Prática médica exercida à distância, por meio de chamadas de vídeo e/ou outras tecnologias da comunicação e da robótica; abrange consultas, interconsultas, diagnósticos, monitoramento, interpretação de exames, cirurgias, etc. [De tele- (do grego tḗle ‘longe, ao longe, de longe’) + medicina.]
“No último dia 31, o Senado aprovou o projeto de lei que autoriza o uso da telemedicina no Brasil em quaisquer atividades da área da saúde. Desde então, ressaltou que a decisão era válida em caráter excepcional e enquanto durar o combate à covid-19. Em ofício enviado ao Ministério da Saúde no dia 19 de março, o Conselho Federal de Medicina (CFM) já havia dado aval médico para a liberação da telemedicina no País. Quatro dias depois, no dia 23, o Ministério da Saúde publicou, em edição extra do Diário Oficial da União (DOU), portaria regulamentando o atendimento médico à distância.”1
“A Resolução n. 2.227/18, do CFM, define a telemedicina como o exercício da medicina, mediado por tecnologias para fins de assistência, educação, pesquisa, prevenção de doenças, lesões e promoção da saúde. Também estabelece que ela pode ser síncrona (quando realizada em tempo real) ou assíncrona (atendimento off-line), indicando uma série de possibilidades de atendimento à distância, como a teleconsulta, o telediagnóstico, a telecirurgia, a teletriagem, a teleorientação, a teleconsultoria e o telemonitoramento.”2
“Os profissionais de saúde conseguirão realizar telediagnósticos, teleconsultas, assistências diversas e monitoramento constante, por exemplo. Haverá, ainda, a possibilidade de teleinterconsultas, nome dado à troca de informações entre médicos. Vale ressaltar que todas as especialidades poderão se utilizar da telemedicina para atender – e os procedimentos não se restringem ao coronavírus. De qualquer forma, tudo deverá constar em um prontuário, com detalhes como o registro do profissional em questão, data e horário do que foi realizado e o tipo de tecnologia utilizada.”3
“A telemedicina poupou o sistema de saúde de realizar cerca de 4,5 milhões de atendimentos em pronto-socorro durante a pandemia – sendo que quase 3 em cada 4 casos o paciente testou positivo para Covid-19. Os dados, obtidos com exclusividade pela coluna, foram compilados pelo Saúde Digital, entidade que reúne os principais operadores privados de telemedicina. Desde o início da pandemia, quando o atendimento médico remoto passou a ser autorizado de forma emergencial, operadores privados realizaram 5 milhões de consultas. Destas, 3,5 milhões foram de primeiro atendimento. A taxa de resolutividade, que é quando o problema do paciente é solucionado no atendimento remoto, sem que ele tenha que posteriormente recorrer ao pronto socorro, foi de 91,2%.”4
“Para Marcelo Queiroga, cardiologista e presidente da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), todos podem utilizar a teleconsulta. ‘Sobretudo quem está impedido de procurar um médico por conta do isolamento ou estar em área remota’, diz. No entanto, o médico ressalta que o serviço não substitui a consulta presencial. Ele explica que o paciente pode receber orientações à distância, mas sintomas graves, como dor no peito, palpitação ou falta de ar, por exemplo, exigem atendimento em locais físicos. ‘A telemedicina resolve casos de baixa complexidade’, explica Antonio Carlos Endrigo, médico e diretor de Tecnologia da Informação da APM (Associação Paulista de Medicina).”5
“A possibilidade de auxiliar indivíduos em áreas remotas foi a primeira e mais evidente aplicação da telemedicina. Imaginem o grande valor que há para trabalhadores de plataformas de petróleo embarcados centenas de quilômetros mar adentro quando um eletrocardiograma transmitido para um hospital é analisado rapidamente e define uma intervenção certeira: uma vida é salva. O uso crescente de dispositivos que permitem a transmissão de dados em velocidade e quantidade até há alguns anos inimagináveis fez a comunicação como um todo se intensificar. Atualmente, a presença quase absoluta de dispositivos móveis nas mãos do cidadão comum permitiu a transmissão de imagens e voz como somente a ficção científica sugeria ainda nos primeiros anos deste século. Era inevitável que os assuntos relacionados à saúde fossem tocados por esse fenômeno.”6
