DISCURSO DE POSSE DE EDMAR LISBOA BACHA NA ABL
Aonde vai essa gente a subir a encosta,
essa gente que leva o semblante sombrio
e entrementes recobra o sorriso da infância?
Tudo é misterioso ao extremo.
E eu bem quisera, unido à montanha viva,
participar do segredo que se resguarda
no seio das pedras sob a coroa de nuvens.”1
Chego à Academia com o mesmo espanto poético que Henriqueta Lisboa expressa face ao Caraça: com o mesmo fascínio, a atitude de interrogação e de admiração, embebendo-me do ambiente, e procurando descobrir, por sintonia, nas minhas fibras mais íntimas, a resposta ao mistério do que é ser um Acadêmico.
“Exultante” foi o que respondi ao jornalista sobre como me sentia ao ter sido eleito para a Academia. Além da honraria, tão óbvia, essa alegria está associada a outras felizes ocorrências.
A primeira é ser aqui recebido pelo Presidente Fernando Henrique Cardoso. Nossa amizade é de longa data, forjada na vida intelectual e política. Foi ele quem propiciou o momento mais alto de minha vida pública. Sob sua liderança, conseguimos implantar o Plano Real, dando cabo à hiperinflação no país. Muito lhe agradeço ter aceito o convite para me receber na Academia.
A segunda razão de minha felicidade é poder dar continuidade a uma tradição literária familiar. Meus pais foram Maria Lisboa, que, como diretora do Grupo Escolar de Lambari, no Sul de Minas, me ensinou a ler, e Felicio Bacha, que, como administrador da Prefeitura de Lambari, me ensinou a fazer contas.
Três de meus tios pertenceram à Academia Mineira de Letras: a poeta Henriqueta Lisboa, a pedagoga Alaíde Lisboa de Oliveira e o hispanista José Carlos Lisboa. A eles se soma o filólogo José Lourenço de Oliveira, marido de Alaíde, que foi titular da cadeira de linguística na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da UFMG. Colega de ensino dos Acadêmicos Eduardo Portella e Cleonice Berardinelli, José Carlos Lisboa também foi professor dos Acadêmicos Domicio Proença Filho, Ana Maria Machado e Zuenir Ventura -- membros ilustres do “sobrinhato” que meu tio reunia semanalmente em seu apartamento na rua Voluntários da Pátria.
A terceira razão de alegria tem a ver com a minha profissão. É que a Academia, por vezes com longos intervalos, é certo, já abrigou três ilustres economistas brasileiros: Roberto Simonsen, Celso Furtado e Roberto Campos, e. É uma honra afiliar-me a essa tradição, sem querer me comparar a esses grands seigneurs, uma categoria que Joaquim Nabuco insistiu com Machado de Assis que a Academia deveria abrigar – embora em número limitado2.
A quarta feliz ocorrência diz respeito a meus antecessores na Cadeira número 40. Muitos acadêmicos em seus discursos de posse tiveram que se esforçar para dar algum sentido de continuidade à trajetória daqueles que os antecederam. Não é esse o caso da Cadeira 40. Tendo como patrono o Visconde do Rio Branco, ela foi antes ocupada por Eduardo Prado, Afonso Arinos, Miguel Couto, Alceu Amoroso Lima, e Evaristo de Moraes Filho. Todos eles, intelectuais que se sobressaíram na vida pública brasileira por terem conseguido fazer a união do pensamento com a ação – ação universitária, ação política, ação social. De novo sem veleidades comparativas, também me alegra dar continuidade a essa nobre tradição.
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É possível que o Visconde de Rio Branco, patrono da Cadeira 40, tenha sido o mais importante estadista do Segundo Reinado3. Certamente, foi o mais longevo dos presidentes do Conselho de Ministros de Dom Pedro II. Inscreveu seu nome em nossa história com a aprovação da Lei do Ventre Livre e a promoção da livre imigração europeia – dando assim início à modernidade brasileira.
