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ABL na mídia - Folha de São Paulo - Morre Alberto da Costa e Silva, diplomata, poeta e membro da ABL

 

Maior especialista brasileiro na história da África, Alberto da Costa e Silva morreu neste domingo (26), aos 92 anos. Acadêmico, diplomata, poeta e historiador, ele ocupou a cadeira de número nove da ABL, a Academia Brasileira de Letras.

Segundo nota divulgada pela academia, a morte foi por causas naturais. Alberto era viúvo e deixa três filhos, sete netos e uma bisneta. A cerimônia de cremação acontecerá na segunda-feira (27) e será restrita a familiares.

Dos nove livros que publicou sobre o continente africano, pelo menos dois alcançaram rapidamente o pedestal dos clássicos: "A Enxada e a Lança: a África antes dos Portugueses", lançado em 1992, e "A Manilha e o Libambo: a África e a Escravidão, de 1500 a 1700", que saiu dez anos depois.

"Tenho a felicidade de ter recebido muitos prêmios, mas o de que mais me orgulho é o de doutor honoris causa na Universidade de Ifé, na Nigéria. Foi em Ifé que surgiu o homem", disse à Folha em 2004, quando foi escolhido como o Intelectual do Ano pela União Brasileira dos Escritores (UBE) e levou o troféu Juca Pato.

Em uma rede social, o presidente Lula (PT) lamentou a morte de Costa e Silva, a quem classificou como "um dos mais importantes conhecedores da África no Brasil".

Para o presidente, o membro da ABL "teve um papel fundamental na necessária aproximação entre o Brasil e o continente africano, de onde nutrimos nossas origens e em cuja ancestralidade alimentamos os nossos saberes".

Nascido em São Paulo em 1931, passou a infância em Fortaleza e a adolescência e juventude no Rio de Janeiro, onde publicou seu primeiro livro, "O Parque e Outros Poemas", com apenas 22 anos. Seguia a trilha do pai, Antonio Francisco da Costa e Silva, poeta e funcionário público.

Foi, aliás, um episódio ocorrido com o pai que o levou ao Instituto Rio Branco, como contou à Revista de História da Biblioteca Nacional. "Resolvi ser diplomata para tirar a desforra do Barão do Rio Branco, que selecionava os diplomatas num almoço no Itamaraty. (...) Ao que parece, ele era bom examinador, pois na época o nível da diplomacia brasileira era muito alto. Mas acho que com o meu pai ele foi injusto porque, depois do almoço com meu pai, disse-lhe: ‘Da Costa, você é muito inteligente, fala francês muito bem, conhece inglês, alemão, espanhol, mas você é muito feio.’ Meu pai não era bonito, mas também não era tão feio assim, era um nordestino franzino e era estrábico."

A esta altura, já tinha enorme interesse por tudo o que envolvesse a África, uma curiosidade que surgiu, sobretudo, com a leitura de Gilberto Freyre.

"Li ‘Casa Grande e Senzala’ e foi um deslumbramento. Logo ficou muito claro para mim que não se podia entender o Brasil e não se podia escrever sobre o Brasil sem conhecer a África. E nós tínhamos uma história que era uma transposição lusa para o continente americano. Nós nos víamos como portugueses exilados nos trópicos. E não éramos exatamente aquilo, éramos muito mais do que portugueses exilados nos trópicos. Tínhamos um componente africano que era nítido, e mais tarde eu pude compreender isso quando vivi na Nigéria", afirmou na entrevista para a revista.

Nascido em São Paulo em 1931, passou a infância em Fortaleza e a adolescência e juventude no Rio de Janeiro, onde publicou seu primeiro livro, "O Parque e Outros Poemas", com apenas 22 anos. Seguia a trilha do pai, Antonio Francisco da Costa e Silva, poeta e funcionário público.

Foi, aliás, um episódio ocorrido com o pai que o levou ao Instituto Rio Branco, como contou à Revista de História da Biblioteca Nacional. "Resolvi ser diplomata para tirar a desforra do Barão do Rio Branco, que selecionava os diplomatas num almoço no Itamaraty. (...) Ao que parece, ele era bom examinador, pois na época o nível da diplomacia brasileira era muito alto. Mas acho que com o meu pai ele foi injusto porque, depois do almoço com meu pai, disse-lhe: ‘Da Costa, você é muito inteligente, fala francês muito bem, conhece inglês, alemão, espanhol, mas você é muito feio.’ Meu pai não era bonito, mas também não era tão feio assim, era um nordestino franzino e era estrábico."

A esta altura, já tinha enorme interesse por tudo o que envolvesse a África, uma curiosidade que surgiu, sobretudo, com a leitura de Gilberto Freyre.

"Li ‘Casa Grande e Senzala’ e foi um deslumbramento. Logo ficou muito claro para mim que não se podia entender o Brasil e não se podia escrever sobre o Brasil sem conhecer a África. E nós tínhamos uma história que era uma transposição lusa para o continente americano. Nós nos víamos como portugueses exilados nos trópicos. E não éramos exatamente aquilo, éramos muito mais do que portugueses exilados nos trópicos. Tínhamos um componente africano que era nítido, e mais tarde eu pude compreender isso quando vivi na Nigéria", afirmou na entrevista para a revista.

Matéria na íntegra: https://www1.folha.uol.com.br/poder/2023/11/morre-alberto-da-costa-e-silva-diplomata-poeta-e-membro-da-abl.shtml

27/11/2023