A Bienal do Livro é uma oportunidade para muitos leitores conhecerem em carne e osso seus escritores favoritos. No estande da Academia Brasileira de Letras (ABL), a tecnologia vai proporcionar aos visitantes um “encontro” inusitado. Quem estiver por lá poderá ver ninguém menos do que Machado de Assis — em sua versão holograma.
Esta será apenas uma das atrações da ABL na Bienal, que volta ao evento após um intervalo de 26 anos. Montado como uma réplica do Petit Trianon, sede da instituição, o estande será um espaço para discussão, com mesas-redondas diárias entre acadêmicos, jornalistas, cientistas sociais e políticos. Também haverá lugar para diversão, com atrações para crianças e cirandas literárias (ver programação abaixo).
— A presença da Academia Brasileira de Letras na Bienal do Livro, depois de 26 anos, é sinal de que a ABL quer estar cada vez mais próxima das atividades culturais relevantes e, sobretudo, dos cidadãos e dos jovens — diz o acadêmico Merval Pereira, presidente da instituição. — A ABL de portas abertas dá prosseguimento a recentes movimentos de levar a literatura e a cultura brasileiras ao maior número de pessoas.
Neste sentido, o holograma de Machado de Assis recebendo o público na réplica da casa que fundou não poderia ser mais simbólico. O bruxo provavelmente aprovaria, acredita o acadêmico Antonio Carlos Secchin.
— Acho que ele de início levaria um susto — diz. — Depois, ao ver-se no holograma, provavelmente pensaria: “Estou aqui e estou ali. É o melhor exemplo da duplicidade humana”.
Chá e biscoitos
Não é apenas Machado que terá duplos digitais. Telas reproduzirão vídeos de encontros, palestras e conversas ocorridas durante os chás das quintas-feiras no Petit Trianon. O centenário ritual, aliás, também será reproduzido de forma “analógica” no estande. Um relógio tocará diariamente convocando o público para um chá com biscoitos. Assim, os visitantes poderão acompanhar os acadêmicos na tela enquanto degustam o lanche do estande.
— Posso assegurar que quando algum visitante for eleito vai perceber que o chá real é mais farto e gostoso do que o chá que as imagens mostram — brinca Secchin. — O chá da Bienal é um aperitivo do outro.
No espaço infantil, as crianças poderão escrever, desenhar, compor, relatar seu conto, poesia, história. Ao terminar, as peças se transformarão em pequenos frutos pendurados em uma árvore e passarão a compor a cenografia do espaço. Todos receberão um certificado de participação, atestando sua primeira publicação editorial. Também entrarão para a história da instituição. Após a Bienal, a árvore será levada para compor o acervo da ABL.
Fonte da juventude
A iniciativa da ABL reflete um desejo de rejuvenescimento em um vento cada vez mais jovem. Em 2007, 24% dos visitantes tinham entre 15 e 29 anos. Em 2021, só a faixa de 18 a 25 já correspondia a metade do público no Riocentro.
Outro passo recente nessa direção foi a criação de um perfil de um Tiktok, a rede social favorita dos zennials. Desde o mês passado, o perfil @abletras divulga vídeos com as novidades da instituição e suas ações para a preservação da língua e da literatura brasileiras.
“O TikTok pode aproximar a ABL de um público que ainda não a conhece, basicamente os jovens, criando conteúdos interessantes para este nicho. Ao mesmo tempo, pode provocar a ABL a criar novas linguagens e formas de comunicação” justificou Merval Pereira em nota divulgada pela instituição.
Matéria na íntegra: https://oglobo.globo.com/cultura/noticia/2023/09/01/machado-de-assis-quase-ao-vivo-estande-da-abl-na-bienal-do-livro-tera-holograma-do-escritor.ghtml
03/09/2023