"As instituições brasileiras precisam abrir suas portas e janelas. E que se tornem mais coloridas e diversas, mediante a presença de afrodescendentes e povos originários. Assumir a diferença significa ampliar a emancipação, combater o racismo e democratizar a República. Não queremos a entropia do Mesmo: somos todos brasileiros. A nostalgia do Mais não recua. O futuro cresce no espelho. De rosto misterioso e seios fartos. Inteiramente feminino. Começam as dores do parto. Sentimos desde já a sua beleza."
A nova Diretoria da Academia Brasileira de Letras, eleita no dia 3 de dezembro, tomou posse no dia 11 de dezembro, às 17h, em cerimônia virtual. O modelo inédito da sessão solene está disponível para o público no portal da ABL.
O Acadêmico Marco Lucchesi tomou posse para o cargo de presidente no mandato de 2021. Tomaram posse, ainda, os seguintes Diretores: Secretário-Geral: Merval Pereira; Primeiro-Secretário: Antônio Torres; Segundo-Secretário: Edmar Bacha; e Tesoureiro: José Murilo de Carvalho.
Em seu discurso de Posse, Lucchesi afirmou: “As instituições brasileiras precisam abrir suas portas e janelas. E que se tornem mais coloridas e diversas, mediante a presença de afrodescendentes e povos originários. Assumir a diferença significa ampliar a emancipação, combater o racismo e democratizar a República. Não queremos a entropia do Mesmo: somos todos brasileiros. A nostalgia do Mais não recua. O futuro cresce no espelho. De rosto misterioso e seios fartos. Inteiramente feminino. Começam as dores do parto. Sentimos desde já a sua beleza.”
Ao final da sessão, os musicistas Kiko Horta (piano), David Chew (violoncelo) e Franklin da Flauta (flauta) apresentaram a música “A lâmpada e a âncora”, composta por Kiko Horta, com arranjos para cello e flauta por Ignez Perdigão, gravação por Celso Filho e Kaique del Giudice, mixagem por Celso Filho e edição do vídeo por Netinho Albuquerque.
DIRETORIA 2021
MARCO LUCCHESI – Sétimo ocupante da Cadeira n.° 15 da ABL, eleito em 3 de março de 2011, na sucessão de Padre Fernando Bastos de Ávila, Marco Lucchesi, nascido no Rio de janeiro em 9 de dezembro de 1963, é o mais jovem Presidente da Academia Brasileira de Letras dos últimos 70 anos. O mais novo, em toda a história da ABL, foi o Acadêmico Pedro Calmon (1902-1985), que assumiu, em 1945, com 43 anos de idade.
Escritor muitas vezes premiado, tanto no Brasil quanto no exterior, Lucchesi é autor de uma obra que abarca poesia, romance, ensaios, memórias e traduções. Publicou mais de 40 livros ao longo de sua trajetória. Professor titular de Literatura Comparada da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), tem pós-doutorado em Filosofia da Renascença na Alemanha. Formado em História pela Universidade Federal Fluminense (UFF), possui mestrado e doutorado em Ciência da Literatura. Ganhou três Prêmios Jabuti da Câmara Brasileira do Livro, o Prêmio italiano Pantera d 'Oro, o Prêmio romeno George Bacovia, entre outros. Recebeu os títulos de Doutor Honoris Causa, Universitatea Tibiscus (2016) e Doutor Honoris Causa, Universidade Aurel Vlaicu de Arad (2020).
MERVAL PEREIRA – Oitavo ocupante da Cadeira n.° 31, eleito em 22 de junho de 2011, na sucessão de Moacyr Scliar, Merval Pereira é jornalista e comentarista da GloboNews e da CBN, e colunista de O Globo. Foi eleito Correspondente Brasileiro da Academia das Ciências de Lisboa em novembro de 2016. Em 1979, recebeu o Prêmio Esso pela série de reportagens “A segunda guerra, sucessão de Geisel”, publicada no Jornal de Brasília e escrita em parceria com o então editor do jornal, André Gustavo Stumpf. A série virou livro, considerado referência para estudos da época e citado por brasilianistas, como Thomas Skidmore. Em 2009, recebeu o prêmio Maria Moors Cabot da Universidade de Columbia de excelência jornalística, a mais importante premiação internacional do jornalismo das Américas.
ANTÔNIO TORRES – Nascido na Bahia, Antônio Torres estreou na literatura em 1972, com o romance Um cão uivando para a Lua, considerado pela crítica a revelação daquele ano. Hoje, entre os seus 17 títulos publicados, destaca-se a trilogia formada por Essa terra (1976), O cachorro e o lobo (1997) e Pelo fundo da agulha (2006). Em 1998, foi condecorado pelo governo francês como Chevalier des Arts et des Lettres, pelos seus livros traduzidos na França. Em 2000, teve o reconhecimento nacional ao receber o Prêmio Machado de Assis, da ABL, pelo conjunto da sua obra. Em 2001, ganhou o Prêmio Zaffari & Bourbon. Recebeu ainda, entre outros, o Grande Prêmio Cidade do Rio de Janeiro, da Academia Carioca de Letras, e o Prêmio da Academia Petropolitana de Letras, ambos pelo conjunto da sua obra, da 9.a Jornada Nacional de Literatura, da Universidade de Passo Fundo, RS, pelo romance Meu querido canibal. Em 2007, Pelo fundo da agulha foi um dos ganhadores do Prêmio Jabuti. Seus livros, que passeiam por cenários rurais, urbanos e da História, têm tido várias edições no Brasil e traduções em muitos países; da Argentina ao Vietnã.
EDMAR BACHA – Economista, fundador e diretor do Instituto de Estudos de Política Econômica/Casa das Garças, um centro de pesquisas e debates no Rio de Janeiro, nasceu em Lambari, Minas Gerais, de uma família de escritores, políticos e comerciantes. Sexto ocupante da Cadeira n.° 40, eleito em 3 de novembro de 2016, na sucessão de Evaristo de Moraes Filho, concluiu a Faculdade de Ciências Econômicas na Universidade Federal de Minas Gerais e, em seguida, obteve o ph.D. em Economia na Universidade de Yale, EUA. É autor de inúmeros livros e artigos em revistas acadêmicas brasileiras e internacionais. Recebeu o Prêmio Jabuti em 2020 pela obra "130 anos: em busca da República”, junto com outros coautores.
JOSÉ MURILO DE CARVALHO – Historiador e professor emérito da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Nascido em Andrelândia (MG), fez sua graduação em Sociologia e Política na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e é ph.D. pela Universidade de Stanford. Atuou como professor visitante e pesquisador em diversas universidades estrangeiras, como Oxford, Leiden, Londres, Stanford e Princeton. É autor de vasta produção de artigos e crônicas publicados em jornais e revistas, no Brasil e exterior, e de livros, como Os bestializados (1987), Pontos e bordados (1998), A formação das almas – o imaginário da República no Brasil (1990), Cidadania no Brasil: o longo caminho (2001) e Dom Pedro II (2007). Recebeu o Prêmio Jabuti em 2020 pela obra "130 anos: em busca da República”, junto com outros coautores.
11/12/2020