O sucesso no Brasil para alguns é motivo de raiva e cria desafetos. Alguém disse isso antes de mim, acho que foi o maestro Antônio Carlos Jobim. Não importa, é o que sucede.
Curiosamente, as nossas ideias geram amigos e inimigos. Mas as ideias não têm nada a ver com isso. Por que vou odiar alguém, por pensar ao contrário? Há que ter maior senso de humor e senso do ridículo. O ser humano é mais amplo, mais abrangente do que os seus eventuais pensamentos.
E se os outros e nós próprios não soubermos rir um pouco do que fazemos ou sonhamos, rir,sim, de nossos desacertos, erros, voluntariedades, ambições desabridas, desejos ou tolices, estaremos inventando fronteiras inexistentes de convívio com os semelhantes.
As diferenças são importantes, desfiadoras e há que tolerá-las. Por que todos têm que cogitar a mesma coisa? A variação é que engendra a riqueza e desvenda o imaginário.
Se nos levarmos menos a sério, teremos a percepção do ridículo ou até da estupidez. E infelizmente, entre nós, essa reação de ideias contra as pessoas que as defendem, sectariamente, se dá nas mais altas esferas ou academias.
Como se ainda tivéssemos que responder a uma outra Inquisição, numa outra Idade Média da alma, salvo se as inquisições forem entidades repetidas em nossa época que parece tão humanista. Mas a Carta Magna não refere que ninguém pode ser condenado por suas crenças ou pensamentos.
Teremos que reaprender com esses fantasmas do arbítrio, esses arcanos da ignorância e da ditadura, para que nos amemos, verdadeiramente, uns aos outros, também pelas diferenças."Nada é pequeno demais" - observou Samuel Johnson - "para uma criatura tão pequena quanto o homem".
Diário da Manhã (GO), 15/4/2011