Pereira da Silva (João Manuel Pereira da Silva), político, romancista, historiador, crítico literário, biógrafo, poeta e tradutor, nasceu em Iguaçu, atual Nova Iguaçu, RJ, em 30 de agosto de 1817, e faleceu em Paris, França, em 14 de junho de 1898. É o fundador da cadeira n. 34, que tem como patrono Sousa Caldas.
Era filho do negociante português Miguel Joaquim Pereira da Silva e de Joaquina Rosa de Jesus. Em 1834 foi estudar Direito em Paris, formando-se em 1838. Lá participou das atividades do grupo Niterói, escrevendo para o segundo número um artigo importante, o primeiro em que um brasileiro expunha certas diretrizes da crítica romântica. De volta à pátria, foi advogado e político. Pelo Partido Conservador elegeu-se deputado provincial, depois geral, quase sem interrupção, de 1840 a 1888, quando entrou para o Senado. Era titular do Conselho do Império.
Trabalhador ativíssimo, deixou obra abundante em vários gêneros. Estreou como ficcionista, em 1838, com o romance Uma paixão de artista, ao qual se seguiram as novela históricas O aniversário de D. Miguel em 1828, em 1839, e Jerônimo Corte Real, em 1840. Em história e crítica literária publicou notadamente os dois volumes do Parnaso brasileiro, o primeiro em 1843 e o segundo em 1848, boa antologia com um longo ensaio sobre a nossa literatura; e ainda o Plutarco brasileiro e Varões ilustres do Brasil durante os tempos coloniais, ambos também em dois volumes. Quase todas as biografias são de intelectuais, retomando em grande parte, sem contribuição pessoal a mais, o trabalho de biógrafos como Januário da Cunha Barbosa, Varnhagen e outros. Como historiador, a sua obra principal é a História da fundação do Império do Brasil, em sete volumes, publicados entre 1864 e 1868, seguida do Segundo período do Reinado de D. Pedro I no Brasil, em 1871, e da História do Brasil de 1831 a 1840, em 1879.
Muitas restrições têm sido feitas quanto à produção biográfica e histórica de Pereira da Silva, e não foi sem a sua proverbial maldade que o terceiro Martim Francisco declarou que a ninguém era lícito assegurar que desconhecia a história do Brasil, sem ter lido os livros do velho conselheiro.
Essa irônica asserção não invalida a obra que realizou o infatigável polígrafo, testemunha de tantos dos acontecimentos que relata, é certo, mais confiado na sua memória do que na pesquisa de documentos.
Pereira da Silva, um dos fundadores da Academia, quando contava já oitenta anos, foi um acadêmico que ficou sem elogio nesse ilustre cenáculo. Tendo falecido dois anos após a fundação, foi sucedido pelo Barão do Rio Branco, que tomou posse por meio de carta, deixando por isso de estudar a figura e a obra de seu antecessor. Os sucessores do Barão não estavam obrigados a esse estudo, e assim permaneceu sem exame profundo tudo quanto fez aquele acadêmico, polígrafo e historiador com muitos volumes publicados.
Além dos já citados, vários outros livros escreveu e ainda pouco antes de falecer, em Paris, aos 81 anos, havia publicado Memórias do meu tempo. Muitos outros trabalhos deixou, quase todos esparsos, o que mostra a sua produtividade.