Modernidade conservadora, é certo, e que por isso mesmo mereceu a aprovação de Eduardo Prado, o primeiro ocupante da Cadeira 40. Eduardo Prado foi um dos primeiros “iberistas”, intelectuais que interpretaram positivamente o povo e costumes brasileiros, em oposição aos “americanistas” que a ambos queriam descartar em benefício de um ideal anglo-saxônico4. Prado marcou sua oposição ao modo norte-americano de ser com seu histórico A Ilusão Americana, em que castiga o namoro da nascente República com nosso poderoso mas para ele ameaçador vizinho do Norte. Expressou, também, sua ojeriza ao caráter militarista e antilibertário dos primeiros anos da República em seu igualmente famoso Os Fastos da Ditatura Militar no Brasil.
Com modéstia, Afonso Arinos atribuiu sua eleição à Academia ao fato de ser amigo de Eduardo Prado. Olavo Bilac, que aqui o recebeu, corrigiu-o prontamente, apontando para sua importante obra na linha literária sertanista. Ademais, historiografia recente5 sugere caber uma releitura da biografia de Afonso Arinos em três outras dimensões.
A primeira é sua atuação como diretor do jornal O Comércio de São Paulo, a pedido de seu amigo Eduardo Prado, que era o dono desse jornal monarquista, onde, a partir do profundo conhecimento que tinha da vida sertaneja, acompanhou diariamente a campanha militar de Canudos. Como jornalista, Afonso Arinos se situa, assim, ao lado de Euclides da Cunha na denúncia do massacre de Antonio Conselheiro e seus seguidores.
A segunda revisão parte de suas cartas a Olavo Bilac explicando os nomes da flora e da fauna do sertão mineiro numa linguagem telegráfica e sugestiva, bem diferente daquela de seus contos em Pelo Sertão. Confirma, assim, a avaliação de Luciana Picchio, que identifica “no buriti de Afonso Arinos esboço e prefiguração do buriti inconfundível de Guimarães Rosa”6.
Em terceiro lugar, as seis concorridas conferências que Afonso Arinos deu pouco antes de sua morte, em São Paulo, sobre Lendas e Tradições Brasileiras, estiveram possivelmente na origem do despertar do interesse de Mario de Andrade – que presenciou essas conferências -- pela cultura popular brasileira.
Em suma, ao lado de sua obra sertanista, a atuação intelectual de Afonso Arinos o coloca como um dos vértices do movimento que antecede o Modernismo, de redescoberta de um Brasil colonial, folclórico e popular.
Sucedendo a Afonso Arinos, Miguel Couto já chegou à Academia em 1916 como médico consagrado7. Eleito presidente da Academia Brasileira de Medicina em 1914, foi reeleito para esse mesmo cargo por 21 anos, até o fim de sua vida. Bem antes disso, em 1898, assumira sua primeira cátedra na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, onde também lecionou até sua morte. Ainda como estudante de medicina, entrou como interno na Santa Casa da Misericórdia que, desde então, fez parte de seu cotidiano de trabalho. Sua obra médica é vasta, tendo feito contribuições científicas importantes para o tratamento da febre amarela.
Em discurso histórico de 1927, na Associação Brasileira de Educação, Miguel Couto dá forma a seu projeto nacional de educação. Propõe a criação de um ministério da educação dividido em dois segmentos, higiene e educação pública. Dentro da tradição sanitarista do país, educação e higiene vinham juntas em seu pensamento.
Naqueles tempos ideologicamente conturbados, da higiene para a eugenia era apenas um passo. Nesse contexto, eleito deputado à Constituinte de 1934, Miguel Couto expressou seu desacordo com a imigração japonesa, que assumira proporções crescentes após o fechamento da porta de entrada aos Estados Unidos8. Em contrapartida, também obteve a aprovação de uma emenda constitucional – que ficou conhecida como emenda Miguel Couto -- instituindo a obrigatoriedade e a gratuidade da educação no país.
O Acadêmico João Luiz Alves, que também foi ministro da Justiça de Artur Bernardes, inventou o neologismo “miguelcoutismo” para caracterizar a “bondade ativa” característica da formação moral desse grande médico. É assim possível especular que, houvesse Miguel Couto vivido até nossos dias, teria mudado sua posição a respeito da imigração japonesa, reconhecendo como todos agora reconhecemos a extraordinária contribuição dos descendentes daqueles imigrantes para a civilização e cultura do país.
