, reformamos também a cozinha. Só então notamos como a sala estava velha. Refizemos a sala, que terminou ficando mais acolhedora do que o meu escritório, que já tinha quase dez anos. Por fim, refizemos também o escritório. Aos poucos, a reforma, que começou bem tímida, se estendeu pela casa inteira E espero que o que se passou na minha casa se passe sempre também em minha vida. Espero estar aberto para as pequenas novidades. Espero sinceramente que cada novidade me chame a atenção para todos os detalhes que precisam ser mudados na minha vida e em mim.

  • O alvo e a decisão

    O iogue Raman era mestre de arco-e-flecha. Um dia, ele chamou seu discípulo para uma demonstração. Raman pegou uma flor e colocou um dos ramos da árvore. Ficou a cem passos do local onde havia colocado a flor. De frente para o alvo, pediu que o discípulo o vendasse. “Você já me viu praticar, acertar o alvo?”, perguntou ao discípulo. “Sim. O senhor sempre acerta”. O iogue disparou e errou. “Eu lhe dei uma grande lição sobre o poder do pensamento. Quando desejar uma coisa, concentre-se apenas nela: ninguém jamais atingirá um alvo que não consegue ver”.

  • O roubo

    O mestre pediu aos seus discípulos que conseguissem comida. Os discípulos voltaram para encontrar o mestre no fim daquela tarde. Cada um deles trazia consigo um pouco dos alimentos obtidos pela caridade alheia: frutas podres, pães duros, vinho azedo... Um dos discípulos, porém, trazia uma sacola repleta de maçãs maduras.