Odylo Costa, filho, foi jornalista, advogado, poeta e escritor. Foi eleito para a ABL em 1969. Começou sua vida de jornalista no semanário Costa Verde, em Teresina, e depois no Jornal do Comercio, com Felix Pacheco.
O livro "JB: A invenção do maior jornal do Brasil, conduzida por Odylo Costa Filho" será o tema do debate nesta quinta-feira (11), às 17h30, na Academia Brasileira de Letras. Participarão do debate o professor Mario Feijó e o jornalista Luiz Lobo. A coordenação será do escritor e Acadêmico Geraldo Carneiro.
Em 1933, com o livro inédito “Graça Aranha e outros ensaios” ganhou o Prêmio Ramos Paz da Academia Brasileira de Letras. Em 1936, em colaboração com Henrique Carstens, publica o Livro de poemas de 1935, seguido, nove anos mais tarde, do volume intitulado Distrito da confusão, coletânea de artigos de jornal em que, nas possíveis entrelinhas, fazia a crítica do regime ditatorial instaurado no país em 1937.
Mas o jornalismo, apesar desses encontros sempre felizes com a literatura, foi na verdade sua dedicação mais intensa, exercido com notável espírito de renovação e modernidade. Deixando o Jornal do Comércio, Odylo Costa, filho, foi sucessivamente fundador e diretor do semanário Política e Letras (de Virgílio de Melo Franco, redator do Diário de Notícias, diretor de A Noite e da Rádio Nacional, chefe de redação do Jornal do Brasil, de cuja renascença participou decisivamente; diretor da Tribuna da Imprensa; diretor da revista Senhor; secretário do Cruzeiro Internacional; diretor de redação de O Cruzeiro e, novamente, redator do Jornal do Brasil, função que deixou em 1965, ao viajar para Portugal como adido cultural à Embaixada do Brasil.
Mas nem sempre, ao longo dessa extraordinária atividade, foi apenas o jornalista de bastidores, o técnico invisível. Em 1952 e 1953, exerceu a crítica literária no Diário de Notícias, onde também criou e manteve a seção “Encontro Matinal”, juntamente com Eneida e Heráclio Sales. Durante prolongado período, publicou uma crônica diária na Tribuna da Imprensa.
Na vida pública, Odylo Costa, filho, foi Secretário de Imprensa do Presidente Café Filho, diretor da Rádio Nacional e Superintendente das Empresas Incorporadas ao Patrimônio da União.
De abril de 1965 a maio de 1967, foi adido cultural do Brasil em Portugal, onde mereceu a honra de ser incluído entre os membros da Academia Internacional de Cultura Portuguesa. De regresso ao Brasil, embora tivesse recusado o convite do Presidente Costa e Silva para exercer o cargo de Diretor da Agência Nacional, Odylo Costa, filho, voltou, no entanto, ao exercício do jornalismo, primeiro como diretor da revista Realidade, de São Paulo, mais tarde como diretor de redação da Editora Abril, no Rio, e posteriormente como membro do Conselho Editorial.
O jornal do Brasil nasceu em 1891 como um jornal monarquista. Seu proprietário era Rodolfo Dantas, ministro da Justiça do Império, que havia decidido testar a coerência ideológica da República proclamada dois anos antes. Com a série de reportagens de Joaquim Nabuco, “Ilusões Republicanas”, a redação foi invadida e depredada e o governo de Deodoro da Fonseca não garantiu a vida dos jornalistas. Rapidamente, Rodolfo Dantas vendeu o jornal, que durou apenas oito meses.
A segunda fase do jornal, então sob o controle de Rui Barbosa, durou apenas dois anos. Pela primeira vez, o jornal publicava artigos de assuntos femininos e publicou telegramas da Europa, vindos por cabo subterrâneo. Mas a truculência autoritária do marechal Floriano Peixoto, segundo presidente da República, empastelou novamente o jornal e proibiu-o de voltar a circular. Rui Barbosa se exilou na Inglaterra.
A terceira fase, em 1894, se deu sob o comando dos irmãos Fernando e Candido Mendes de Almeida. Rapidamente o jornal triplica a circulação e adota processos inovadores de impressão. Um rico industrial pernambucano, Ernesto Pereira Carneiro, um dos investidores, em 1919 torna-se dono absoluto do jornal. Pereira Carneiro modernizou o Jornal do Brasil, e em 1954 após sua morte, sua mulher, Maurina Dunshee de Abranches Pereira Carneiro, assume a direção e contrata Odylo Costa, filho, como chefe de redação. Odylo promove, em dois anos, “a invenção do maior jornal do Brasil”. O genro da condessa, Manoel Francisco Nascimento Brito, demite Odylo e o diretor-financeiro, ministro Anibal Freire e assume como senhor absoluto e incontestável.
Convida o jornalista Carlos Castelo Branco para o lugar de Odylo, que recusa o cargo. Uma solução caseira veio com Janio de Freitas, que leva de volta Amilcar de Castro. Em 1962, Alberto Dines assume como editor-chefe. Nos 12 anos seguintes, como explica Gutemberg no livro, consolidando os fundamentos da reforma promovida por Odylo, num processo de contínua criatividade, modernização, experimentação e conquista e fidelização de leitores e anunciantes, formando uma equipe homogênea, Dines estabelece padrões que dominariam o jornalismo brasileiro. O Jornal do Brasil torna-se a principal referência das sucessivas crises que abatem sobre o país depois de Juscelino Kubitschek e da renúncia de Janio Quadros.
Em 2001, já desfigurada tanto editorial como empresária, a marca Jornal do Brasil foi passada a terceiros. E o jornal deixou de ser impresso em 2010.
09/04/2024