O que despertou seu interesse nessa análise?
Na minha vida acadêmica, aprendi a ver como documentos visuais não são neutros. Imagens não são só o reflexo de uma época, elas possuem carga política e, portanto, carga social.
Quais os desafios de assumir o lugar de fala de pessoa branca no estudo?
Não é um lugar de autoacusação, mas de reflexão. Enquanto a negritude é movimento de exaltação dos valores das populações negras, a branquitude é um conceito acanhado, que se nega a reconhecer sua culpa no racismo estrutural.
Como fazer isso sem cair na armadilha do white saviour, o branco que se coloca como salvador do negro?
Busco o letramento racial, não me excluo do cenário, mas me incluo como pessoa branca com privilégios e poderes para ampliar a discussão. Não basta ser antirracista, é preciso agir, sabendo que todos temos uma cor social.
Pode explicar melhor?
A branquitude criou padrões e colocou os negros no lugar de subordinado, de vítima. Isso está na arte, nas propagandas, nas novelas. Temos de ver de forma crítica essa cultura visual.
Matéria na íntegra: https://veja.abril.com.br/cultura/lilia-schwarcz-a-veja-a-branquitude-se-nega-a-reconhecer-sua-culpa-no-racismo/
20/08/2024