Essa publicação faz parte da coleção Série Essencial
Bênção Paterna
Em julho de 1872, o escritor José de Alencar publica um longo prefácio intitulado “Bênção Paterna”, que introduziria mais um dos seus romances, Sonhos d’Ouro. No texto, o escritor oferece aos leitores um panorama da sua obra, como uma espécie demanifesto a favor do romance e da língua “brasileira”. Faz uma série de considerações quanto aos censores literários e à recepção dos leitores, com o intuito de rebater algumas críticas que corriam na imprensa sobre seus livros precedentes, principalmente aquelas que tratavam a sua obra como produto da “musa industrial”. Dentre as advertências do prefácio, encontramos uma que nos parece singular para reconstruirmos um pouco das ideias do romancista:
É para aquela crítica sisuda que te quero eu preparar com meu conselho, livrinho, ensinando-te como te hás de defender das censuras que te aguardam. Versarão estas, se me não engano, principalmente sobre dois pontos, teu peso e tua cor. Achar-te-ão com certeza muito leve, e demais, arrebicado à estrangeira, o que em termos técnicos de crítica, vem a significar – “obra de pequeno cabedal, descuidada, sem intuito literário, nem originalidade”. [...] Flávia Amparo