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A banalidade

 

A mídia televisiva, em regra, nos acostuma com a banalidade. E, por vezes, sem querermos, recebemos essa poeira de estrada em pleno rosto. Mal dissimulam a informação vazia que nos fornecem, sem qualquer significado cultural, a pobreza do pensamento se reveste de uma pobreza ainda maior e mais ostensiva, a da ignorância.

E há uma mistura, que engana entre a facilidade e a rapidez de comunicação (o instrumento meramente técnico) e o que é transmitido (o banal), como se fossem a mesma natureza. Quando a mensagem pode ser valiosa, rica de conteúdo humano, filosófico ou social, com igual instrumento comunicatório. E a culpa então vai recair no público. Quando percebemos o contrário:quem forma ou deforma essa exigência cultural é a mídia.

Parte do pressuposto errôneo de que o povo não precisa apenas se alimentar intelectualmente, mas tem que receber a comida na boca, e de má qualidade, desdenhando a inteligência de nossa gente, a imaginação ou a inventividade, capaz,hoje,mais do que nunca, de redescobrir o Brasil, a herança que nos legaram. O mais grave, entretanto, é que esse sustento banal, sem cálcio ou vitaminas, está fazendo mal, causando enfermidades em nosso organismo vivo. Até quando assistiremos a esse espetáculo que nos amordaça a consciência e nos dá, sob invólucros coloridos,o veneno e o nada? Além da violência, fonte de outra aprendizagem cega que chega às ruas, isso tudo é feito com a maior sem-cerimônia, a sangue frio.

Um escritor francês observou que "o gosto pela liberdade aumenta, à medida que se goza dela."Assim também o sabor do pensar, buscar o sentido das coisas. Como provar isso tudo se a mídia(com exceções) não dá o gosto da cultura ou da liberdade? A mídia da banalidade nos mostra o outro lado:quando é possível e melhor viver sem ela.

Diário da Manhã (GO), 12/5/2011