Mas Miguel Couto não teve essa oportunidade, porque faleceu pouco mais de um mês após o fechamento dos trabalhos da Assembleia Constituinte. Quem pôde evoluir para além dos preconceitos do turbilhão ideológico da década de 1930 foi seu sucessor na Cadeira 40, Alceu Amoroso Lima. Ao chegar aos oitenta anos, pôde ele com justificado orgulho dizer: “mudei e mudei porque vivi, porque viver é mudar9... [A] evolução que se processou no meu pensamento foi uma espécie de volta a mim mesmo. Após minha oscilação à direita, quando ingressei no catolicismo, era natural que viesse mais tarde a corrigi-la.”10
Dr. Alceu, como afetuosamente o chama seu biógrafo o Acadêmico Candido Mendes, começou sua vida intelectual no final da década de 1910 como um crítico literário inovador. Referindo-se à introdução a seu mais importante livro dessa fase, sobre Afonso Arinos, o Acadêmico Candido Mendes assevera que: “[...] é um texto fundador que situa as condições do espírito crítico, ao mesmo tempo que faz a descoberta do objeto de sua obra.”11
Dr. Alceu participou com senso de medida da virada modernista de 1922. Chegou a carregar Graça Aranha nos braços quando de seu contundente discurso em prol do modernismo, nesta Academia, em 1924. Mas, em última análise, por muito conhecer a literatura e a vida literária brasileira, por dominar uma vasta literatura europeia em vários campos de letras e humanidades, Dr. Alceu estava preparado para o exercício de colocar em perspectiva o que se produzia no Brasil. Nesse plano, foi um crítico severo da aura que o modernismo paulista criara em torno de si.
No final dos anos 1920, ocorre a primeira transformação em seu pensamento. Trata-se de sua conversão ao catolicismo, levado pelas mãos de Jackson de Figueiredo. A partir de então, ele procura conciliar a metafísica cristã com a análise estética autônoma. Dr. Alceu continuou a produzir artigos e livros copiosamente. Mas não mais retornou à crítica literária como atividade central de seu percurso.
O período de 1928 a 1945 é para o Dr. Alceu a fase do convertido que assumiu a posição de cruzado de uma Igreja conservadora. Após a morte súbita de Jackson de Figueiredo, passou a dirigir o Centro Dom Vital, e foi fundador da Ação Católica e da Liga Eleitoral Católica. “Cristão novo", como ele se dizia, influiu para modificar a fisionomia laicista do Estado brasileiro na Constituição de 1934 e tomou posições radicais contra o movimento da escola nova de Anisio Teixeira.
Num processo em que a introspecção subjetiva se mistura com a influência do pensamento de Jacques Maritain, a partir do fim da 2ª. Guerra Dr. Alceu passa por um processo de aggionarmento, antecipando-se às tendências que culminaram no Concílio Vaticano II. Nessa nova e auspiciosa transformação, torna-se um crente aberto à modernidade, dialogando com o tempo presente e com a sociedade em chave pluralista dentro de um modelo eclesial atualizado. Esse processo atinge plena maturação com o golpe militar de 1964, a partir do qual Dr. Alceu se torna – na expressão do Acadêmico Zuenir Ventura12 -- um “monumento” na luta contra a ditadura e pelo restabelecimento da democracia no país.
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Na abertura de sua obra magna, O Problema do Sindicato Único no Brasil, Evaristo de Moraes Filho revela muito de si mesmo ao citar Marx na XI tese sobre Feuerbach: “Os filósofos nada mais têm feito do que interpretar o mundo de diversos modos; importa agora transformá-lo”.
É sob essa ótima da transformação social que gostaria de abordar o pensamento de Evaristo de Moraes Filho. Com sua inquietação intelectual e erudição, meu antecessor deixou uma extensa obra nos campos do direito, da filosofia, da história das ideias e da sociologia. Como não me é possível tratar de toda sua obra, concentrarei minha atenção em temas relacionados à transformação social.
Antes disso, peço permissão a meus confrades para me referir a meu antecessor apenas por seu prenome “Evaristo” – que melhor traduz não só meu carinho pelo autor, como meu respeito pela identidade de sua obra.
