Essa publicação faz parte da coleção Coleção Austregésilo de Athayde
O poema Tragédia Épica (Guerra de Canudos), do poeta baiano Francisco Mangabeira, editado pela primeira vez em 1900, reaparece agora nesta prestigiosa Coleção Austregésilo de Athayde da Academia Brasileira de Letras, como uma verdadeira relíquia literária. Nada justifica ter permanecido essa obra em inexplicável ostracismo durante tantas décadas. Trata-se de um livro que, dada a sua singularidade, ocupa lugar de relevo no ciclo literário de Canudos, em cujo centro impera até hoje o livro Os Sertões, de Euclides da Cunha, publicado em 1902. O poema de Mangabeira não é uma simples curiosidade literária. Seus versos narrativos e eloquentes certamente despertarão o interesse dos leitores e estudiosos contemporâneos, uma vez que emanam de uma voz lírica, piedosa e indignada, para denunciar o trágico episódio da história brasileira. O poeta pensou em dedicar o livro à memória das vítimas ou aos companheiros de expedição, registrando que esta seria: “uma boa maneira de exprimir a [sua] repulsa àquele monstruoso pesadelo da Pátria”. Publicado no calor das reverberações da fatídica campanha militar de Canudos, seus relatos da guerra, convertidos em vinte cantos marcados por um lirismo de acento trágico, surpreendem e instigam o leitor a refletir e a fazer comparações acerca do tema do consagrado livro de Euclides da Cunha e de tantas outras obras. [...] [Apresentação de Aleilton Fonseca]