“No final do século 19, a popularização da telefonia resultou na criação de redes de transferência de dados, facilitando a transmissão de sinais gráficos, como eletrocardiogramas, e permitindo o compartilhamento dos resultados entre vários profissionais. Nos tempos contemporâneos, a telemedicina tem ajudado na assistência aos astronautas em órbita na estação espacial, por meio de envios de sinais como pressão arterial, ritmo respiratório, frequência cardíaca e temperatura corporal. As primeiras experiências com a telemedicina no Brasil se iniciaram efetivamente em 1994 com a transmissão dos exames de eletrocardiograma. Em 1995, o Instituto do Coração (InCor) criou o ECG-FAX, que disponibilizava a análise, por médicos da entidade, de exames enviados por fax por profissionais de outras cidades. Um ano depois, em 1996, a mesma instituição tornou possível o monitoramento de pacientes em domicílio, por meio do sistema denominado ECG-Home.”7
“A história da telemedicina no Brasil começou em 1997, quando a USP fundou a disciplina de informática médica da Faculdade de Medicina. A partir de 2000, surgiram tecnologias para auxiliar em teleconferências e teleducação na área médica. Em 2002, o CFM publicou uma resolução que definia e autorizava a prestação de serviços à distância. ‘A gente já trabalhava com teleinterconsulta (na qual médicos trocam informações e opiniões para auxiliar no diagnóstico) e telediagnóstico (quando recomendam procedimentos e acompanham os sintomas). A pandemia trouxe a consulta direta entre médico e paciente’, relatou Alexandra Monteiro, da Uerj.”8
1 OKUMURA, Renata. Telemedicina: o que é, para que serve, como funciona e principais cuidados. Estadão, 1 abr. 2020. Saúde. Disponível em: https://saude.estadao.com.br/noticias/geral,telemedicina-o-que-e-para-qu.... Acesso em: 23 mar. 2021.
2 AGÊNCIA BRASIL. Telemedicina: conheça as possibilidades de atendimento à distância. Correio Braziliense, 21 maio 2020. Disponível em: https://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/brasil/2020/05/21/inte.... Acesso em: 23 mar. 2021.
3 SOARES, Fernando. Telemedicina: o que muda com o coronavírus? CM Tecnologia, 2 abr. 2020. Jornada do Paciente. Disponível em: https://cmtecnologia.com.br/blog/telemedicina-coronavirus/. Acesso em: 23 mar. 2021.
4 BARBOSA, Mariana. Telemedicina evita mais de 4,5 milhões de idas ao pronto-socorro desde o início da pandemia. O Globo, 25 mar. 2021. Medicina. Disponível em: https://blogs.oglobo.globo.com/capital/post/telemedicina-evita-mais-de-4.... Acesso em: 25 mar. 2021.
5 TEIXEIRA, Larissa. Telemedicina ganha relevância durante a crise do coronavírus. Folha de S.Paulo, 27 abr. 2020. Disponível em: https://agora.folha.uol.com.br/sao-paulo/2020/04/telemedicina-ganha-rele.... Acesso em: 27 mar. 2021.
6 JARDIM, Carlos. Telemedicina: O papel do paciente e o papel do médico. Drauzio Varella, 11 ago. 2020. Disponível em: https://drauziovarella.uol.com.br/coluna-2/telemedicina-o-papel-do-pacie.... Acesso em: 27 mar. 2021.
7 FARIA, Geraldo. Telemedicina e teleconsulta: por um avanço sem retrocessos. Veja Saúde, 29 maio 2020. Medicina. Com a Palavra. Disponível em: https://saude.abril.com.br/blog/com-a-palavra/telemedicina-e-teleconsult.... Acesso em: 11 abr. 2021.
8 TERAO, Susana. Medicina à distância amplia o atendimento e já é irreversível. Folha de S.Paulo, 31 ago. 2020. Seminários Folha. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/seminariosfolha/2020/08/medicina-a-distanc.... Acesso em: 23 mar. 2021.