A primeira parte de O Problema do Sindicato Único contém uma análise histórica dos conceitos de profissão e daquele de sindicato, a ela associado. Argui que o sindicato é um grupo funcional ou de interesse, espontâneo, diretamente emanado da realidade econômica e social, e que não precisa de uma chancela do Estado para constituir-se. Consubstancia, então, a tese a favor do sindicato único por profissão, justificando-a, entre outros argumentos, por ser a forma de organização que maximiza o poder de barganha do operariado face ao patronato.
A segunda parte do livro traz para o Brasil a discussão sobre a sindicalização operária. Nessa parte se dá a precursora contribuição de Evaristo para a historiografia social brasileira: o desvendamento da evolução do sindicalismo, de suas lutas e de suas conquistas na 1ª. República. Ao final de cuidadosa reconstrução histórica, Evaristo conclui: “Daí considerarmos erro histórico... a frase feita de que o Brasil nada possuía n[o] terreno [da legislação trabalhista] antes [de 1930]. É uma injustiça que se comete à massa operária; aos grandes idealistas e lutadores que as defenderam e orientaram (como seu pai); aos parlamentares, principalmente, aos membros da Comissão de Legislação Social; e, finalmente, a alguns homens de governo.”13
Com o desassombro que lhe era característico, Evaristo recupera o Presidente Washington Luiz da sanha acusatória do Estado Novo. Cita a frase a ele atribuída14 de que a questão social não passava de simples caso de polícia. E lhe antepõe a declaração do próprio presidente de que: “as paredes operárias se fazem todo dia...deve o Estado cumprir o dever de regulá-las nas suas causas, nos seus efeitos.”15 Em agradecimento a essa citação, Washington Luiz escreve longa carta a Evaristo16, reiterando que jamais dissera a insultuosa frase sobre a questão social, ressaltando, aliás, tratar-se de “frase que o mais bisonho político, mesmo em nossa terra, não ousaria empregar.”
O fato é que em O Problema do Sindicato Único Evaristo desmonta o mito da outorga da legislação trabalhista por Getúlio Vargas. Para Evaristo, o maior mérito da chamada revolução de outubro foi criar organismos administrativos que mantiveram uma fiscalização severa na aplicação das leis trabalhistas já existentes. O custo, entretanto, foi a integração dos sindicatos, não na sociedade, mas no próprio Estado. Em troca de benefícios de ordem individual, perderam os trabalhadores a liberdade sindical, num processo de controle estatal que se agravou com a implantação do Estado Novo. Nesse período ditatorial foi promulgada em 1943 a Consolidação da Legislação Trabalhista, cuja reforma foi objeto de uma proposta de Evaristo que discutirei mais adiante.
Em 1981, trinta anos depois da primeira edição de Problema do Sindicato Único, Evaristo retorna ao que denomina de anos heroicos do movimento social brasileiro. Na introdução à coletânea que organiza sobre O Socialismo Brasileiro procede a detalhada análise do movimento socialista no país, vindo desde a Abolição da Escravatura até o manifesto do Partido Socialista Brasileiro de 1947.
