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Academia chega aos 110 anos menos sisuda

 

ABL faz aniversário, mas festa foi adiada devido ao luto pelo desastre aéreo em São Paulo

Rachel Bertol

Casa de estórias e História, a Academia Brasileira de Letras completa amanhã 110 anos, desta vez sem festa. Toda a programação agendada para amanhã, que contaria com o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, foi adiada devido ao luto pela morte de mais de 200 pessoas no desastre aéreo ocorrido terça-feira em São Paulo. As festividades planejadas devem ocorrer no dia 28 de setembro, com a presença de Lula, mas, na terça-feira da próxima semana, será inaugurada a exposição, que abriria amanhã, sobre a história da ABL.

Ao homenagear a Casa de Machado de Assis, o presidente, de certa forma, irá retribuir o apoio que recebeu de muitos acadêmicos em 2002, ano em que os imortais elegeram, sob polêmica, o popular Paulo Coelho. O apoio de Lula, candidato também popular, e a coincidência da eleição de Coelho foram vistos como sinais de que a Acadmeia começava a mudar, ganhando ares menos sisudos. Na gestão do atual do presidente da ABL, Marcos Vinicios Vilaça, no segundo (e último) ano consecutivo de mandato, consolidou-se o perfil mais polivalente.

__ A Academia chega aos 110 anos da forma mais contemporânea possível. Neste momento, seguindo a linha de meus antecessores, está ampliando seus enlaces, sempre dedicada à literatura, mas sem esquecer que é uma Casa voltada para as humanidades. É um ponto de equilíbrio que se busca. Até porque não é uma Academia de ausência, mas de presença – afirma Vilaça, ministro do Tribunal de Contas da União.

Doação de 20 mil livros a comunidades carentes

Na sua gestão, entre outras coisas, Vilaça modernizou o portal da ABL na web; criou a série de seminários "Brasil, brasis", em que já se discutiram temas como futebol, culinária e telenovela; costuma convidar personalidades de diferentes áreas para visitas; e, este ano, doou 50 mil livros para comunidades como o Cantagalo e a Central Única de Favelas (Cufa). Até o fim do ano, planeja distribuir mais 20 mil títulos.

__ Conforta-me discutir temas como direitos autorais e favelização, mas isso não acontece sem o portal on-line (pelo qual se transmitem os debates) ou o envolvimento do corpo de acadêmicos - diz o imortal, que também destaca como inovação o ABL Responde, para tirar dúvidas de português pela internet, sob coordenação de Evanildo Bechara. - O brasileiro precisa de qualidade de vida, e a ABL tema oferecer qualidade de expressão cultural. A Academia não pode se isolar. No processo de melhoria de vida do brasileiro, podemos contribuir com qualidade intelectual. Não podemos ficar armazenando essa qualidade.

Outra novidade é a reforma do Teatro Magalhães Jr., na sede da Academia, que deve ser reaberto em 21 de setembro, com um show do ministro da Cultura, Gilberto Gil. Para amanhã, estava prevista a assinatura de um protocolo de intercâmbio literário com o Ministério da Cultura de Portugal. Vilaça conta que a ABL também está firmando um convênio com a Academia de Letras do Chile.

__ Temos feito um esforço para comparecer no âmbito interno e internacional. A tradição serve de exemplo, mas não é para ser repetida. Senão, cairíamos na imobilidade e inibiríamos a criação - destaca o presidente Vilaça.

O Globo (RJ) 19/7/2007

20/07/2007 - Atualizada em 19/07/2007