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A nova idade

 

Com o coronavírus, os que estão sob risco, a partir dos sessenta, devem tomar cuidados especiais, não só pela fragilidade da saúde, entre asma, diabetes, para que este invisível ciclone não os carregue para o outro lado, a morte.

Perdi nessa semana dois amigos poetas – Olga Savary e Fernando Py (este último escreveu vários artigos sobre este vivente, em livro ou jornais), poeta ele também, com “Antiuniverso”, tradutor de Proust e crítico admirado.

A Grande Ceifadora não escolhe, vai levando na passagem. E vamos ficando sobreviventes, com tantos companheiros que se foram. A terra do coração começa a ser muito povoada de mortos.

Embora creia no esforço de médicos e enfermeiros, que, heroicos, cumprem sua missão nesta hora terrível, vejo muito claro o limite da ciência, por ora impotente, sugerindo apenas que nos isolemos. Mas sei que virá alguma vacina, entre tantas pesquisas.

Minha confiança é Deus, que nos sustenta no meio do medo que assoma a Terra e a sombria desolação.

Nos ocultamos atrás de máscaras neste carnaval de ossos, nos escondemos do vírus invisível e invisíveis estamos, uns aos outros.

Certos privilégios da terceira idade, como atendimento prioritário, que não seja o da morte. E isso talvez desperte a piedade dos filhos pelos pais idosos, a piedade fraterna de uns pelos outros nesta Idade Nova, com advento de uma civilização mais sofrida, humilde e pobre, depois da peste, com dose de invencível realidade. Pois, apesar do sofrimento e luta, o Espírito não será abatido.

Tribuna Online, 31/05/2020