O Socialismo Brasileiro é um belo exemplo da paixão de Evaristo não apenas pelo socialismo democrático, mas também pela história das ideias sociais no Brasil e também na Europa. Seu livro de estreia, Profetas de um Mundo que Morre, escrito aos 26 anos17, recém-saído da Faculdade de Direito, já denota essa paixão, ao analisar criticamente as ideias reacionárias do pensador francês Alexis Carrell, do filósofo alemão Herman von Keyserling, e do poeta italiano Gabriele d’Annunzio. É um livro, nos adverte o Acadêmico Alberto Venâncio Filho, que “deve ser lido às avessas, como pensamento social ao contrário, negando tudo o que [por esses autores] é afirmado.”18
De certo modo, também às avessas é para ser lido um dos últimos livros de Evaristo, já com 71 anos, intitulado Medo à Utopia, com o subtítulo de “O Pensamento Social de Tobias Barreto e Silvio Romero”. Nessa obra de maturidade, Evaristo analisa com a extensão e profundidade usuais o pensamento social da Escola de Recife, conforme ilustrado nas obras de seus dois maiores expoentes. Face à importância desses autores na história da vida intelectual brasileira o tom de Evaristo é bem diferente daquele adotado para os “profetas de um mundo que morre”. Mas sua conclusão segue na mesma linha crítica: “[Tobias e Silvio] não viram que a utopia urge da própria existência, como corretivo, como instrumento ideal de mudança da realidade incômoda e injusta. Por isso mesmo, não se engajaram nos movimentos de reforma social, presos à estrutura e à estratificação dos seus dias. Em nome da ciência, tiveram medo de ser utópicos. Não assumiram um compromisso de uma nova sociedade com o futuro.”19
Talvez o compromisso de que Evaristo esteja falando reflita suas esperanças com a redemocratização do país, pois a primeira edição de O Medo da Utopia data de 1985. Não terá sido por coincidência que, alguns anos antes, em 1978, quando as primeiras manifestações populares e sindicais prenunciavam o fim do regime militar, Evaristo tenha escrito uma surpreendente interpretação de As Ideias Fundamentais de Tavares Bastos. Esse autor sempre fora apresentado na historiografia brasileira como um dos expoentes do liberalismo do país na segunda metade do século XIX. Entretanto, a partir de um exame cuidadoso de sua obra, complementada por consulta a sua correspondência e manuscritos guardados na Biblioteca Nacional, o Tavares Bastos que emerge da obra de Evaristo é um social-liberal na tradição de Norberto Bobbio20 -- precursor da legislação trabalhista e favorável à intervenção governamental quando ela se fazia necessária, como na educação, na promoção da emigração e na reforma agrária.
Nesse mesmo diapasão, em 1983, em sua “Introdução” a Rui Barbosa, A Questão Social e Política no Brasil, Evaristo faz uma releitura voltada para as questões sociais da obra de nosso pensador liberal por excelência. O Rui que Evaristo recupera é o da reforma do ensino ainda no Império, o da construção de casas para operários, e, sobretudo, o que reconhece no fim da vida a legitimidade da questão social na agenda política. É o Rui de famosa conferência em 1919 que, influenciado por Antonio Evaristo de Moraes, pai de Evaristo, admite enfrentar o tema da igualdade sem abrir mão daquele da liberdade.
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Não foi somente como historiador e crítico de ideias que Evaristo expressou sua paixão pela transformação social. Ele também a manifestou em suas escolhas profissionais, como praticante e lente do direito do trabalho, e como sociólogo. E também em sua atuação política, embora nesse caso tenha sido tolhido em seus movimentos21 por sua função pública como Procurador da Justiça do Trabalho.
Com incrível sinceridade, em Sem Medo da Utopia Evaristo declara que, quando jovem, “queria ser maior que o meu pai”22. Além de ter sido possivelmente o mais famoso criminalista da 1ª. República, Antonio Evaristo de Moraes foi um socialista histórico, defensor de líderes operários presos ou ameaçados de expulsão, e militante em favor da legislação trabalhista.
Foi ele o responsável por Evaristo ter cursado direito e quem em 1934 lhe conseguiu emprego no Ministério do Trabalho, onde Evaristo inicialmente foi Secretário das Comissões Mistas de Conciliação e mais tarde Procurador Regional do Trabalho.
Embora Evaristo tenha advogado durante algum tempo no escritório de seu pai, logo se deu conta que não tinha gosto pelo ofício. “Estudar, ser cientista, conhecer a teoria do Direito era uma coisa; exercer a advocacia era outra muito diferente. Eu não quis ser advogado, apenas me formei em Direito. Nunca advoguei. Mais tarde, sim, fiz o que queria, fui estudar Sociologia e Filosofia”.23
Além de seu pai, outra influência intelectual marcante que recebeu foi a de seu professor na Faculdade de Direito do Rio de Janeiro, Edgardo de Castro Rebelo, “a maior cabeça da faculdade” segundo Evaristo. Castro Rebelo atraía os alunos não apenas pela alta competência jurídica, mas pelo encanto pessoal e, sobretudo, pelo exemplo de correção moral. De Castro Rebelo, Evaristo veio a se tornar, além de discípulo, um grande amigo24. É dele o único retrato de professor que Evaristo manteve em sua mesa de trabalho25.
