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ABL na mídia - PGL - Antônio Torres: “Fiquei impressionado com a quantidade de pessoas que espontaneamente se apresentaram para participar da Leitura Continuada, como o presidente da Academia Brasileira de Letras, Sérgio Fonta, a escritora Lilian Fontes

 

No passado mês de maio, decorria entre Compostela e o Rio de Janeiro, organizada entre a AGAL (Associaçom Galega da Língua) e A ABL (Academia Brasileira das Letras) a Leitura Continuada do romance A República dos Sonhos, da escritora brasileira de origem galega, Nélida Piñon. Agora, falamos com algumas das pessoas que participaram da mesma, para recolher as suas impressões e o pouso do evento.

Antônio Torres foi um dos promotores da Leitura Continuada d’A República dos Sonhos pela Academia Brasileira de Letras. Alguém como o senhor, vinculado à Nélida por tantos afetos, que sentiu ao ler um trecho d’A República dos Sonhos neste evento público de homenagem?

Senti a falta que ela nos faz. O que não dá para se resumir apenas à palavra saudade – “essa pequena dor à portuguesa/ tão mansa, quase vegetal”, como poderia tê-la definido um dos mais rigorosos poetas dessa língua, o lisboeta Alexandre O’Neill -, descendente de Solis e Sólus, prima-irmã da Soledad, enfim, uma autêntica filha da última flor do Lácio. Porque Nélida se foi, mas nos deixou o seu brilho, o seu encanto, a sua elegância, o fino trato do seu estilo em páginas imortais. Portanto, o que senti ao ler em voz alta um trecho do seu monumental romance A República dos Sonhos foi um misto de saudade de uma imensa autora-amiga e o inenarrável prazer do seu texto, para sempre, para sempre.

Quem se dedica à escrita está habituado a receber homenagens mais institucionais, mas poucas chegam uma homenagem popular com esta. Acha que este tipo de eventos serve realmente para dar a conhecer a figura da Nélida?

Sim, com certeza. Antes dessa homenagem, eu já havia participado de outra, no Centro Cultural do Banco do Brasil, conduzida por Suzana Vargas, do Instituto Estação das Letras. E recentemente aconteceram mais duas, no Instituto Cervantes do Rio de Janeiro e no Teatro Municipal, também dessa cidade. Além disso, a querida Nélida teve um livro póstumo – Os rostos que eu tenho – publicado simultaneamente em Portugal, com prefácio da grande romancista Lídia Jorge, e aqui, num evento em sua memória, promovido pela editora Record. Em nossos corações e mentes, Nélida vive. Viva ela!

Foi uma comunhão impressionante que tantas pessoas galegas e brasileiras pudéssemos oferecer esta homenagem lendo pelo mesmo texto, sem tradução alguma, não acha?

Foi emocionante. Fiquei impressionado com a quantidade de pessoas que espontaneamente se apresentaram para participar das leituras, como o presidente da Academia Carioca de Letras, Sérgio Fonta, a escritora Lilian Fontes, a atriz Beth Goulart. E mais e mais, numa comprovação de que Nélida foi também uma colecionadora de afetos.

Que sugeriria à AGAL para continuar a construir pontes entre a Galiza e a Lusofonia? 
Criar uma festa literária galega-lusófona.

Matéria na íntegra: https://pgl.gal/85111-2/

17/07/2024