Foi uma Cerimônia de Posse. Mas foi também uma grande festa, um happening, uma comemoração com roda de samba, muitos beijos e abraços. Mais de 500 pessoas foram até à sede da ABL na última sexta-feira, dia 28, para abraçar Heloisa – eleita Buarque de Hollanda e empossada Teixeira, que tomava posse na cadeira 30. Veio gente do Brasil inteiro: políticos, amigos, gente das periferias. A noite foi das mulheres: Ana Maria Machado fez o discurso de recepção, Rosiska Darcy colocou o colar e Fernanda Montenegro entregou o diploma.
O vídeo completo da cerimônia de posse está disponível no canal da Academia no youtube e as fotos, na seção “galeria de imagens” deste site.
Em seu discurso no Salão Nobre, a nova Acadêmica saudou seus antecessores na cadeira, como é de praxe, e fez mais: falou muito sobre as nove mulheres que até hoje se elegeram para a ABL – Rachel de Queiroz, Lygia Fagundes Telles, Dinah Silveira de Queiroz, Zelia Gattai, Ana Maria Machado, Cleonice Berardinelli, Rosiska Darcy e Fernanda Montenegro , reservando uma saudação especial a Nelida Piñon, a quem sucedeu e sua amiga de muitos anos. “São estas as Acadêmicas às quais me filio com orgulho e a elas pretendo dar continuidade e reconhecimento”, disse.
Enquanto no telão aparecia imagens de Nelida jovem, Heloisa falava sobre a extensão da obra e das conquistas da intelectual e amiga: “Comigo, fico com as impressões pessoais, que levei vida afora da menina de origem galega nascida em Vila Isabel, que conheceu o Rei da Espanha Juan Carlos, tomou chá com Arthur Rubinstein, ficou amiga de Gabriel Garcia Marques, Carlos Fuentes, Otavio Paz, Manuel Puig e Julio Cortazar. “Esta foi a Nelida que conheci: estudante, erudita, feminista, sonhadora, empunhando causas como os direitos das mulheres e o fim da ditadura militar. Uma via excepcional, como sua obra e suas predileções culturais."
Ana Maria Machado fez o discurso de saudação: “Receber Heloisa entre nós é motivo de festa para esta casa. De minha parte, e me desculpando pelo tom pessoal, devo dizer que saudá-la com carinho é fácil, tamanha admiração que tenho por ela e o afeto de que nossa amizade fraterna, ainda que bissexta às vezes, se alimenta há décadas. Helô escapa a todos os rótulos redutores, disse. Tem luz própria. Arrisco-me a dizer que é uma constelação de muitos nomes, como há poucos dias constatamos em entrevista, quando revelou que agora passa a assinar Heloisa Teixeira, destacando o sobrenome materno. Ana Maria lembrou da convivência com a nova acadêmica, desde os anos 60, quando ela impressionava pela “clareza racional e a intensidade afetiva, ou a busca de solidez teórica e o simultâneo respeito ao improviso e à intuição, aspectos raros de serem encontrados na mesma pessoa de forma balanceada, configuração que logo aprendi a apreciar – e até hoje admiro cada vez mais.”
31/07/2023
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