Curiosamente, uma das primeiras obras de Evaristo na fronteira do direito com a sociologia, escrita em 1949, O Problema de uma Sociologia do Direito26, se contrapunha justamente a Castro Rebelo. Este era defensor do direito normativo, oriundo da regra jurídica baixada pelos poderes competentes do Estado, e para o qual, em sua visão, a sociologia nada teria a dar. Em seu livro, ao contrário, Evaristo dá evidência ao Direito como fato social, asseverando que sua eficácia é um problema sociológico27. Baseado no conceito de Direito Social, do sociólogo francês de origem russa, Georges Gurvitch, essa defesa por Evaristo do pluralismo jurídico, em contraposição ao monismo que só admite o Direito oficial, era então pouco divulgada nos meios jurídicos brasileiros.
Sempre numa perspectiva pluralista, é extensa a obra de Evaristo em Direito do Trabalho. Nela se destacam os textos Trabalho em Domicílio e Contrato de Trabalho, de 1943, A Justa Causa na Rescisão do Contrato de Trabalho, de 1946, A Sucessão das Obrigações e a Teoria da Empresa, de 1960, todos inovadores na forma de tratamento dos temas neles considerados.
Mas foi no Projeto do Código de Trabalho, de 1964, que Evaristo deixou para a posteridade sua concepção do que deveria ser o diploma legal que substituísse a Consolidação da Legislação Trabalhista de 1943. A proposta lhe fora solicitada pelo governo João Goulart, mas somente ficou pronta após o golpe militar, tendo sido portanto solenemente ignorada.
O Projeto mantinha o instituto do sindicato único, mas qualificado pela condição que fosse a associação que periodicamente demonstrasse ter a maior representatividade. Além disso, punha por terra dispositivos centrais da CLT, que fundamentavam o rígido controle estatal sobre os organismos sindicais, como o imposto sindical, o enquadramento sindical, a proibição de entidades de cúpula. O Projeto também instituía os conselhos de fábrica, inspirados na prática alemã, e fortalecia as convenções coletivas do trabalho, dentro das ideias gêmeas de promover a democracia dentro da empresa e superar o paternalismo de nossa legislação trabalhista. Coerente com sua percepção de que os trabalhadores brasileiros e seus sindicatos não tinham suficiente musculatura para negociar de igual para igual com o patronato, o Projeto de Evaristo mantém o princípio da estabilidade no emprego e o poder normativo da Justiça do Trabalho.
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Devido à escassez de tempo, cingi-me a aspectos da obra e não ao homem. Mas não poderia caminhar para a conclusão sem fazer referência a um episódio, triste mas marcante da trajetória de Evaristo. Após aposentar-se voluntariamente como Procurador da Justiça do Trabalho em 1966, esperava ele poder dedicar-se doravante exclusivamente a sua biblioteca de 20,000 livros a seus alunos na Faculdade de Direito e no Instituto de Filosofia da UFRJ. Apenas parte de seu sonho pôde realizar. Porque foi vitimado pelo regime de perseguições que passou a vigorar no sistema universitário brasileiro após a edição do Ato Institucional número 5. Preso por uma semana sem qualquer justificativa, em setembro de 1969 ele foi compulsoriamente aposentado de sua cátedra na Faculdade de Direito e de sua docência no Instituto de Filosofia, ficando proibido de exercer qualquer outra função no setor público. Quando a anistia chegou em agosto de 1979, foi o único professor titular no Rio de Janeiro que se recusou a solicitá-la. “Assim como não reconheço a legitimidade jurídica do ato que me aposentou, do mesmo jeito não reconheço a legitimidade dessa falsa anistia”, disse ele em carta à UFRJ28. A ter que conviver com os farsantes que o denunciaram ao SNI, preferiu encerrar prematuramente a carreira, sofrendo, com isso, grande prejuízo financeiro.
