O GLOBO - (28.07.2000)
O embaixador Alberto da Costa e Silva foi eleito ontem para a Academia Brasileira de Letras (ABL), por unanimidade, pelos 34 acadêmicos que votaram. O novo imortal, de 69 anos, ocupará a cadeira número nove, que até fevereiro deste ano tinha como titular o cientista Carlos Chagas. Havia 38 votos em disputa, mas quatro acadêmicos não participaram. Seu único concorrente era o autor de livros esotéricos Batista d'Obaluayê.
- Ainda não planejo nada. Primeiro vou tomar posse. É preciso humildade para aprender - afirmou Costa e Silva assim que soube do resultado.
A data da posse não foi decidida, mas o embaixador disse que será provavelmente em outubro. Sinal de prestígio, sua eleição contou com a presença de 21 acadêmicos na ABL, entre eles Rachel de Queiroz, que superou problemas de saúde e foi aplaudida ao chegar. Autor de livros de poesia, ensaio e História, Costa e Silva terminou ontem seu livro sobre a África e a escravidão. O livro é a continuação de "A enxada e a lança - A África antes da chegada dos portugueses" (Nova Fronteira).
- Estudo a África desde os 14 anos - disse Costa e Silva, que coleciona máscaras africanas e morou na Nigéria e no Benin.
Na semana passada, lançou "Poemas reunidos", coletânea com escritos feitos desde a juventude.
- Nesse livro, juntei só os poemas que mereciam ser republicados. Gosto mesmo é de escrever poesia, mas resisto aos poemas. Meu estilo é confessional e não quero que sejam apontamentos do dia-a-dia - disse o embaixador, que em 1997 venceu o Prêmio Jabuti com o livro de poesia "Ao lado de Vera".
A imortal Nélida Piñon foi uma das primeiras a cumprimentar Costa e Silva, que recebeu os acadêmicos em sua casa depois da votação.
- Agora é para sempre, não há divórcio na Academia - disse Nélida ao chegar, sorridente.
Há dois anos, o embaixador tentara sem sucesso ser eleito para a ABL. Desta vez, não enfrentou dificuldades. Hoje, a Academia comemora 103 anos, com a entrega do Prêmio Machado de Assis.
23/06/2006 - Atualizada em 22/06/2006
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