Crítico Alfredo Bosi toma posse na cadeira 12 da ABL

Bianca Tinoco

Jornal do Commercio (01.10.2003)

O crítico literário Alfredo Bosi (67 anos) assumiu, na noite de ontem, a cadeira 12 da Academia Brasileira de Letras, anteriormente ocupada pelo cardeal Dom Lucas Moreira Neves. Vice-diretor do Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo (USP), Bosi foi eleito com 27 votos, em março, e recebeu o fardão das mãos do acadêmico Eduardo Portella, durante a cerimônia de posse na sede da ABL.

- É muito honroso entrar para a mesma academia da qual fizeram parte Machado de Assis, Manuel Bandeira e Guimarães Rosa. Vejo que valeu a pena pesquisar a literatura brasileira durante mais de 40 anos - disse Alfredo Bosi, pouco antes da cerimônia. "Pretendo contribuir em projetos da casa, como a revista da Academia e os ciclos de conferências, e principalmente defender a presença da literatura nas escolas, pois há projetos que ameaçam a continuidade da disciplina. Quero suscitar um movimento de apoio ao ensino e aos professores da história literária nacional", comprometeu-se o acadêmico.

Livre-docente da USP desde 1970, Bosi é autor de 13 livros, entre eles A História Concisa da Literatura Brasileira (1966), considerado uma referência no ramo, e Dialética da Colonização (1992), que recebeu o prêmio Jabuti, da ABL. Um dos principais pensadores da teoria literária do País, Alfredo Bosi é uma bela aquisição, segundo Alberto da Costa e Silva, presidente da Academia.

- Bosi é um dos melhores estudiosos da literatura brasileira e internacional, um professor reputadíssimo, com ampla bagagem e livros fundamentais, como O Ser e o Tempo da Poesia. É um grande escritor e um representante paulista de peso na ABL - avalia Costa e Silva.

Alfredo Bosi é o segundo acadêmico a tomar posse neste ano, depois da escritora de livros infanto-juvenis Ana Maria Machado. O romancista Moacyr Scliar, eleito em agosto, será empossado no próximo dia 22, recebendo o fardão das mãos de Carlos Nejar. O jornalista e escritor Cicero Sandroni, escolhido por unanimidade na quinta-feira passada, tem sua cerimônia de posse marcada para novembro. A próxima cadeira a ser preenchida é a 39, deixada pelo jornalista Roberto Marinho, morto em agosto.