Sobraram-lhe, entretanto, os livros, e honras posteriores não lhe faltaram. Em 1983, foi eleito para esta Academia. Nesse mesmo ano, se tornou sócio honorário do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro e professor emérito da UFRJ. Ainda em 1983, recebeu a medalha Teixeira de Freitas, a maior honraria conferida pelo Instituto dos Advogados Brasileiros. Também recebeu a Medalha da Magistratura do Tribunal Superior do Trabalho. Em 2002, a Associação Nacional dos Procuradores da Justiça do Trabalho criou um prêmio anual com seu nome, para a melhor obra em direito do trabalho.
Face a essas honrarias e lembrado do quanto, chegado aos 90 anos, ainda estava produzindo intelectualmente, Evaristo conclui sua entrevista em Sem Medo da Utopia dizendo: “Levando tudo isso em conta, sou obrigado a reconhecer que não vivi em vão”.29
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Além de pouco ter dito sobre a vida de Evaristo, nada consegui dizer sobre sua obra filosófica. Queria, por isso, concluir com uma estrofe de Goethe, que Evaristo usa, em seu Goethe e a Filosofia30, para retratar o próprio poeta alemão que tanto amava, mas que, para mim, lhe cai como uma luva:
Seu ouvido escuta a harmonia da natureza;
Seu peito logo recebe
O que a história ensina e a vida oferece;
Seu gênio recolhe coisas dispersas
E seu sentimento vivifica as coisas inanimadas.
“Só os loucos não sonham”, nos ensinou Evaristo. E completava: “ai da sociedade satisfeita consigo mesma, que não se volte para o futuro, procurando antecipá-lo e construí-lo, porque só nele pode colocar os seus sonhos”.31
Sonhemos, pois, com Evaristo. Com a ajuda de seu gênio que recolhe coisas dispersas e de seu sentimento vivificador, vamos deixar Belíndia para trás e, em sua homenagem, tratar de construir um Brasil livre, fraterno e justo.
NOTAS
1 Lisboa (1959). O parágrafo que se segue foi inspirado na bela apresentação do Padre Lauro Palú ao livro Montanha Viva – Caraça, que contém esse poema.
2 Cf. d’Avila (2006), págs. 196-197.
3 Cf. Moraes Filho (1988), págs. 20-21.
4 Cf. Carvalho (2007) e Medeiros (2016).
5 Cf. Carvalho (2008), Giarola (2013), Lazzari (2008).
6 Cf. Pichio (1997), p. 310.
7 Cf. Alves (2016).
8 Cf. Engel (2012), Miki (2013).
9 A. A. L., Memorando dos 90, p. 391; apud Costa (2006), p. 376.
10 A. A. L., Memórias Improvisadas, p. 234; apud Costa (2006), p. 371.
11Dr. Alceu, p. 239.
12 Em Costa (2006), p. 343.
13PSU, p. 210.
14 Possivelmente por Lindolfo Collor, conforme especula o próprio Evaristo em SMU, p. 116.
15PSU, 1978, p. 210, citando Carvalho Netto no Jornal do Comércio, de 29/12/1925.
16 Reproduzida em SMU, pp. 207-209.
17 Em SMU, p.180, Evaristo diz que o livro foi escrito em 1940. Diz também que interrompeu o trabalho quando foi nomeado procurador da justiça do trabalho na Bahia, em janeiro de 1941. Voltou ao Rio em fevereiro de 1942. Deve ter entregado os originais do livro para a Editora Globo (que não o publicou) no final de 1942, pois na edição de 1946, pela Editora Leitura, consta uma página de dedicatória a nove amigos com data de 25/12/1942.
18 Venancio Filho (2005), p. 24.
19MaU (2001), p. 258.
20 Na expressão de Carvalho (2005).
21 Como diz o próprio Evaristo em SMU, p. 108.
22SMU, p. 29.
23SMU, p. 30.
24 Cf. Venancio Filho (2005), p. 22.
25 Cf. Morel et al. (2007), p. 33.
26 Editado em 1950 pela Livraria Freitas Bastos. Edição fac-similar pela Renovar, 1997.
27 Para uma análise da sociologia jurídica de Evaristo, ver Silva (2016).
28 Reproduzida em Moraes Filho (2005), p. 371-374.
29 SMU, p. 183.
30GeF, 1999, p. 72. Adaptado da tradução do poema em alemão feita por Evaristo.
31 MaU, 2001, pp. 42-43.
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