O livro “Ana e a margem do Rio” do Acadêmico e escritor Godofredo de Oliveira Neto foi adaptado para uma peça teatral, que terá uma exibição única nesta sexta-feira, 8 de dezembro, às 17h, na Escola Municipal Alencastro Guimarães, no Núcleo de Arte em Copacabana. Segundo o Acadêmico, o convite foi feito por uma professora do Colégio de Aplicação da UERJ, que trabalhou na E.M Alencastro Guimarães.
“No livro, procuro fazer um resumo dos grandes mitos indígenas da região da Amazônia. Quem me deu muito suporte foi o Acadêmico Alberto da Costa e Silva – falecido recentemente - que tem um estudo dos indígenas e professor e grande filósofo brasileiro, que é especialista em mitos greco-romanos. Ele me ajudou em várias dessas mitologias e na seleção delas. Fiquei muito feliz, porque este livro recebeu o prêmio de altamente recomendável da Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil e foi comprado pelo Programa Nacional da Biblioteca da Escola. Estou muito curioso para a peça. Não tenho ideia de como ficou o resultado”, destaca o Acadêmico.
O livro conta a história de uma indígena, Ana, que está numa escola de freiras onde estudou desde pequena, em plena Floresta Amazônia. Ana tem uma cultura livresca ocidental. Até que, um dia, uma professora pede para os alunos escreverem histórias indígenas e fica impressionada com a escrita da Ana. O enredo mostra a relação de Ana com os colegas indígenas na missão religiosa. A repercussão das suas histórias escritas foi tão ampla que ela recebeu convites para estudar com bolsa nos Estados Unidos. Mas Ana recusa, para defender a Floresta Amazônia e a população indígena.
Assim, Godofredo intercala a vida de Ana e a lenda narrada, separando-as em capítulos escritos na primeira e na terceira pessoa. O objetivo é revelar ao leitor as dificuldades da índia Nauá em criar sua própria identidade, em meio ao conflito interno.
Godofredo mostra como os mitos indígenas brasileiros se chocam com valores da civilização ocidental. As fábulas conduzem a narrativa permeada por paixões, revoltas, frustrações, raivas, medos e ambições presentes nas sociedades, primitivas ou não.
O começo de tudo
Quando tinha 12 anos, Godofredo visitou com colegas de escola uma reserva indígena perto de Santa Catarina. A reserva fica no meio de um vale habitado por alemães, italianos e ucranianos. Lá, conheceu uma menina chamada Ana. “Fiquei conversando muito com ela. Um dia eu fui na Amazônia e acho que ali foi um pouco o ponto de partida dessa história.”
07/12/2023