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ABL promove debate com novas perspectivas sobre a obra de João Ubaldo Ribeiro

 

O livro coletivo “A obra polifônica de João Ubaldo Ribeiro” é tema da mesa-redonda da próxima quinta-feira, 25 de julho, às 17h30, na ABL. A obra, organizada pelas professoras Rita Olivieri-Godet, da Universidade de Rennes, e Zilá Bernd, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), será lançada para assinalar a passagem dos 10 anos de falecimento de João Ubaldo Ribeiro. A coordenação da mesa será do Acadêmico Domício Proença Filho, que escreveu o prefácio do livro. Os Acadêmicos Antônio Torres e Ana Maria Machado também têm artigos.

A entrada é franca a as inscrições podem ser feitas pelo link: https://www.even3.com.br/mesa-redonda-homenagem-a-joao-ubaldo-ribeiro-465126/

- É uma alegria e uma honra: alegria por termos conseguido reunir um grupo tão expressivo de intelectuais, incluindo três membros da Academia Brasileira de Letras; e uma honra, por termos tido a ocasião de apresentar o livro em homenagem ao acadêmico João Ubaldo Ribeiro, na casa à qual ele pertenceu e no ano em que sua obra maior Viva o Povo Brasileiro, completaria 40 anos, tendo sido sua primeira edição de 1984 – ressalta Zilá Bernd.

Na introdução do livro, as organizadoras destacam o principal objetivo da obra: homenagear um dos grandes escritores e intelectuais brasileiro, cujo pensamento rápido e sagaz iluminou os debates travados em torno da realidade brasileira durante mais de meio século.

- A obra pretende contribuir para manter viva a reflexão em torno da produção ubaldiana, revisitando contribuições consagradas e abrindo novas perspectivas de leitura. A ênfase dada aos aspectos atuais da obra de João Ubaldo Ribeiro tem como objetivo o convite à sua releitura – explica Rita Godet.

Godet apresentará a estrutura da obra coletiva e seus colaboradores. A co-organizadora do livro destacará a formação erudita e a vasta cultura do autor que lhe permite estabelecer diálogos fecundos com a tradição literária universal e brasileira.

- Outro ponto que será abordado é a versatilidade estilística e a complexidade da obra “ubaldiana" que, ao privilegiar a apreensão das relações histórico-sociais que embasam a formação da sociedade brasileira, denuncia as marcas da segregação racial, econômica e de gênero por parte das elites do país, alimentando a esperança na capacidade de revolta e de resistência do povo brasileiro aos seus carrascos – completa.

Sobre João Ubaldo Ribeiro

Sétimo ocupante da Cadeira nº 34 da Academia Brasileira de Letras, eleito em 7 de outubro de 1993, na sucessão de Carlos Castello Branco e recebido em 8 de junho de 1994 pelo Acadêmico Eduardo Portella. Faleceu no dia 18 de julho de 2014, no Rio de Janeiro, aos 73 anos.

João Ubaldo (Osório Pimentel) Ribeiro nasceu em Itaparica (BA), em 23 de janeiro de 1941. Dos primeiros meses de idade até cerca de onze anos, viveu com sua família em Sergipe, onde o pai era professor e político. Passou um ano em Lisboa e um ano no Rio de Janeiro para, em seguida, fixar-se em Itaparica, onde viveu aproximadamente sete anos.

Entre 1990 e 1991, morou em Berlim, a convite do Instituto Alemão de Intercâmbio (DAAD – Deutscher Akademischer Austauschdienst). Na volta, passou a morar no Rio de Janeiro.

Bacharel em Direito (1959-62) pela Universidade Federal da Bahia, jamais chegou a advogar. Pós-graduado em Administração Pública pela mesma Universidade e Mestre (Master of Science) em Administração Pública e Ciência Política pela Universidade da Califórnia do Sul.

Entre outras atividades, foi professor da Escola de Administração e da Faculdade de Filosofia da Universidade Federal da Bahia e professor da Escola de Administração da Universidade Católica de Salvador. Como jornalista, foi repórter, redator, chefe de reportagem e colunista do Jornal da Bahia; colunista, editorialista e editor-chefe da Tribuna da Bahia, colunista do jornal  Frankfurter Rundschau, na Alemanha; colaborador de diversos jornais e revistas no país e no exterior, entre os quais, além dos citados, Diet Zeit (Alemanha),The Times Literary Supplement (Inglaterra), O Jornal (Portugal), Jornal de Letras (Portugal), Folha de S. Paulo, O Globo, O Estado de S. Paulo, A Tarde e muitos outros.

A formação literária de João Ubaldo Ribeiro começou ainda nos primeiros anos de estudante. Foi um dos jovens escritores brasileiros que participaram do International Writing Program da Universidade de Iowa. Trabalhando na imprensa, pode também escrever seus livros de ficção e construir uma carreira que o consagrou como romancista, cronista, jornalista e tradutor.

Seus primeiros trabalhos literários foram publicados em diversas coletâneas (Reunião, Panorama do Conto Baiano). Aos 21 anos, escreveu seu primeiro livro, Setembro não Tem Sentido, que ele desejava batizar como A Semana da Pátria, contra a opinião do editor. O segundo foi Sargento Getúlio, de 1971. Em 1974, publicou Vencecavalo e o Outro Povo, que por sua vontade se chamaria A Guerra dos Paranaguás.

Consagrado como um marco do moderno romance brasileiro, Sargento Getúlio filiou o seu autor, segundo a crítica, a uma vertente literária que sintetiza o melhor de Graciliano Ramos e o melhor de Guimarães Rosa. A história é temperada com a cultura e os costumes do Nordeste brasileiro e, em particular, dos sergipanos.

Em 1999, foi um dos escritores escolhidos em todo o mundo para dar depoimento ao jornal francês Libération sobre o Terceiro Milênio. E Viva o Povo Brasileiro foi o tema do exame de Agrégation, concurso para detentores de diploma de graduação na universidade francesa. Este romance e Sargento Getúlio constaram da maior parte das listas dos 100 melhores romances brasileiros do século.

16/07/2024