Carlos de Laet (Carlos Maximiliano Pimenta de Laet), jornalista, professor e poeta, nasceu em 3 de outubro de 1847, no Rio de Janeiro, RJ, e faleceu também no Rio de Janeiro em 7 de dezembro de 1927. Convidado para a última sessão preparatória da instalação da Academia, em 28 de janeiro de 1897, foi o fundador da cadeira n. 32, que tem como patrono Araújo Porto-Alegre.
Era filho de Joaquim Ferreira Pimenta de Laet e de Emília Ferreira de Laet. Aos 14 anos matriculou-se no 1º ano do Colégio Pedro II. Laureado bacharel em Letras, matriculou-se na Escola Central, depois Politécnica. Formado em Engenharia, não seguiu a carreira preferindo voltar-se para o magistério e o jornalismo. Em 1873, fez concurso no Colégio Pedro II para a cadeira de Português, Geografia e Aritmética, disciplinas que formavam o primeiro ano do curso. Em 1915, com a reforma do ensino, desapareceu aquilo que Ramiz Galvão chamara “anomalia”, a reunião de três disciplinas tão díspares numa mesma cadeira e Laet foi então nomeado professor de Português.
Por um momento, deixou-se seduzir pela política. Em 1889 seus amigos monarquistas insistiram com ele para aceitar uma cadeira de deputado. Foi eleito, mas o advento da República privou-o da cadeira. Manteve-se monarquista e fiel ao culto de D. Pedro II. Proclamada a República, deliberou o Governo Provisório substituir o nome do Colégio Pedro II pelo de Instituto Nacional de Instrução Secundária. Na sessão da congregação da casa de 2 de maio de 1890, Laet requereu fosse feito um apelo ao governo republicano para conservar-se o nome antigo do estabelecimento. No dia seguinte, o Diário Oficial trazia a demissão de Carlos de Laet. Pouco depois, Benjamin Constant, o primeiro ministro da Instituição do Governo provisório, conseguiu transformar o ato de demissão em aposentadoria. No governo de Venceslau Brás foi ele reconduzido ao posto no magistério.
Carlos de Laet exerceu, desde então, até aposentar-se, em 1925, o cargo de professor, e foi também, durante longos anos, diretor do Internato Pedro II. Foi professor do Externato de São Bento e do Seminário de São José, entre outros estabelecimentos de ensino particular.
No jornalismo, estreou no Diário do Rio em 1876, passando em 1878 para o Jornal do Comércio, onde durante dez anos escreveu os textos do seu "Microcosmo". Trabalhou também, como colaborador e como redator na Tribuna Liberal, no Jornal do Brasil, do Comércio de São Paulo e do Jornal, nos quais deixou uma vasta produção de páginas sobre arte, história, literatura, crítica de poesia e crítica de costumes.
Por suas convicções monarquistas sofreu perseguição também em 1893, por ocasião da revolta da Armada. O jornalista refugiou-se então em São João del Rei, onde dedicou-se a escrever o livro Em Minas. Católico fervoroso, serviu à Igreja no Brasil, como presidente do Círculo Católico da Mocidade, sendo-lhe conferido pelo Vaticano o título de Conde.
Dir-se-á que foi reacionário porque combateu o Modernismo, tendo-lhe escapado o sentido renovador do movimento. Graça Aranha foi alvo de suas críticas e zombarias, tendo-lhe fornecido assunto para três sonetos galhofeiros. É preciso não esquecer, porém, que Carlos de Laet nascera em 1847, sendo, portanto, compreensível que, já beirando os 80 anos, não tenha compreendido a nova corrente de ideias suscitada pelos iconoclastas de 1922.
Na Academia Brasileira, Laet recebeu sempre provas de apreço e consideração de seus companheiros. Eleito presidente em 1919, na vaga de Rui Barbosa, exerceu três mandatos até 1922, quando renunciou. Foi presidente da primeira comissão do Dicionário da Academia.
Tendo produzido um acervo jornalístico que, reunido em livros, chegaria a dezenas de volumes, Carlos de Laet deixou poucas obras publicadas.
A Academia Brasileira de Letras publicou uma seleção de suas crônicas prefaciada por Homero Sena.