Décimo ocupante da Cadeira 7, eleito em 30 de agosto de 2018 na sucessão do Acadêmico Nelson Pereira dos Santos e recebido pelo Acadêmico Geraldo Carneiro em 12 de abril de 2019.
Carlos Diegues nasceu em Maceió, Alagoas, em 19 de maio de 1940, e é um dos grandes nomes do cinema brasileiro de todos os tempos. No início dos anos 1960, foi um dos fundadores do movimento Cinema Novo ao lado de Glauber Rocha, Nelson Pereira dos Santos, Joaquim Pedro de Andrade, Paulo Cesar Saraceni, Leon Hirszman e outros. Nos anos 1970, inaugura um período de grande popularidade do cinema brasileiro, com seu filme “Xica da Silva”, ainda hoje um dos filmes mais cultuados desta cinematografia. No início dos anos 1980, realiza “Bye Bye Brasil”, um dos filmes brasileiros mais conhecidos e consagrados no mundo inteiro.
O cinema de Diegues consegue o raro feito de ser, ao mesmo tempo, popular e de empenho artístico, reflexivo e de encantamento. Artista militante e intelectual combatente, Carlos Diegues opôs-se à ditadura militar em seu país, que durou de meados dos anos 1960 até o início dos anos 1980, tendo por isso vivido no exílio, durante um período dela. Suas intervenções públicas nos debates sobre política, cultura e cinema brasileiros, através de livros, artigos e entrevistas, até hoje provocam polêmicas, sempre positivas em relação a essas matérias.
A maioria de seus filmes foi lançada comercialmente em quase todos os países do mundo, tendo também participado das seleções oficiais dos mais importantes festivais internacionais de cinema, como Cannes (onde também foi membro do Júri, em 1981 e 2010), Veneza, Berlim, Toronto, Locarno, Montreal, San Sebastian, Nova York, e muitos outros, o que tornou Carlos Diegues um dos cineastas latino-americanos mais conhecido e respeitado no mundo inteiro. Ganhou vários prêmios em muitos destes festivais, sendo os mais recentes os de Melhor Filme nos Festivais de Montreal e Paris, além de prêmios especiais em Mar Del Plata e Havana, para “O Maior Amor do Mundo”, seu filme mais recente, lançado em 2006.
Em 2010, Diegues produziu "5 X Favela, agora por nós mesmos", primeiro longa-metragem brasileiro totalmente concebido, escrito e realizado por jovens cineastas moradores de favelas do Rio de Janeiro, que esteve na seleção oficial de Cannes, naquele ano, além de ganhar o prêmio de melhor filme do público no Festival de Biarritz e sete prêmios no Festival de Paulínia, em São Paulo, inclusive os de melhor filme do público e do juri oficial. Para o mesmo grupo de cineastas de “5 X Favela, agora por nós mesmos”, ele produziu um outro filme, o documentário “5 X Pacificação”, sobre a nova política de segurança pública de combate ao tráfico armado, que está mudando o Rio de Janeiro.
Em 1998 recebeu do Governo Francês o título de “Officier de l’Ordre des Arts et des Lettres”. Assim como, em 2001, foi igualmente agraciado com a medalha da “Ordem de Mérito Cultural”, outorgada pelo Governo do Brasil.
Em janeiro de 2015, Carlos Diegues realizou seu novo longa metragem “O Grande Circo Místico”, uma coprodução entre Brasil, Portugal e França, que foi rodado em Portugal e está em fase de finalização, com lançamento previsto para o primeiro semestre de 2016 em Cannes.
Prêmios Pelo Conjunto da Obra
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Prêmio pelo Conjunto da Obra no Fest Aruanda em dezembro de 2010
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Prêmio Roberto Rossellini pelo Conjunto da Obra. Concedido pela Fundação Roberto Rosselini e a Associação Nacional dos Críticos Italianos de Cinema. Roma, 2008.
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Prêmio "Vida y Trabajo" pelo conjunto da obra no Festival de Santa Cruz de la Sierra, Bolívia, 2007.
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Troféu Gloria, Lifetime Achievement Award, Chicago (EUA), em 2005.
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Troféu Eduardo Abelin pelo conjunto da obra, no Festival de Gramado, em 2003.
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Golden Reel Award concedido pelo HBO Group, pelo conjunto da obra, em 2000.
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Prix de la Celebration du Centenaire du Cinématographe, Institut Lumière, Lyon (França), em 1995.
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Outstanding Achievement in the Art of Film, Denver (EUA), em 1990.
Títulos e distinções
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Conselheiro da Cinemateca Brasileira de 2010 a 2013.
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Membro da Comissão de Honra da ABI - Associação Brasileira de Imprensa, 2008.
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Curador da Mostra de Cinema dos Jogos Panamericanos, 2007
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Membro do Conselho Estadual de Cultura do Rio de Janeiro, 2007.
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Patrono do Curso de Audiovisual da CUFA (Central Única das Favelas), Rio de Janeiro, em 2005.
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Membro do Conselho Superior de Integração Social da Universidade Estácio de Sá, desde 2003.
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Cavaleiro da Ordem do Mérito de Palmares, do Governo de Alagoas, em 2000.
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Comendador da Ordem de Rio Branco, do Governo do Brasil, em 2000.
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Medalha Pedro Ernesto da Câmara Municipal do Rio de Janeiro, em 1999.
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Comendador da Ordem do Mérito Cultural, do Governo do Brasil, em 1998.
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Officier de l'Ordre des Arts et des Lettres, concedida pelo Ministério da Cultura da França, em 1986.
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Membro titular da Cinemateca Francesa, Paris (França), desde a década de 1970.
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Membro da Academia Brasileira de Letras, 2018.
Atualizado em 15/04/2019