Alguém já me disse que tenho a alma de D. Quixote no corpo levantino de Sancho Pança. Ignorando a medida em que um avança sobre o outro, ou se confundem.
Cada vez mais creio na palavra e estou de pé por causa dela e cada vez mais descreio das efusões, salvo no espírito. Porque mal se percebe por onde vai o profundo poço do coração. Nem onde começa ou termina. Só que possui a água mais pura, vivificada.
E o que vem da terra é bendito. Explico. No principio do mês de dezembro de 2012, recebi na Assembleia Legislativa desta cidade "A Comenda Domingos Martins", através do nobre deputado Gilsinho Lopes, presidente da Comissão Estadual de Segurança Pública.
Falei pelos que ganharam a outorga do titulo de "Cidadão do Espírito Santo" e em nome dos que lograram a Comenda. Falei por eles, falei por mim.
E o coração cresceu então pelo lado da terra, que é o lado de Deus. Não sei como agradecer o pulsar do amor e como diz o Apóstolo dos Gentios, "podemos possuir todos os dons, mas se não possuirmos o amor é como um sino que não tine".
E o que existia no ato de entrega dos diplomas e medalhas era, no júbilo de conviver, batalhar pelo bem dos cidadãos, o tanger do sino de amor brilhando. E pairando junto ao céu dos rostos.
Foi tão importante para mim o encontro com esta terra, que convidei irmãos e amigos. Alguns me honraram. Aos outros, destilei o esquecimento, como no banquete da parábola bíblica. Uns tinham que cuidar dos bois, outros do campo, outros de si mesmos, ou da própria sombra.
Mas estavam comigo os familiares e os que valorizaram aquele instante e o povo. E me bastam. Porque sei de que lado cresce o coração.
E é o mesmo, acredito, em que se movem no firmamento, as estrelas e as constelações procuram ninho, como as aves, para pousar. Há uma expressão feliz do poeta-pintor Manen Calixte, que recordo ao avistar a intraduzível beleza desta ilha de ilhas; "Viver é ver Vitória".
E sonhar Vitória e imaginar por dentro o navegante fascínio de Vitória. Por isso, leitores, sei agora de que lado e quanto cresce o coração.